H2FOZ – Cláudio Dalla Benetta
A vizinha Argentina, que há poucos meses vivia uma situação tranquila, tem hoje, proporcionalmente, mais casos da pandemia que o Brasil; e o número de mortes, também proporcionalmente, se aproxima do registrado por aqui.
Na Europa, proliferam casos e mortes numa onda até maior do que a primeira que atingiu o continente. Itália, França e Espanha recuperam postos no ranking mundial, que haviam “perdido” para países da América Latina.
Por aqui, a situação de Foz piora. Em casos, já superava a média paranaense. Agora, está na frenta também em mortes, enquanto o Paraná registra redução da média móvel.
A Argentina prova que fechar tudo, como foi feito no Brasil por alguns meses, não é a solução. Mas escancarar é suicídio.
Encontrar o equilíbrio entre manter a economia em funcionamento, sem agravar a situação da pandemia, não é tarefa fácil. Mas é isso que precisa ser buscado, de forma incessante, porque a covid-19 mata, mas o desemprego e a falta de renda também são fatais.
O texto é longo, mas vale a pena ter informações sobre uma pandemia da qual tão cedo não nos livraremos.
Mortes por covid-19 levam Foz a “estado de atenção”
A média móvel de casos de covid-19, em Foz do Iguaçu (94,14 por dia, até quinta-feira, 5) continua em elevação. Até quinta, a cidade somava 9.911 casos, com 9.409 recuperados (94,93% do total), de acordo com informações da Vigilância Epidemiológica.
O índice da doença é de 3.870 casos a cada 100 mil habitantes, mais que o dobro da média paranaense – 1.874 casos por 100 mil habitantes, conforme dados da Vigilância Epidemiológica e da Secretaria de Estado da Saúde.
A situação de Foz, no geral, é de risco. A exceção é a região Norte, que foi para estado de emergência, com incidência de 4.075 casos por 100 mil moradores.
Em mortes, Foz do Iguaçu subiu para estado de atenção. O índice, de 47,3 óbitos por 100 mil habitantes, superou pela primeira vez a média do Paraná, que é de 45,7 óbitos por 100 mil.
No balanço do dia 23 de outubro, Foz tinha o índice de 38,2 casos por 100 mil, abaixo do paranaense – 43,6 por 100 mil.
Dos 75 leitos de UTI existentes em Foz, 45 (exatamente 60%) estão ocupados. Já os 64 leitos de enfermaria estão com 51 pacientes (79,69%).
Há 96 pacientes internados em Foz, dos quais 71 são de Foz do Iguaçu confirmados para covid-19. O restante são casos em análise ou moradores de outros municípios.
A letalidade (mortes em relação ao total de casos) no município é de 1,51%, abaixo da paranaense (2,44%) e da brasileira (2,89%). No mundo, a letalidade atinge, na média, 2,56%.
Paraná continua com queda na média móvel de casos e mortes
Os 399 municípios paranaenses apresentam casos de covid-19 e mais de 330 tiveram pelo menos uma morte em decorrência da doença.
O Estado registrava, até esta quinta-feira, 214.918 casos e 5.242 mortes em decorrência da doença.
Havia 694 pacientes internados com diagnóstico confirmado de covid-19, dos quais 313 em UTIs. Havia ainda 791 pacientes internados (379 em UTIs), com suspeita de terem o vírus, que aguardam resultados de exames.
Nos sete dias até quinta-feira, a média móvel de casos diários foi de 755, uma queda de 31,4% em relação há duas semanas.
A média móvel diária de óbitos, nos sete dias até quarta-feira, 4, estava em 29, queda de 17,1% na comparação com 14 dias atrás.
Menos mortes no Brasil, mas números ainda são assustadores
Só nas 24 horas entre quarta e quinta-feira, 5), o Brasil registrou mais 22.294 casos de covid-19 e outras 630 mortes. São números inferiores aos registrados em meses anteriores, mas ainda assim mostram que a pandemia continua em pleno vigor.
O País soma 5.590.025 casos confirmados e 161.106 óbitos desde março, quando teve início a pandemia.
Na média, são 2.647 casos a cada 100 mil habitantes e 76 mortes a cada 100 mil brasileiros, que estão entre os índices mais altos do mundo. Mas veja abaixo que a vizinha Argentina já superou o Brasil em casos, proporcionalmente, e está perto do índice de mortes.
Pela ordem, estes são os estados com mais mortes: São Paulo (39.717), Rio de Janeiro (20.849), Ceará (9.386), Minas Gerais (9.128) e Pernambuco (8.687).
As unidades com menos óbitos são Roraima (695), Acre (697), Amapá (751), Tocantins (1.108) e Rondônia (1.470), conforme o balanço feito pela Agência Brasil.
No ranking brasileiro (veja o quadro abaixo), o Paraná permanecem em 10º lugar, tanto em casos quanto em óbitos.
No Paraguai, diminui número de pacientes internados
A situação do Paraguai permanece estável. O país continua a registrar um declínio de casos e de mortes, no geral, embora o departamento Central seja agora o epicentro da pandemia e motivo de maior preocupação.
