H2FOZ – Cláudio Dalla Benetta
Sindicatos de médicos e de trabalhadores da Saúde do Paraguai, em comunicado público, criticaram o governo, que decepcionou ao não se preparar adequadamente para enfrentar a covid-19. A nota diz que o atraso nos resultados dos testes reflete escassez de pessoal e de insumos.
No pronunciamento conjunto, os sindicatos dizem que o governo deve adotar “medidas extremas” para evitar, em futuro próximo, o colapso do sistema de saúde do país, informa o jornal Última Hora.
Os sindicatos de médicos dizem que os profissionais estão em estado de tensão, pela falta de fornecimento de oxigênio, de medicamentos para sedação, de equipamentos de intubação e de tratamento de pacientes em estado de choque.
A falta de insumos, diz ainda o comunicado, faz com que os próprios trabalhadores de saúde sejam obrigados a reutilizar seus equipamentos de proteção individual.
“Pela primeira vez, todos os sindicatos de Saúde, unidos, fazem um chamado ao Ministério de Saúde Pública e Bem-Estar Social, e nos pomos à disposição, solicitando trabalhar de maneira conjunta”, diz o comunicado.
Instam, ainda, a que continuem sendo tomadas as medidas necessárias da quarentena inteligente e que “não exista temor de realizar os ajustes que se considerem necessários”.
Solicitam que as “forças da ordem” controlem o cumprimento das medidas estipuladas no protocolos sanitários e que haja “controles rigorosos” no transporte público.
Por fim, exortam a população a um esforço comunitário para que o pico da pandemia não provoque “consequências catastróficas”.
Assinam o documento o Círculo Paraguaio de Médicos, o Colégio Médico Cirúrgico, a Academia de Medicina do Paraguai, o Sindicato Nacional de Médicos, a Associação de Médicos de Ciudad del Este e a Associação de Médicos do Instituto de Previdência Social, além do Sindicato de Trabalhadores do Centro de Emergências Médicas, Sindicato de Profissionais Universitários do Hospital de Itauguá e Sindicato de Médicos Anestesiologistas do Ministério de Saúde Pública e Bem-Estar Social.
Contra Mazzoleni
Em entrevista ao ABC Color, o médico Edilberto Rivarola, da Associação de Médicos do Instituto de Previdência Social, disse que o país “já está em situação de catástrofe” e que cabe ao governo adotar medidas urgentes para melhorar o sistema de saúde do país, tanto na atenção aos pacientes quanto no trabalho dos médicos.
Ele exige a saída do ministro de Saúde Pública, Julio Mazzoleni. Se o presidente Mario Abdo Benítez não o destituir, “ele terá que sair também, ao continuar morrendo nossa gente”. E completou: “Ele (Abdo) tem que ir, mas não é fácil mandá-lo embora com todos os acordos que ele tem com seus camaradas de outros setores”.
Situação da covid-19
O Paraguai encerrou a segunda-feira, 17, com mais sete mortes por covid-19 e 344 novos contágios. O número total de mortes aumentou para 145, enquanto o de casos chegou a 10.135. Desse total, 6.210 estão recuperados.
Já o número de pacientes internados subiu para 119, dos quais 46 estão em unidades de terapia intensiva.
O departamento de Alto Paraná é o epicentro da pandemia,com 3.660 casos, o que representa 42,76% do total no país. Ciudad del Este é a capital de Alto Paraná.
Por sinal, das sete mortes registradas ontem, cinco eram de Alto Paraná, uma de Assunção e outra de Caaguazú.
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