Uma rebelião na penitenciária de Tacumbú, em Assunção, terminou em chacina, na noite de terça-feira, 16. Os próprios presos mataram seis deles. Três deles foram decapitados. Há ainda feridos e não se descarta que outros presos estejam mortos.
Carcereiros foram mantidos como reféns por algumas horas, mas liberados antes de começar o massacre de detentos.
O motim seria devido à transferência de Orlando Efrén Benítez, um conhecido assaltante de bancos, que havia sido encaminhado, horas antes, para o Agrupamento Especializado da Polícia Nacional, depois que foi descoberto um plano de fuga para libertá-lo.
Um dos bombeiros que foram à penitenciária para apagar as chamas provocadas durante o motim contou que os agentes penitenciários não têm preparo nenhum para atuar em rebeliões. Eles simplesmente assistiram à matança sem nada poder fazer, contou o bombeiro Alfredo Chiovetta ao jornal ABC Color.
Ele relatou que viu detentos serem apunhalados quando já estavam no chão, feridos, e que foram os próprios presos que entregaram os corpos dos seis assassinados.
“Ninguém podia fazer nada. Se entravam ali, ia ser um massacre”, disse o bombeiro. “Eles apunhalavam, gritavam, jogavam pedras e objetos contundentes, facas, até armas de fogo vimos”, contou ainda.
O promotor Giovanni Grisetti informou ao jornal La Nación que há vários presos feridos e que não se pode descartar outras mortes, o que só será confirmado nesta quarta-feira, quando haverá uma minuciosa inspeção em toda a penitenciária.
O jornal também traz uma entrevista com a mãe de dois internos de Tacumbú. Ela disse que os filhos estão com medo de represálias por parte das autoridades do sistema penitenciário. Um dos filhos contou à mãe que, durante o motim, ficaram fechados num pavilhão, impedindo a entrada de outros detentos. Ele disse que houve oito mortes.
A corrupção no presídio não é novidade. A mãe dos presos contou que, quando o filho foi pra prisão, pagou 1,8 milhão de guaranis (cerca de R$ 1.440) por uma cela, para que ele não ficasse ao relento. Hoje, o preço de uma cela é de 7 milhões de guaranis (R$ 5.600). “Tudo tem um preço aqui (na penitenciária); corre muito dinheiro”, disse a mulher.
A presidente do Sindicato de Funcionários Administrativos e de Segurança, Miriam Orrego, disse que a tensão dentro das prisões paraguaias tem várias causas. A pandemia, que dificulta as visitas, é uma delas.
Além disso, há as disputas internas dos grupos criminosos. Segundo a sindicalista, não são apenas o PCC e o clã paraguaio Rotela que entram em conflito. Há sete ou oito grupos organizados nas penitenciárias, o que gera muitos conflitos internos.
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