Reservas e refúgios da Itaipu Binacional completam quatro décadas

Áreas naturais foram criadas devido ao impacto da construção da hidrelétrica; engenheira florestal Veridiana Pereira destaca trabalhos de pesquisa e conservação. Assista.


Criadas devido ao impacto ambiental da construção da hidrelétrica, as áreas naturais da Itaipu Binacional completam 40 anos. Engenheira florestal, gerente da Divisão de Áreas Protegidas da empresa, Veridiana Pereira falou sobre essa trajetória, destacando trabalhos de pesquisa e conservação, no Marco Zero, produção do H2FOZ e Rádio Clube FM 100,9.

Assista à entrevista:

As áreas protegidas em torno do reservatório da usina contribuem para a conservação da biodiversidade, educação ambiental e visitação pública, assim como para a segurança e a longevidade das operações da geradora de energia. As reservas e refúgios foram criados e são mantidos nos dois países sócios do empreendimento, Brasil e Paraguai.

“No Brasil, foi necessário fazer toda a restauração das florestas, porque o uso do solo já era de pastagem e agricultura em praticamente 80% das áreas. Existiam pequenos remanescentes de floresta nativa”, afirmou. “No Paraguai, eram muitas florestas e áreas maiores que puderam ser conservadas”, apontou a técnica da Itaipu.

Reservas e refúgios

Na entrevista, Veridiana resgatou que as ações da binacional começaram em 1979, incluindo o plantio de árvores em linha que pontilha 1,2 mil quilômetros de extensão, entre Foz do Iguaçu e Guaíra, demarcando as áreas de conservação. Em 1982, já com o enchimento do reservatório, houve a operação Mymba Kuera, “pega-bicho”, para resgatar animais.

“Foi um trabalho inédito, em termos de construção de hidrelétrica, porque a legislação e a consciência ambiental não eram tão fortes naquela época”, contextualizou. “O plano ambiental da Itaipu surgiu durante processos que ocorriam mundialmente, como as primeiras conferências internacionais de meio ambiente”, citou.

Ao Marco Zero, Veridiana Pereira enfatizou a importância da floresta na proteção de rios, nascentes e cursos d’água, na conservação ciliar e para evitar a erosão ou perda de solo. Segundo ela, esse trabalho é feito pela usina na borda do reservatório do lago de Itaipu e em microbacias da região, em parceria com produtores rurais.

A engenheira florestal frisou o marco obtido em 2021 com a soma de 24 milhões de árvores plantadas. “Hoje, trabalhamos só com espécies da Mata Atlântica, para a restauração desse bioma. No Refúgio Bela Vista, por exemplo, com a produção de mudas, manejamos 126 espécies, muitas delas gravemente ameaçadas de extinção”, sublinhou.

Ente as plantas sob risco estão a peroba e o palmito-juçara. A profissional ambiental também mencionou a produção de ipês, como o roxo, árvore-símbolo de Foz do Iguaçu. E explicou o trabalho de pesquisa e reprodução de espécies animais, como a harpia e a onça-pintada, tal qual o monitoramento da onça-parda.

“A gente vê que esse trabalho, iniciado há 40 anos, dá resultado, observando essa teia, a cadeia alimentar se formando, a sucessão de espécies”, avaliou. “Foi fundamental criar áreas, protegê-las e desenvolver a restauração ao longo dos anos, pois esses são processos ecológicos lentos”, concluiu Veridiana Pereira.

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