Rota Bioceânica: Itaipu vai financiar parte da ligação do Paraná com porto chileno

O sonho de ligar os oceanos Atlântico e Pacífico já tem 60 anos, e só agora começa a se concretizar.

Um convênio entre Itaipu Binacional, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) e o Governo do Paraná vai garantir a realização de parte de um dos mais sonhados e importantes projetos do Estado. A parceria será responsável pela execução das obras na BR-487/PR, mais conhecida como Estrada Boiadeira.

Itaipu deverá aportar cerca de R$ 228 milhões para viabilização do empreendimento. Além disso, o DNIT, responsável pela realização do empreendimento até o momento, vai disponibilizar o projeto e supervisionar a execução das obras, que estará a cargo do Governo do Paraná.

Os recursos serão utilizados na implantação, na reparação, na restauração e na pavimentação, além das Obras de Arte Especiais (OAE), nos 47 quilômetro da BR-487, Estrada Boiadeira. A rodovia liga os municípios de Icaraíma (Porto Camargo) e Umuarama (Serra dos Dourados), no noroeste do Paraná.

No futuro, ela fará a interligação com o Corredor Bioceânico, uma rodovia de mais de 2,4 mil quilômetros entre Campo Grande (MS) e o Porto de Antofagasta, no Chile, reduzindo em até duas semanas o tempo de viagem das exportações do Centro-Oeste do Brasil até os países do Oriente, principalmente China, Japão e Coreia do Sul.

O diretor-geral brasileiro de Itaipu, general Joaquim Silva e Luna, informou o governador Carlos Massa Ratinho Junior sobre a aprovação. “Esse é outro grande marco para o desenvolvimento do Paraná e do Mato Grosso do Sul. Essa é mais uma iniciativa de grande impacto que a empresa adota a favor de nosso Estado e dos nossos vizinhos sul-mato-grossenses”, disse o governador.

“Essa sinergia entre DNIT, Itaipu Binacional e o Governo do Paraná criou as condições ideais para entregar, daqui a dois anos, as obras integrantes da nova rota bioceanica”, explicou o diretor-geral do DNIT, general Santos Filho.

“Isso vai beneficiar não somente os estados do Paraná e do Mato Grosso do Sul, mas além do Brasil, integrando multimodais para o desenvolvimento de toda a América do Sul”, completou.

Estrada Boiadeira

Quando estiver pronta a ponte Brasil-Paraguai, sobre o Rio Paraguai, a Estrada Boiadeira permitirá conectar os portos de Santos e Paranaguá com os do Chile. Foto Marcelo Uliana/ Diretoria de Coordenação Itaipu

A Estrada Boiadeira ligará o noroeste do Paraná à cidade de Porto Murtinho (MS), ponto de conexão com o corredor bioceânico que unirá os portos brasileiros de Santos (SP) e Paranaguá aos do norte do Chile.

A rodovia não está na área de abrangência de Itaipu, mas faz parte da bacia do Rio Ivaí, que desemboca no Rio Paraná e é importante pela sua contribuição ao reservatório da hidrelétrica binacional.

O aporte financeiro de Itaipu para a execução de obras na Estrada Boiadeira está alinhado às diretrizes da gestão do diretor-geral brasileiro, general Joaquim Silva e Luna, que tem conseguido realocar recursos de convênios, ações e patrocínios sem aderência à missão, para investimentos em obras estruturantes que deixam legado para a população.

O investimento no Estado e a boa relação institucional com o governo do Paraná estão em consonância com as diretrizes do presidente Jair Bolsonaro em prol do desenvolvimento regional, com ganhos para a região e, consequentemente, todo o Mercosul.

Aplicação em obras

Os recursos obtidos com a redução de gastos e custos, pela margem brasileira da Itaipu Binacional, já somam mais de R$ 1,2 bilhão, que estão garantindo a construção de obras como a segunda ponte entre Brasil e Paraguai, ligando Foz do Iguaçu a Presidente Franco, com quase 40% da construção concluída; a Perimetral Leste, que ligará a ponte à BR-277; e  melhorias no aeroporto de Foz, incluindo a nova pista de pouso e decolagem.

Em Foz do Iguaçu, Itaipu investe na conclusão do mercado municipal, na revitalização do Gramadão da Vila A e na construção de ciclovias e pistas de caminhadas.  Isso sem contar ações e iniciativas de pequeno, médio e grande porte, com melhorias para a população de forma geral. E o mais importante:

“Tudo isso com foco na eficiência da gestão e na alta produtividade da atividade fim (geração elétrica), sem aumento da tarifa de energia”, segundo o general Joaquim Silva e Luna.

A atividade fim de Itaipu é atender os sistemas elétrico do Brasil e do Paraguai com a responsabilidade de pagar royalties para a exploração hidráulica, mas Itaipu tem ido muito além da sua obrigação contratual e missão, em função do respeito do consumidor que paga pela energia na ponta.

O Corredor Bioceânico

Uma das obras mais importantes do futuro Corredor Bioceânico, que vai conectar o Atlântico e o Pacífico, é a futura ponte sobre o Rio Paraguai, que ligará a cidade de Porto Murtinho, no Mato Grosso do Sul, a Porto Peralta, no Paraguai. A ponte terá 680 metros de extensão e está orçada em US$ 75 milhões.

A ligação à ponte, no Mato Grosso do Sul, é a BR-267, já implantada, à qual será ligada a Estrada Boiadeira, no Paraná, permitindo aos produtores dos dois estados escolher por quais portos enviarão suas exportações – Santos e Paranaguá, no Brasil, ou os portos do Chile, quando o destino for o Oriente ou a Costa Oeste dos Estados Unidos.

No lado paraguaio, estão sendo pavimentados 227 km de rodovias entre Carmelo Peralta, na fronteira com o Brasil, e Loma Plata. Este trecho está previsto para ser entregue até maio de 2022. O governo paraguaio deverá licitar o segundo trecho, de 354 km, provavelmente ainda este ano.

Exportações e importações

A ligação entre o Brasil, o Paraguai, a Argentina e o Chile, com a rota bioceânica, gerará novas oportunidades econômicas. Os produtos chilenos, argentinos e paraguaios poderão entrar no Brasil pelo Mato Grosso do Sul (Porto Murtinho, Corumbá e Ponta Porã), enquanto as mercadorias brasileiras chegarão a países como Coreia, Japão e China via Pacífico, a preços mais competitivos.

O tempo de viagem e o custo do frete serão reduzidos, em relação às exportações pelos portos no Oceano Atlântico, o que significará maior ganho para os exportadores e maior previsibilidade de chegada para os importadores. Além disso, os empresários contarão com portos mais eficientes e menos congestionados, no Chile e no Brasil.

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