H2FOZ – Cláudio Dalla Benetta
Embora o Paraguai ainda não tenha ainda fechado questão com o Brasil sobre a reabertura das fronteiras, é praticamente certo que o governo brasileiro vai concordar. Por solidariedade aos vizinhos das cidades de fronteira, que já passam até fome.
A mesma tentativa está sendo feita pelo Paraguai com o governo da Argentina. Mas a resposta, também praticamente certa, será “não”.
A posição do deputado nacional Ricardo Wellbach, que representa a província de Misiones (onde fica Puerto Iguazú), reflete a posição argentina.
“Os paraguaios estão reclamando direitos para o comércio com um país vizinho que, na maioria das vezes, se dá em situação de desvantagem; mas não estão levando em conta que nós estamos protegendo a vida dos misioneros”, disse, em entrevista à rádio República, e depois também ao portal El Territorio, de Posadas.
O portal lembra que o Paraguai decidiu reabrir a fronteira entre Ciudad del Este e Foz, a partir da próxima terça-feira, dia 29, e que os paraguaios insistem em negociar a mesma coisa com as autoridades da província de Misiones e da Argentina.
“Misiones, metida como uma pequena cunha entre ambos os países (Paraguai e Brasil), vem implementando um intenso controle sanitário para evitar altos níveis de contágio por corononavírus, que é a preocupação crescente nos dois países fronteiriços”, diz El Territorio.
“Prioridade é saúde”
O deputado Ricardo Wellbach insiste que “a prioridade é o tema da saúde” e defende o atual bloqueio da fronteira. Poderia ser aberta uma exceção por “razões humanitárias ou sanitárias”, disse.
Mas ele rejeita qualquer possibilidade de abrir a fronteira para favorecer o comércio irregular, porque “a importação e exportação de produtos e mercadorias estão legalmente permitidas”, disse ao El Territorio.
A principal reivindicação do Paraguai é a reabertura da Ponte San Roque González de Santa Cruz, que liga Posadas à cidade paraguaia de Encarnación.
Assim como o comércio de Ciudad del Este depende dos compradores brasileiros, são os argentinos que garantem o funcinamento das lojas de Encarnación, além de movimentarem hotéis e atrativos da cidade paraguaia.
Movimento intenso e fuga de pesos
No ano passado, a ponte foi cruzada por 10.572.138 argentinos e paraguaios, segundo o setor de Migrações da Argentina. Este movimento só perde para o registrado no Aeroporto Internacional Ezeiza, de Buenos Aires, com 10.702.602 embarques e desembarques, e para a fronteira Puerto Iguazú-Foz do Iguaçu, por onde passaram em 2019, entre ingressos e saídas, 11.241.063 pessoas.
Este movimento intenso poderia pôr em risco todo o esforço sanitário desenvolvido pela administração provincial, segundo o deputado Ricardo Wellbachl. Para a província de Misiones, disse ele, “não é só uma questão econômica, se bem que isso tenha importância, mas principalmente uma questão sanitária”.
El Territorio informa que o fechamento da fronteira com o Paraguai evitou uma fuga mensal de 10 bilhões de pesos (equivalem a R$ 730 milhões), dos quais a maior parte iria parar em comércios de Encarnación.
Assistência social
Ao invés de pedir a reabertura da fronteira, o deputado argentino sugere que o governo paraguaio faça como fez o governo da Argentina: crie mecanismos sociais para atender a população em meio a esta pandemia.
A Argentina criou a Assistência de Emergência ao Trabalho e à Produção e o Ingresso Familiar de Emergência, e o mesmo poderia fazer o Paraguai, que ainda tem a vantagem de não ter dívidas nem inflação.
“É um estado saneado e poderia investir em políticas sociais”, disse o deputado, para ajudar os paraguaios que reclamam a volta ao trabalho informal na fronteira.
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