Toque de recolher, no Paraguai, também é desobedecido. Exatamente como acontece aqui

Decreto em vigor proíbe a circulação de pessoas da meia-noite até as 5h. Também proíbe a venda de bebidas alcoólicas. A fiscalização está tendo trabalho.

H2FOZ – Cláudio Dalla Benetta

O toque de recolher das 23h59 às 5h da madrugada, em vigor no Paraguai desde a zero hora desta segunda-feira, 7, até o dia 20 de dezembro, está dando trabalho à polícia e aos promotores. É que, tanto no Paraguai como por aqui, muita gente não respeita as medidas para conter a pandemia de covid-19.

Na madrugada desta segunda-feira, a polícia paraguaia apreendeu 10 veículos em Presidente Franco, cujos donos estavam participando de uma festa de aniversário, com abundante ingestão de bebidas alcoólicas, informa o Última Hora.

Também foram visitados bares que estavam funcionando normalmente, atendendo ao público em plena madrugada. A venda de bebidas é proibida depois da meia-noite.

Houve também apreensões de veículos, porque seus condutores estavam circulando de madrugada, sem ter a explicação aceita em decreto para isso.

Mas o caso pior – e nada foi feito – ocorreu no domingo à noite, em Ciudad del Este, onde foi inaugurada uma árvore de Natal, no bairro Don Bosco.

Às dezenas de empregados da empresa Hoahi, que instalou a árvore, somaram-se centenas de vizinhos do populoso bairro, provocando aglomerações, como noticia o ABC Color.

Quase imediatamente, viralizaram vídeos e fotos nas redes sociais, mostrando que a grande maioria das pessoas presentes não usava máscaras e não respeitava o distanciamento social, “apesar de registrar-se um preocupante aumento de casos de covid-19 em Alto Paraná”, segundo o ABC Color.

A fiscalização foi a bares, atendendo a denúncias, e comprovou a venda de bebidas depois da meia-noite. Foto Última Hora

AUMENTO DA PANDEMIA

Embora Alto Paraná esteja em situação melhor que outros departamentos paraguaios, em relação à covid-19, o número de casos vem aumentando e já preocupa as autoridades de saúde.

Em todo o departamento, que tem quase 740 mil habitantes, já são registrados cerca de 300 novos casos por dia.

A ocupação de leitos também aumentou. O ABC Color comparou o dia 3 de dezembro com 3 de novembro, duas semanas após a reabertura da Ponte da Amizade.

Ao contrário do que se imaginava, a contaminação reduziu, duas semanas depois da reabertura, em 15 de outubro. Mas começou a aumentar depois, embora de forma lenta. Em 3 de novembro havia 20 leitos de UTI ocupados, dos 46 habilitados para pacientes com covid-19; no dia 3 de dezembro, a ocupação tinha aumentado para 27 leitos.

Abertura da fronteira não teve influência até três semanas depois, em CDE. Deve ser o mesmo que ocorreu em Foz: relaxamento provoca aumento dos casos. Foto La Clave

COVID-19 NA FRONTEIRA

O portal da rádio RCI Iguassu, de Foz, postou no domingo, 6, um comparativo sobre a situação da covid-19 nas cidades de fronteira.

Os números mostram que Ciudad del Este tem 212 casos ativos de covid-19. A cidade, de 304.282 habitantes, tem 5.088 casos confirmados e já soma 199 mortes.

Hernandarias, com 80.319 habitantes, tem 861 casos confirmados (35 ainda em fase ativa) e 30 mortes.

Presidente Franco, com 104.677 habitantes, tem 751 casos confirmados (39 ainda em fase ativa) e 35 mortes.

E Minga Guazú, de 91.531 habitantes, registrou desde o início da pandemia 339 casos e 17 mortes. Há 30 casos em fase ativa.

Puerto Iguazú, na Argentina, cidade com 82.849 habitantes, registrou até agora apenas 171 casos, dos quais 7 estão em fase ativa, e uma morte.

FOZ X CIUDAD DEL ESTE

Para comparar, a Vigilância Epidemiológica de Foz do Iguaçu registrou, até o domingo, 14.845 casos confirmados, dos quais 702 estão ativos (559 em isolamento domiciliar e 143 em internamento).

Morreram em Foz, desde o início da pandemia, 207 pessoas.

Com população 15% menor que a de Ciudad del Este, Foz tem duas vezes mais registros de casos e apenas 4% mais mortes.

Portanto, a mortalidade pela doença é bem maior em Ciudad del Este. Na cidade paraguaia, os óbitos representam 3,9% do total de casos, enquanto em Foz o índice é de 1,39%.

Isso se deve, provavelmente, ao bom atendimento de saúde prestado em Foz e também ao elevado índice de recuperação da doença. Do total de casos, se recuperaram da covid-19 13.936 pessoas, ou 93,4%.

Mas Foz vive um perigoso aumento de casos e de mortes, numa fase mais complicada que começou ainda em outubro e, ao invés de diminuir de lá pra cá, vem aumentando.

RESSALVAS

O portal da rádio RCI fez uma ressalva aos dados compilados no Ministério da Saúde Pública e Bem-Estar Social do Paraguai, que costumam ter defasagem.

Outra ressalva é que há diferenças de critérios entre as autoridades sanitárias de cada país sobre quanto tempo um paciente já sem sintomas é considerado em fase ativa (até 10 dias no Brasil, até 14 no Paraguai e na Argentina);

A última – e mais importante – é que Foz do Iguaçu e o estado do Paraná fazem mais testes que o departamento paraguaio do Alto Paraná e a província argentina de Misiones. Portanto, na Argentina e no Paraguai pode haver subnotificação de casos, enquanto aqui os números estão mais perto da realidade.

Em Foz, 51.501 suspeitas de covid-19 foram investigadas. Desse total, 13.078 passaram por exames RT-PCR, o mais preciso, 1.635 fizeram testes rápidos e outras foram verificadas em 132 exames clínico-epidemiológicos.

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