De janeiro a novembro de 2021, quatro ocorrências de crimes de preconceito de raça ou de cor foram registradas em Foz do Iguaçu, conforme dados da Secretaria de Estado da Segurança Pública e Administração do Paraná. O número pode parecer inexpressivo, mas esconde uma dura realidade enfrentada pela parcela de 33,7% de habitantes que se declaram negros.
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Para Ilsy Galvão, vice-presidente do Conselho Municipal da Promoção da Igualdade Racial (Compir), “são números pequenos, quando pensamos no universo de Foz do Iguaçu, mas esses crimes são minimizados, esquecidos ou se tornam brigas de vizinhos”.
Como exemplo, ela recorda um caso de blackface – uma prática racista em que pessoas brancas pintam-se de negras para imitá-las de forma caricata – ocorrido em 2019 no sistema de ensino de Foz, que acabou sem qualquer punição aos envolvidos.
“A pessoa branca se pintou de preto como se a pele negra fosse uma alegoria. Na época, houve retratação da Secretaria Municipal de Educação, mas não houve tipificação da situação como crime de racismo ou injúria. Mais que isso, a pessoa se sentiu injustiçada, e a vítima se tornou algoz”, lembra a professora de literatura e servidora pública municipal.
De acordo com Ilsy Galvão, o caminho para solucionar, ou minimizar, o problema está na educação e na criação de políticas públicas que tragam o tema para discussão. “Há de ter políticas públicas e ações afirmativas para essa população. Quando não há conhecimento, todas as tentativas de combate ao preconceito e ao racismo acabam sendo relevadas ou ignoradas.”
Ela também cita a demonização da cultura e das religiões de origem afro. “Até pouco tempo, as escolas marcavam visitas à mesquita, mas nunca vi atividades em um tempo de umbanda, por exemplo.”
Em relação aos crimes de injúria (que também contemplam etnia, religião e origem), a SESP/PR registrou 31 ocorrências, menor número desde 2014.
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