Pandemia de covid-19 deixa à beira do colapso o sistema de saúde do Paraguai

Ocupação de leitos chegou a 100% nos hospitais da capital e departamento Central. E vem aumentando em outros departamentos, inclusive em Alto Paraná.

H2FOZ – Cláudio Dalla Benetta

O ministro de Saúde Pública do Paraguai, Julio Mazzoleni, confirmou nesta quarta-feira (9) que os leitos de internamento e terapia estão 100% ocupados nos hospitais públicos de Assunção e do departamento Central. Já há pessoas esperando por um leito, informa o jornal ABC Color.

O ministro disse que o Paraguai está entrando na etapa “mais difícil da pandemia” e voltou a pedir que a população respeite os protocolos sanitários.

O jornal Última Hora salientou uma frase de Mazzoleni, sobre a fiscalização em relação aos que não cumprem as normas. “Há locais onde a polícia, os promotores e o Ministério da Saúde não poderão chegar; mas o vírus vai chegar a todos esses lugares e a todos nos vai atingir, mais cedo ou mais tarde. Não há desculpa para não usar máscaras ou não guardar distância”, advertiu.

Ainda no Última Hora, outra fala do ministro: “Não queremos que ninguém falte à mesa de Natal, e para que isso ocorra temos que ser unicamente disciplinados”.

O médico José Fusillo, presidente da Sociedade Paraguaia de Pneumologia, disse que o Instituto Nacional de Enfermidades Respiratórias e do Ambiente (Ineram) está colapsado. A situação é similar no Hospital Nacional de Itauguá e no IPS Ingavi, quanto a leitos de UTI.

Há um problema adicional, como aponta o jornal La Nación: praticamente já não há leitos de enfermaria livres nos hospitais particulares, para onde são enviados pacientes quando não há vagas nos hospitais públicos.

“O setor privado também está chegando ao limite. Os cidadãos têm que pôr um freio (na doença)”, disse o infectólogo Tomás Mateo Balmelli.

O vice-ministro de Saúde, de acordo com La Nación, disse que só há disponibilidade de 60 leitos no setor privado, conforme o convênio assinado com o governo.

Ele ressalvou que Ciudad del Este tem disponibilidade de leitos, e que “a pressão extrema agora está na capital e Central”.

Tweet do ministro: “situação é muito difícil”;

NA CIDADE VIZINHA

O pneumólogo Carlos Pallarolas confirmou que a ocupação de leitos na UTI do Hospital Integrado Respiratório, em Ciudad del Este, chega a 60%, um índice razoável. Mas ele alerta que, “à medida que vão passando os dias, o aumento de casos fará aumentar também o uso de leitos”, por isso também instou os moradores a lavar as mãos, respeitar o distanciamento físico e utilizar máscaras, conforme reportagem do jornal La Clave.

O especialista comentou que os pacientes internados em Ciudad del Este não são apenas de Alto Paraná, mas também de outros departamentos, como Paraguarí, Misiones e San Pedro.

Pallarolas lamentou o aumento de casos em Foz do Iguaçu, já que “temos um trânsito fronteiriço muito movimentado e as probabilidades de que infectados entrem no Paraguai são altas”.

“Vemos o aumento de casos e isto é um pouco preocupante para todos. Por isso insistimos até o cansaço e a saturação para que a cidadania se cuide”, insistiu.

Pallarolas: mais casos podem levar a aumento da ocupação de leitos. Foto La Clave

CASOS E MORTES

Desde o início da pandemia até a terça-feira, 8, o Paraguai soma 89.421 casos confirmados e 1.887 óbitos. Há 776 pacientes internados com coronavírus, dos quais 145 estão em unidades de terapia intensiva.

Nas UTIs, nos últimos cinco dias, a ocupação aumentou em apenas um leito. Mas os leitos de enfermaria, que há cinco dias tinham 742 pessoas internadas, agora têm 776. Com tendência de aumento.

NO RANKING

Paraguai no ranking. De agosto para cá, uma boa ascensão, em casos e mortes.

Vale lembrar que o Paraguai, nos primeiros meses da pandemia, estava entre os países em melhor situação da América Latina, atrás apenas da Guiana e Uruguai.

No dia 28 de julho, o Paraguai tinha 4.532 casos e estava em 100º lugar no ranking de países, segundo o painel on line da universidade Johns Hopkis. As 43 mortes de então posicionavam o Paraguai em 123º lugar.

Mesmo ainda em situação que parece razoável, se comparada à dos vizinhos Brasil e Argentina, a posição do Paraguai no ranking mundial subiu bastante. Está agora em 74º lugar no número de casos e em 63º no de mortes, à frente de 8 países da América Latina, entre os quais a populosa Venezuela (33,5 milhões de habitantes) e Cuba (11,3 milhões).

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