Fernando José Martins
Assisti a este filme maravilhoso, logo expressei que foi o melhor filme que vi na minha vida… Pode ser exagero, mas, frente ao momento em que vivemos, à qualidade da obra e à lição que ele deixa, o filme é fantástico. Não é um filme sobre Mujica, e sim uma narrativa sobre a vida de José Mujica, Mauricio Rosencof e Eleuterio Fernández Huidobro, três militantes do movimento Tupamaros, presos pela ditadura uruguaia, sobre seus 12 anos de prisão e, principalmente, sobre o que passaram.
Um filme forte, de linguagem pesada, evidencia a tortura, física, psicológica, política, muita dor e sofrimento, principalmente dos presos, mas também de todos que os envolvem: família, amigos, companheiros. Mas são esses, sua resistência e coragem que evidenciam outra grande qualidade do filme, sua narrativa de esperança.
O enquadramento de questões emocionais, de força que os personagens periféricos dão aos protagonistas, é contundente. Há um diálogo de Pepe com sua mãe que é, talvez, o ápice da obra, com muitos significados e também uma espécie de síntese dela. Outra questão enfocada são as atrocidades lancinantes da ditadura, no caso a uruguaia, mas que se aplicam a todas elas.
A imbecilidade, a morte, a covardia da tortura e, como sempre, a prepotência de seus sujeitos são retratados com muita fidelidade. É um filme bem dirigido, com uma fotografia exuberante, atuações magníficas. Feito com carinho, pitadas de humor, muito sentimento e sobretudo de uma esperança imensurável. É bem possível que não chegue, via cinema, a Foz do Iguaçu, mas como tem parceria com a Netflix espero que seja muito assistido, sentido, debatido e socializado.
E o título da resenha remete à esperança, retrata-a no filme, a que se quer no momento atual e a que aparece em um cartaz no final da obra, mas, especialmente, a sensação no fim dela! Digo isso pela cena que vi ao final da exibição. Sentado à frente, vi um movimento interessante: o filme acabou, entraram os créditos e a música de encerramento, porém a plateia não queria sair do cinema, esperando que mais algo acontecesse na tela… Talvez não na narrativa, mas sim que a vitória relatada se manifestasse em nosso país, outra vez! Por isso e por tudo, venceremos.
Fernando José Martins é diretor da Unioeste/Foz
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