Faces do Iguassu – Filipe Lafuente
Caçula de uma família de doze irmãos, seis homens e seis mulheres, Marlene Warken nasceu num lugarzinho chamado Humaitá, pequeno município localizado há um pouco mais de 400 km de Porto Alegre.
Aos 14 anos foi matriculada num colégio interno em Itaqui e aos 17, quando seu pai faleceu, foi morar com a irmã, durante dois anos, em Santana do Livramento. Com 19 anos mudou-se para Três de Maio, mais perto de sua mãe. Por lá, trabalhou por poucos meses na secretaria de uma faculdade. Mas ainda naquele ano, em 1973, seu irmão, o professor Flávio Warken, que já morava aqui em Foz do Iguaçu, foi buscá-la para morar com ele.
– “Vim para Foz para mudar de vida. Ainda não sabia muito bem o que queria. A cidade era pequena. E logo comecei a trabalhar na Divisa. Em 1975 me casei. Inclusive, foram os mecânicos da concessionária que me deram o bolo de casamento. No mesmo ano fiquei grávida e em 1976 deixei de trabalhar na loja”, relembra.
Em 1980, Marlene, o esposo e as filhas, mudaram-se para Umuarama. Seu esposo passou para o curso de Direito e ela, seis meses depois, para o curso de Letras. Assim que terminaram a faculdade foram para Lucas do Rio Verde, no Mato Grosso. Cidade que na época vivia o auge do seu crescimento.
– “Comecei a dar aula regular em 1985, em Lucas do Rio Verde. Lembro-me que comprava caixas de livros para abastecer a biblioteca e incentivar a leitura. E viaja 230 quilômetros todo mês para buscar meu salário em outra cidade”.
Em 1987, Marlene voltou para Foz, seis meses depois do seu marido. Pois ela não podia abandonar as aulas antes de encerrar o semestre. Aqui começou a trabalhar, no mesmo ano do retorno, no colégio Anglo Americano e no Monsenhor Guilherme. Passou no concurso público, teve a oportunidade de ministrar aula para suas três filhas, a Deise, Gláucia e Joyce. Seguiu com a carreira de professora do estado até se aposentar, no começo deste ano.
– “Há dois anos resolvi fazer artesanatos, pintura em tecido e em tela. Recentemente fui convidada para ser voluntária na casa Terapêutica Sagrada Família, no Jardim Porto Belo. E é muito gratificante o que a gente faz por lá”.
Em 1998, Marlene ficou viúva. O pai de suas filhas, que era um aventureiro nato, faleceu subitamente enquanto descansava no sofá de casa. E em 2001, casou-se novamente, com um antigo amigo do casal, que também havia ficado viúvo. Caminhos da vida que se cruzam por um bom propósito.
Nestes anos de vida, muita coisa aconteceu. Marlene teve a oportunidade de agregar tanta coisa boa na vida de milhares de estudantes que tiveram a honra de serem seus alunos. Foi convidada, inclusive, para ser candidata à Deputada Estadual e depois à Vereadora. Mesmo não tendo ganhado a vaga pleiteada, a experiência política, nos bastidores das eleições, valeu boas experiências. Assunto que Marlene recomenda a todos os jovens: – o interesse pela política.
A simpática professora nos ensina a cada dia, que é possível sermos instrumentos transformadores por onde passamos. Não é à toa, que ela é amada e admirada por tantos. Afinal, quem deixa boas marcas na vida das pessoas, colhe respeito e reconhecimento.
* Faces do Iguassu é um belo projeto que valoriza a trajetória de moradores de Foz do Iguaçu.
O texto foi publicado em sua página no Facebook em 18 de julho de 2016. Clique aqui.
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