H2FOZ – Cláudio Dalla Benetta
Depois de uma reunião com o presidente Mario Abdo Benítez, na noite de ontem, quinta (20), o ministro de Saúde Pública do Paraguai, Julio Mazzoleni anunciou a aplicação de uma “quarentena social” na capital, Assunção, e no departamento Central, noticia o ABC Color.
Essas duas regiões e Alto Paraná, cuja capital é Ciudad del Este, são as que mais preocupam o governo, pelo crescimento no número de casos e de mortes provocadas pela covid-19. Alto Paraná ainda está em “quarentena diferenciada”, pelo menos até domingo, 23. Depois, ainda não se sabe qual será a decisão.
A “quarentena social” vai valer, a partir de segunda-feira, 24, para a capital e o departamento Central. Mazzoleni disse que não se trata de retrocesso na “quarentena inteligente”, mas de restrições para diminuir os contágios, com a volta dos militares e da polícia às ruas para garantir obediência às restrições.
Inicialmente, a ideia do ministro da Saúde era uma quarentena restritiva apenas nos finais de semana, mas agora a circulação será reduzida de segunda-feira a domingo, em horário que será definido neste final de semana. A “quarentena social” perdurará por duas semanas, quando o resultado será avaliado.
Bebida é “catalisadora do relaxo”
Entre as determinações que entrarão em vigor, estará a proibição de venda de bebidas alcoólicas, fator que o ministro considerou como “agente catalisador do relaxo”, como informou o ABC Color.
Também serão proibidas as viagens de média e longa distância dessas duas localidades para outros pontos do país, nos fins de semana.
Serão permitidas apenas atividades físicas individuais e, também, será reduzida ao máximo a presença de funcionários públicos nas instituições, com incentivo ao “teletrabalho”.
Muitas quarentenas
A “quarentena social”, como a chama o ministro, nada mais é do que uma tentativa quase desesperada de o governo paraguaio tentar conter uma pandemia que não dá trégua.
Da quarentena total nos primeiros meses à “quarentena inteligente” e suas quatro fases, o país que combateu com mais rigor o novo coronavírus hoje parece aturdido e sem saber como reagir a uma doença que se espalha rapidamente e mata também com mais velocidade.
O diretor de Vigilância Sanitária do Paraguai, Guillermo Sequera, disse há duas semanas que seria tolerável que o país fechasse esse longo período epidemiológico com um máximo entre 300 e 500 mortes. Já são 170 e a pandemia não dá sinais de contenção. Ao contrário.
Novos números da pandemia
Em seu informe de quinta-feira, 20, o Ministério de Saúde Pública registrou mais cinco mortes e 684 casos positivos da doença, que agora soma 11.817 infectados desde o início da pandemia.
O número de internados sobe vertiginosamente. Agora, são 218, dos quais 63 estão em unidades de terapia intensiva.
Os recuperados são 6.783, número que reresenta apenas 57,4% do total (este indicador também vem caindo nos últimos informes).
Posição do governo é “pela vida”
Para o ministro Mazzoleni, conforme noticia o jornal Última Hora, as novas medidas buscam “o bem superior”. “Sabemos que os cidadãos sofrem uma situação particular devido aos efeitos na economia com a questão da restrição das liberdades”, disse o ministro.
E completou, levando em conta que o governo hoje é alvo de muitas críticas: “Independentemente de suas considerações sobre as decisões do governo sobre a pandemia, no final a saúde de nossos familiares depende de que lavemos as mãos, usemos máscaras e mantenhamos distância”.
Já o presidente Mario Abdo Benítez, durante ato oficial no departamento de Caaguazú, disse que as medidas para controlar a pandemia em Assunção e Central “vão de novo impactar a dinâmica econômica. Isso (a economia) sempre se pode recuperar, mas não a vida de paraguaios inocentes, isso não vamos recuperar”, afirmou.
O Paraguai no ranking mundial
Apenas para dar uma ideia, um registro do dia 28 de julho mostrava que o somava 4.532 casos e 43 mortes. Era o 100º no ranking mundial, em casos, e o 123º em mortes.
Três semanas depois, com 11.817 casos e 170 mortes, o Paraguai subiu no ranking elaborado pela universidade americana Johns Hopskins. Passou para 82º em casos e 91º lugar em mortes provocadas pela covid-19.
Em mortes, está agora na frente de Cuba (86) e soma quatro vezes mais que o Uruguai (41), país que não decretou medidas restritivas tão severas, mas tem controlado bem a pandemia.
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