H2FOZ – Alexandre Palmar
A professora Ivanete Schumann, diretora da Adunioeste (Sindicato de Docentes da Unioeste), expõe a realidade da Universidade Estadual do Oeste do Paraná. A entrevista foi concedida no quadro Diga Aí, no Clube dos Amigos, programa da Rádio Clube em parceria com o H2FOZ.
A carga horária para a contratação dos professores temporários é suficiente?
Não é. Como nós temos explicado, todos os cursos apresentam o planejamento da necessidade de contratação de docentes de acordo com as diretrizes estabelecidas dentro da universidade e de acordo com o planejamento do nosso projeto político-pedagógico. Este ano, a necessidade de contratação de carga horária, de acordo com esse planejamento, era de em torno de 11 mil horas, mas o governo liberou apenas 7.600 horas.
Como isso afeta as atividades docentes da Unioeste?
Afeta porque a universidade, a direção da universidade, por não conseguir atender essa demanda de carga horária, ela está tomando medidas bastante autoritárias no sentido de alterar a regulamentação de trabalho dos professores da Unioeste. Ela está simplesmente, de forma bastante arbitrária, fazendo modificações no nosso sistema de trabalho, obrigando os professores a assumirem uma carga de trabalho muito superior àquilo que nós deveríamos assumir.
É possível ter falta de professores nos cursos de graduação?
Na verdade, o que acontece… Com esse nosso projeto da reitoria da Unioeste, de fazer alterações nas nossas condições de trabalho, nos obrigando a assumir uma carga horária superior e mexendo nas nossas condições de trabalho, acaba que no papel, nas condições burocráticas, a situação fica resolvida. Perante documentações, cálculos e planilhas, isso provavelmente fica resolvido por conta dessa arbitrariedade tomada pela reitoria. Mas nós ainda não sabemos como isso vai ficar porque os professores estão revoltados com essa situação criada pela reitoria da universidade. Enquanto a Unioeste vai se ajeitando e vai criando formas arbitrárias de obrigar os professores a assumir uma carga horária muito superior ao que deveriam, nós vemos outras universidades, como a UEL [Universidade Estadual de Londrina] e a UEM [Universidade Estadual de Maringá], se defendendo desses ataques do estado.
Qual é a realidade do orçamento para as atividades de custeio?
A questão do orçamento é outro problema. O governo tem três frentes de envio de dinheiro para a universidade. Uma é investimento [que faz anos que ele não faz] em estrutura e obras. Outra em custeio. Outra em folha de pagamento. O Governo do Estado do Paraná já deixou, há muito tempo, de investir em infraestrutura e obras; e na questão do custeio, o problema é muito grave. Vamos comparar um dado muito simples. Por exemplo: em 2014, a Unioeste recebeu R$ 20 milhões e 400 mil de verba de custeio. Para o ano de 2018 foi aprovado o envio de R$ 9 milhões. E um detalhe que é muito importante que as pessoas entendam: nem sempre o governo empenha realmente essa quantidade de dinheiro [indicada no orçamento].
E com essa situação atual, a Unioeste tem condições de manter as atividades até o final do ano?
Que digam os diretores… É muito difícil porque a universidade não tem dinheiro. Fica complicado porque os diretores não têm dinheiro para pagar as contas. Têm que pagar telefone, luz, água. Têm que pagar estagiários. Por falta de contratação de técnicos, a universidade tem que funcionar com estagiários. Aí que reside um grande problema. A maior parte [do recurso] acaba indo para folha de pagamento de estagiário.
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