Morador de Foz do Iguaçu, Dantas Duarte divulgou nas redes sociais “um textão” sobre o transporte coletivo na cidade, escrito, segundo ele, em “um momento de indignação”.
Em um dia normalmente quente, no qual as temperaturas chegam a 36 graus, os ônibus urbanos – sem ar-condicionado, em sua maioria, e com um absurdo tempo de espera entre um e outro – trafegam geralmente lotados, sem ventilação, sujos e defeituosos. Haverá nesta semana o absurdo aumento da passagem, determinado por lei municipal aprovada na Câmara de Vereadores e favorecendo um câncer que normalmente é chamado de consórcio.
Ora, num município em que a área territorial é de 618 quilômetros quadrados, onde é possível chegar em 20 minutos a qualquer lado da cidade (em um cenário de um transporte público decente, rs), leva-se até duas horas… Além do mais, o curral que chamam por aqui de terminal (e o único) é um buraco negro onde os ônibus em sua maioria andam com os letreiros avisando “especial” em pleno horário de pico, quando os cidadãos se deslocam ao trabalho ou vice-versa. Vale lembrar que falamos de um município de 256 mil habitantes, muito fácil de organizar.
Não a fim de fazer uma comparação esdrúxula, vale lembrar que Cascavel, com 280 mil habitantes e área territorial de 2.101,074 quilômetros quadrados, conta com um transporte público de qualidade, distribuído em linhas troncais e alimentadoras, que circula em faixas exclusivas, o que facilita a agilidade desse modal e o menor tempo de espera do passageiro, além de contar com cinco terminais, em sua maioria muito modernos, ajudando a organizar o fluxo de passageiros e de veículos no sistema.
Enquanto dormirmos no ponto, a cidade de Foz do Iguaçu perderá o trem da história e não fará jus a sua fama internacional. Enquanto dormirmos no ponto, pagaremos uma passagem urbana a cada ano mais cara para andar em um transporte sem qualidade. Enquanto dormirmos no ponto, esqueceremos que por um curto período de tempo a passagem nos dias de domingo já foi metade do preço, permitindo-nos usufruir com nossa família as estruturas e atrativos turísticos geralmente voltados ao público externo, não aos cidadãos.
Enquanto dormirmos no ponto, reclamaremos uns com os outros como se pudéssemos decidir soluções para as mazelas da cidade em uma simples reclamação, e logo nos acostumaremos com a nova imposição e acharemos tudo normal; aliás, são só 20 centavos…
Por um transporte público de qualidade e pelo fim do Consórcio Sorriso!
Dantas Duarte é geógrafo, trabalha na rede hoteleira e reside em Foz do Iguaçu.
Essa opinião não reflete necessariamente com o posicionamento do H2FOZ. Reprodução autorizada pelo autor.
Comentários estão fechados.