H2FOZ – Cláudio Dalla Benetta
Não adianta ter pressa. A reabertura das fronteiras do Brasil com o Paraguai não depende apenas de decisões presidenciais, mas da definição de protocolos sanitários em conjunto.
Somente nesta quarta-feira, 30, tiveram início as conversações entre autoridades nacionais dos governos do Brasil e do Paraguai para detalhar esses protocolos binacionais, segundo o ministro de Relações Exteriores paraguaio, Antonio Rivas Palacio.
Tudo o que foi feito de forma local e regional, aqui na fronteira, agora deve passar pela aprovação das autoridades nacionais.
“O importante é que a abertura seja feita de forma ordenada e progressiva”, afirmou o chanceler ao jornal ABC Color.
Ele completou dizendo que é preciso “fazer bem feito, zelando pela Saúde. Migrações e Saúde devem contar com um protocolo acabado”, mas que precisa ser aceito por ambas as partes. Esse seria o motivo da demora para efetivar a decisão.
“Todas as fronteiras da América do Sul estão fechadas e isto (a abertura) deve ser feito de forma gradual. Não podemos tomar uma medida unilateral”, disse, ainda.
Não há ainda data da reunião de presidentes
O chanceler paraguaio informou também que não foi marcada a data da reunião entre os presidentes Mario Abdo Benítez e Jair Bolsonaro. Serão eles que farão o anúncio oficial de reabertura das fronteiras.
O presidente paraguaio havia dito, na terça-feira, 28, que ainda esta semana seria fixada a data de reabertura, mas o ministro de Relações Exteriores não confirmou: “Seria irresponsável de minha parte falar de datas. Esta é uma decisão que será tomada a dois, os dois países devem tomar a decisão sobre a reabertura gradual da fronteira”, insistiu.
Crítica pesada
A indefinição sobre a data irritou até mesmo o secretário de Indústria e Comércio do governo de Alto Paraná, Iván Araldi, como noticia o jornal La Clave. “O governo de Mario Abdo Benítez mente, é improvisado e pouco sério”, disse Araldi.
Ele lembrou que o presidente tinha orientado seus ministros a dizer que a Ponte da Amizade seria aberta, quando nem tivera uma conversa prévia com o presidente Jair Bolsonaro e muito menos existiam os protocolos aprovados.
“Foi desativada uma megamanifestação (na terça-feira da semana passada) com uma promessa e não fizeram nada. O que nos chateia é que desde abril formamos uma comissão de trabalho, com setores de Salto del Guairá, Pedro Juan Caballero e Encarnación, para elaborar projetos que mitiguem o impacto da pandemia em nossa economia. (…) Mas o governo não nos dá atenção, nos mente”, criticou ainda o secretário.
O alto funcionário do governo de Alto Paraná reclamou que o governo “chega tarde” com decisões e propostas de soluções.
E finalizou dizendo que os únicos beneficiados com a situação atual são os que atuam informalmente (na travessia de muamba) e “os sem-vergonhas da Aduana, que operam com contrabando, os marinheiros e toda gente envolvida no submundo, porque se gera necessidade de trazer produtos, encarece a propina e gera esquemas delitivos”.
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