Por APP-Sindicato/Foz
A trajetória da professora Tanea Costa caminha junto com o processo de consolidação da APP-Sindicato/Foz na região. Sua militância e dedicação à causa coletiva ajudaram a definir os rumos da entidade como núcleo sindical combativo e comprometido com a base.
Há exatamente um ano, em 26 de março de 2018, Tanea nos deixava. Internada no Hospital Costa Cavalcanti, falecera em uma tarde de segunda-feira aos 62 anos de idade.
Tanea Costa era professora aposentada, tendo trabalhado com a disciplina de História em vários colégios de Foz do Iguaçu. Ao falecer, deixou uma filha, um filho e duas netas. E também o legado de uma vida inteira dedicada à educação pública, gratuita e de qualidade.
A educadora presidiu a APP-Sindicato/Foz de 2005 a 2010. Quando morreu ocupava o cargo de secretária de Finanças. Sua militância no sindicato e em defesa do ensino público teve início no difícil período da passagem dos anos 1990 para 2000.
Os efeitos das políticas neoliberais, implantadas no Brasil por Fernando Henrique Cardoso e no Paraná por Jaime Lerner, eram avassaladores na educação. Na época – como hoje – as palavras de ordem do pensamento único eram privatização, terceirização, corte de direitos, entrega do patrimônio e dos serviços ao capital nacional e submissão ao poder estrangeiro.
Escola de qualidade, gratuidade, solidariedade e universalidade de direitos eram referências difíceis de serem sustentadas. Os ideais, os sindicatos e os movimentos sociais eram atacados, inclusive suas formas de financiamento autônomo, semelhante ao que ocorre atualmente no governo Bolsonaro.
As condições históricas desfavoráveis não amedrontaram Tanea Costa e menos ainda a impediram de lutar. A marcha da vida, aliás, mostra que são nos momentos difíceis que surgem as pessoas imprescindíveis, tal qual a gaúcha Tanea, que chegou a Foz do Iguaçu no dia 27 de junho de 1996.
Educadores(as) e amigos(as) que conviveram com Tanea descrevem a sua dedicação como intensa e integral ao trabalho sindical. Mulher forte, combativa e persistente são adjetivos que demarcam a sua atuação nas atividades de organização da base e estruturação do núcleo sindical.
Tanea somou-se ao movimento em defesa da educação pública do Paraná quando ainda estavam vivas na categoria as cicatrizes do massacre de 1988, quando o então governador Álvaro Dias deu ordem para a cavalaria e a polícia militarizada atacarem, em Curitiba (PR), professores em greve.
Como educadora e dirigente sindical, três décadas mais tarde Tanea testemunharia de novo o drama e o horror da violência sofrida pelos colegas, agora durante o massacre de 29 de abril, que abalou e teve efeitos em toda a categoria. A ordem para o ataque em 2015 foi dada por Beto Richa.
Há um ano, a professora e sindicalista Tanea Costa ficou encantada, como nos versos de Guimarães Rosa. Seu exemplo, dedicação e companheirismo, contudo, embalam o sonho daqueles que seguem lutando pela educação de qualidade, por direitos sociais e humanos e por um mundo mais justo e feliz para todos(as).
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