H2FOZ – Cláudio Dalla Benetta
O Rio Paraguai, que permite a exportação e importação de mercadorias pela hidrovia formada junto com o Rio Paraná, está baixando “vertiginosamente”, noticia o jornal Última Hora. E já está chegando perto do nível mais baixo que já atingiu, há 41 anos.
Esta semana, no Porto de Assunção, o nível das águas estava em apenas 0,04 metro. Neste mesmo mês e dia, em 1969, a baixa histórica levou ao nível negativo de – 0,4 metro.
Além da seca que se registra nas áreas que percorre no Paraguai, o Rio Paraguai depende das águas do Pantanal, que também estão em nível muito baixo, o que, aliás, facilitou a propagação de incêndios em uma vasta área, com destruição de fauna e flora.
O gerente de Previsões Hidrológicas da Diretoria de Meteorologia e Hidrologia do Paraguai, Max Pasten, disse que a redução da vazão do rio começou já no início do ano, devido ao déficit de chuvas na região do Pantanal.
O pior é que não há previsão de muitas chuvas para este ano. Por isso, a situação de baixa vazão do rio deve se estender até o final de novembro, segundo Max. Outra consequência desta seca que atinge o país é o aumento dos incêndios florestais.
Normalmente, segundo ele, o nível médio do Rio Paraguai, em Assunção, oscila entre 2,7 metros e 3 metros, entre setembro e outubro. “Estamos praticamente 3 metros abaixo da média”, disse.
Consequências econômicas
O subdiretor de Hidrologia da Diretoria de Meteorologia e Hidrologia, Nelson Pérez, disse que a baixa do rio afeta de várias formas a economia do país.
“Em primeiro lugar, o transporte, porque o Rio Paraguai é uma via de transporte de carga e, com estes níveis, a circulação está restrita a certos tipos de embarcação. O volume de transporte diminuiu muito”, explicou.
O custo do transporte por hidrovia aumentou e, com as dificuldades, estão sendo utilizados mais caminhões para o transporte de carga. “Sabemos que o frete terrestre tem um custo muito mais elevado, e isso implica nos custos finais dos produtos importados, que terão um aumento bastante relevante”.
Importações
O jornal La Nación também fez reportagem sobre a baixa do Rio Paraguai. O jornal ouviu o vice-presidente do Centro de Armadores Fluviais e Marítimos do Paraguai, Juan Carlos Muñoz, que alertou para um cenário preocupante e alarmante para a economia do país.
As exportações, segundo ele, não foram afetadas, mas já houve uma queda entre 20% e 30% nas importações.
Ele disse que a queda no comércio exterior afeta toda a cadeia logística, e que o Paraguai atravessa umasituação “nunca vista nos últimos 60 anos”.
Vale lembrar que, este ano, por duas vezes foi preciso montar uma operação especial com as usinas de Itaipu e Yacyretá para que o Paraguai pudesse levar sua produção de grãos ao mercado externo. As usinas salvaram a lavoura.
Ilha vulcânica
O lado positivo da baixa do Rio Paraguai foi a descoberta de uma ilhota perto de Assunção, de aproximadamente 2 hectares e perímetro de 1,2 km. Esta ilhota fez parte de um vulcão já extinto, informou o geólogo Moisés Gadea, em entrevista à Rádio Universo 970 AM (e publicada no jornal Hoy).
“Com segurança, podemos afirmar que nos encontramos ante uma erupção de um conduto vulcânico muito próximo desse local”, disse.
Para tranquilizar a população, o especialista garantiu que não existe nenhum risco na ilhota, porque o ciclo vulcânico se encerrou há muitíssimo tempo.
De qualquer forma, destacou que a descoberta representa um elemento mais para o patrimônio natural do Paraguai e é um “pequeno grande avanço” sobre o assunto. Disse, também, que em nenhum outro ponto do Paraguai existe risco vulcânico.
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