Comidas, remédios, documentos e tantos outros produtos do dia a dia recebidos na tranquilidade da residência ou empresa. São os benefícios de um serviço que teve a demanda elevada principalmente com a pandemia, fazendo aumentar o número de profissionais em Foz do Iguaçu.
Já o principal elo dessa corrente, o motoboy, presta serviço a taxas baixas de aplicativos, corre risco no trânsito, sofre com assaltos e não dispõe de proteção social. “A gente anda a ver navios”, resumiu Everton Mota, no Marco Zero, programa do H2FOZ e Rádio Clube FM 100,9.
Assista à entrevista:
Aos 33 anos, 12 deles no ramo, Mota foi eleito o diretor-presidente da Cooperativa dos Motoboys da Fronteira, fundada em assembleia no último dia 21. Juntamente com 21 cooperados iniciais, a representação recém-criada tem uma extensa pauta de profissionais que têm como perfil serem jovens e que sentem o peso da informalidade.
Em meio a tantas demandas, a prioridade será viabilizar seguro de vida para os trabalhadores e seguro para as motocicletas, além de plano de saúde. E parcerias com fornecedores de peças e combustíveis para baratear esse custo, que sai do bolso do motoboy.
“Não tem ninguém com mais experiência para falar sobre os nossos problemas do que nós mesmos, que estamos nas ruas todos os dias”, explicou, sobre a criação da cooperativa. “Agora é unir forças por melhorias. Chegou a hora de nós brigarmos pelos nossos direitos, reunindo o maior número possível de trabalhadores”, convidou Mota.
Os Motoboys da Fronteira formam a primeira cooperativa da categoria para unificar a voz e ter representatividade. “Precisamos de melhorias para o nosso trabalho, pois passamos o dia inteiro na rua, manhã, tarde e noite, merecemos reconhecimento e valorização”, frisou.
APPs pagam mal
Os aplicativos (APPs) dominaram parte da intermediação dos serviços de entrega, pagando taxas que os profissionais consideram muito baixas. “Com as taxas atuais, é preciso fazer dez corridas para o APP, que levam de 20 minutos a uma hora cada, para ganhar apenas R$ 60”, contabilizou Everton Mota.
Quando chove, o valor é acrescido. “O iFood paga R$ 3 a mais, pois reduz o número de motocicletas. Se consegue melhorar minimamente a taxa em dias chuvosos, por que não pode pagar um pouco melhor nos demais períodos?”, questionou.
E contextualizou o loop, em que o motoboy agrega entregas para uma determinada rota. “Em cada uma dessas entregas, sua vida está valendo de R$ 2 a R$ 3 nas ruas e avenidas de Foz do Iguaçu. Tem coisa que não vale muito a pena”, expôs.
Acidentes e roubos
O número de acidentes, os roubos e os assaltos são problemas graves apontados pelos profissionais sobre duas rodas. Quanto ao trânsito, os motoboys estão pleiteando aos órgãos responsáveis a adoção da Faixa Azul, nos moldes da experiência em São Paulo.
Desatenção e pressa dos motoristas de automóveis, muitos buracos e sinalização inadequada são obstáculos para a lida de rodar diariamente. “Em alguns trechos, nem conseguimos acessar a faixa exclusiva em semáforos por causa das filas. Somos apontados como vilões, mas somos os que mais sofrem no trânsito, com acidentes e mortes”, argumentou Mota.
O tempo de bater palmas para entregar um pedido, passar a maquininha, subir a um apartamento ou coletar a entrega em um estabelecimento é suficiente para assaltos. “Muitas vezes, entramos e saímos de um lugar e já não encontramos mais o instrumento de trabalho”, relatou, apelando por mais segurança para os profissionais.
Para mais informações: @motoboysdafronteira045.
Diretoria da Cooperativa dos Motoboys da Fronteira
Diretor-presidente: Everton Mota
Suplente: Baker Ghazzaoui
Secretário: Jackson Anizeto Guedes
Suplente: Cleverson Luiz de Meira
Tesoureiro: Alan Amilton dos Santos
Suplente: William de Oliveira Guedes
Conselho fiscal
Presidente: Angelo Henrique de Matos
Suplente: Matheus Eduardo Cordeiro de Carvalho
Secretário: Everton Araújo de Oliveira
Suplente: Mateus Furquim
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