Foz do Iguaçu realiza fórum trinacional sobre população em situação de rua

Objetivo é fortalecer políticas públicas e analisar o fluxo transfronteiriço de pessoas que têm as ruas como espaço de moradia ou sobrevivência.


Ouvir quem vive a realidade das ruas e discutir soluções que vão além das fronteiras é o objetivo do Fórum da População em Situação de Rua da Tríplice Fronteira – Vozes da Rua, que acontece nesta terça-feira, 19, às 8h, no Hotel Foz do Iguaçu. O evento é aberto ao público.

ASSISTA à entrevista (a partir do trecho 1:02)

A sanitarista María Machado e o representante municipal do Movimento da População de Rua e de Humildes, Paulo Cordeiro, foram entrevistados no Marco Zero, programa do H2FOZ e Rádio Clube FM 100,9. O objetivo é reunir pessoas em situação de rua, organizações e gestores.

Conforme María, os dados oficiais demonstram 856 pessoas nessa condição em Foz do Iguaçu, mas esse número está abaixo da realidade, devido à “invisibilização” dessa população, frisou. Desde 2014, segundo ela, houve o aumento exponencial de 40% desse contingente.

O fórum pretende entender quem é essa população em situação de rua em Foz do Iguaçu e na região fronteiriça, de onde vem e o que levou a essa situação. E ouvi-la. “A gente segue o lema do movimento, que é: ‘Nada de nós sem nós’”, sublinhou a sanitarista.

“Pessoa em situação de rua é a que não tem lugar para residir, isso é básico. Mas temos pessoas na nossa cidade que estão em risco imediato de iniciar a vida na rua, pois a pobreza traz isso, o aluguel e a cesta básica aumentaram”, reflete María. E os equipamentos públicos não acompanharam o aumento da população em rua no município.

Moradia, saúde e assistência social, trabalho e cultura são as principais demandas. O Fórum Vozes da Rua prende mapear serviços que atendem esse público nas três cidades da fronteira e fortalecer a abordagem intersetorial.

População em situação de rua

Um dos desafios será avançar na compreensão sobre o aumento da população estrangeira em situação de rua e como esse fluxo transfronteiriço ocorre. Participantes do Paraguai e da Argentina trarão dados sobre essa realidade do outro lado dos rios.

No fórum, antecipou Paulo Cordeiro, será oficializada composição de um comitê intersetorial de monitoramento das políticas públicas para a população em situação de rua. Ele reforçou que a prioridade é obter moradia, mas também um conjunto de demandas por conta da complexidade dessa realidade.

Para o Movimento da População de Rua e de Humildes, Foz do Iguaçu soma 2.500 pessoas vivendo nessa condição. “A pandemia deixou visível. A pobreza chegou às pessoas que estavam trabalhando. Em Foz do Iguaçu, essa situação é mais complexa, porque há um fluxo maior, fronteiriço. Nossa busca por participação é também para entender essa dinâmica e promover a convivência cidadã”, afirmou.

Perfil

Conforme os ativistas em prol dos direitos da população em situação de rua, o perfil básico é o de homens entre 20 e 39 anos de idade, a maioria tendo frequentado a escola. Apesar do estigma, o alcoolismo e o consumo de outras drogas, não são os principais fatores que impelem as pessoas às ruas, mas sim a pobreza, o desemprego e o rompimento de vínculos familiares.

Fórum da População em Situação de Rua da Tríplice Fronteira – Vozes da Rua
Data: 19 de novembro (terça-feira), às 8h
Local: Hotel Foz do Iguaçu
Inscrições: https://gtitaipusaude.com/evento/forum-pop-rua/

Vc lê o H2 diariamente? Assine o portal e ajude a fortalecer o jornalismo!
LEIA TAMBÉM
Deixe uma resposta

Seu endereço de email não será publicado.