Para a fronteira, a boa notícia é que Alto Paraná, onde fica Ciudad del Este, conta com poucos casos, como informou nesta sexta-feira, em entrevista à imprensa, o diretor de Vigilância Sanitária do Paraguai, Guillermo Sequera.
O país está na 49ª semana da pandemia. Desde a 40ª, segundo Sequera, que foi a pior em casos e mortes, os números vêm diminuindo.
O país estava até esta quinta com 65.778 casos confirmados e 1.462 óbitos. No ranking mundial, está em 55º lugar em mortes (em 28 de julho, estava em 123º lugar). Em casos, aparece 74º (estava em 100º em 28 de julho).
Há 594 pacientes internados, dos quais 119 em unidades de terapia intensiva. No balanço anterior, no dia 1º deste mês, registramos que o Paraguai estava com 628 pacientes internados, dos quais 122 em UTIs. E, no balanço de 23 de outubro, eram 749 internados, 149 em UTIs.
Uma queda progressiva nos internamentos significa que há menos casos graves e, também, indica uma recuperação maior, com liberação de leitos mais rápida. O índice de recuperação no Paraguai já chegou a ficar abaixo de3 50%; agora, está em 69,6%.
Argentina flexibiliza um pouco, mas mantém a quarentena
A partir de segunda-feira, 9, o governo argentino vai flexibilizar a quarentena. Mas só um pouco. A atual fase, de “isolamento social, preventivo e obrigatório”, passa a ser de “distanciamento”, na grande Buenos Aires, onde a pandemia perdeu o pique de poucas semanas atrás.
A secretária de governo de Buenos Aires, Teresa García, explica (mas não muito) como ficará: “Passamos à etapa de distanciamento, e não de isolamento, mas não será o fim da quarentena”.
E acrescentou: “Nesta nova etapa, não vão mudar muito as coisas”. Pois é.
Disse ainda: “Em todas as atividades econômicas continuaremos igual, com fortes protocolos, e vamos manter as restrições no transporte público”.
Com ou sem quarentena, a Argentina já tem mais casos de covid-19, proporcionalmente, que o Brasil: 2.704 a cada 100 mil habitantes (aqui, são 2.647).
Em mortes, o índice também subiu muito: são 72,8 a cada 100 mil argentinos. A média brasileira é mais elevada, 76 casos a cada 100 mil habitantes, mas diariamente a Argentina tem, sempre proporcionalmente, mais óbitos que aqui (em números absolutos, a metade do que o Brasil registra por dia).
Na comparação com São Paulo, com população semelhante (46 milhões ante 45 milhões no país vizinho), a Argentina tem mais casos (São Paulo está com o índice de 2.447 casos a cada 100 mil), mas bem menos mortes. Em São Paulo, são 86,3 óbitos a cada 100 mil.
Parênteses: como se chega a este índice de mortes em relação à população? Na calculadora, é fácil. Primeiro, divide-se o número de casos de um país, por exemplo, pelo número de habitantes; depois, multiplica-se o resultado por 100 mil.
A situação de São Paulo deve servir de alerta aos argentinos. Mesmo com controle menos rigoroso, São Paulo mantém uma média de menos de 3 mil casos novos por dia, ante mais de 10 mil na Argentina.
E o número de mortes tem ficado abaixo de 100, enquanto na Argentina chega, alguns dias da semana, a ser até quatro vezes maior (no mínimo duas vezes).
No ranking mundial de casos, a Argentina está em 7º lugar. Foi ultrapassada por França e Espanha, que vivem a “nova onda” da pandemia. Em mortes, mantinha-se até poucos dias em 12º, mas ultrapassou a Colômbia e ocupa agora seu posto.
No mundo, a “nova onda”
A Europa é a região do mundo onde a pandemia do novo coronavírus mais cresce diariamente, lembra a Agência Brasil. A Espanha registrou novo recorde de contágios nas últimas 24 horas, mas a França continua a ser o país da União Europeia com maior número de novos casos diários, apesar de o país estar em lockdown.
A sobrecarga de doentes em cuidados intensivos já levou a França a transferir internados, por via aérea, para unidades hospitalares de regiões do país menos atingidas. Há 28.426 pessoas hospitalizadas com a doença e 4.230 desses pacientes estão em unidades de tratamento intensivo.
A agência argentina Télam informa que o Reino Unido, mesmo sob protestos da população, adotou medidas de confinamento e a Grécia vai fazer o mesmo a partir deste sábado, 7.
O governo italiano, que já anunciou um toque de recolher no país, impedindo que as pessoas saiam às ruas entre as 22h e as 5h, a não ser que comprovem razões de trabalho, saúde ou emergência, vai fechar outras regiões para tentar evitar a propagação do vírus.
Na Dinamarca, o governo anunciou que vai sacrificar 17 milhões de visons, aqueles bichinhos criados em fazendas para fazer casacos de pele (“casacos de vison”), porque foi descoberto que eles abrigam uma mutação do novo coronavírus.
Essa mutação do vírus impede que as pessoas contaminadas produzam anticorpos. Portanto, seria inútil produzir uma vacina contra a covid-19.
Vai ser uma tarefa muito difícil matar 17 milhões de visons. Até o Exército vai ajudar. Pobres visons!
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