H2FOZ – Cláudio Dalla Benetta
O Paraguai registrou um novo (e triste) recorde de mortes por covid-19, na quinta-feira, 6. Houve cinco mortes em 24 horas e 315 novos casos. O número de casos só é inferior aos 341 registrados em 30 de julho, segundo os números do Ministério de Saúde Pública.
Agora, o país soma 6.375 casos e 66 mortes pela doença. Em apenas seis dias de agosto, houve 19 mortes e 1.106 casos confirmados. Mantida a média de 183 casos por dia, que é a registrada até agora, no mês, o Paraguai encerrará agosto com cerca de 5.700 casos, superior ao número acumulado desde o início da pandemia, em março, até 31 de julho (5.207).
A tendência é de que dobrem os casos, em apenas um mês, e também as mortes, que na média desse período de agosto é superior a 3 por dia. A primeira morte no Paraguai foi em 21 de março. De lá até 31 de julho, o total foi 47. Isto é, o país passa de uma morte a cada três dias, aproximadamente, para 3 mortes diárias.
O Paraguai tinha, na quinta-feira 66 pessoas internadas, das quais 43 em enfermarias e 23 em UTI, números que também são recordes na pandemia. Do total de 6.375 casos confirmados, há 4.974 recuperados, um índice muito bom, de 78%.
No ranking mundial da pandemia, a situação do Paraguai ainda é privilegiada, mas está cada vez mais distante do Uruguai, que nos primeiros meses tinha mais casos e mortes que o vizinho. O país ao sul do Rio Grande do Sul registra 1.318 casos e 37 mortes, números praticamente estáveis.
A Guiana mantém-se em primeiro lugar na América Latina, pelo baixo número de casos (538) e mortes (22).
Alerta de Marito
Ainda na quinta-feira, 6, o presidente Mario Abdo Benítez fez um alerta à população, pedindo que continue a batalhar contra o coronavírus “fora dos hospitais”, sem relaxar nas medidas sanitárias, considerando que “agosto será um mês difícil”.
Segundo o jornal Última Hora, depois de lembrar que o Paraguai é um exemplo para o mundo, por ter adotado cedo as medidas sanitárias contra a covid-19, o presidente pediu à população:
“Sei que estamos cansados, mas cada sacrifício feito ao levantar cedo e pôr as máscaras está salvando a vida de nossos avós, pais e irmãos. Oxalá este pesadelo passe rápido, mas quero voltar a pedir consciência sobre a importância dos protocolos sanitários”, disse o presidente.
Abdo Benítez disse que o maior número de contágios se dá pelo relaxamento social, já que no ambiente de trabalho o número é reduzido. “Vale a pena o esforço”, afirmou.
“O que temos feito nos permitiu ter um melhor sistema de saúde. Mas devemos entender que nem os países do primeiro mundo puderam conter a saturação de seu sistema de saúde”, explicou, e lembrou que, “enquanto não houver uma vacina, continuaremos em risco. Temos que seguir no modo covid”.
Situação mais grave em Alto Paraná
Mais uma vez, o departamento de Alto Paraná, em especial a capital, Ciudad del Este, é destaque no número de novos casos. Considerando-se apenas os comunitários, aqueles que não se pode identificar a origem, na quinta-feira houve o registro de 188 dos 315 casos positivos. Desses 188, o maior número foi em Ciudad del Este (99), Hernandarias (18) e Presidente Franco (16), três cidades de Alto Paraná.
Das cinco mortes registradas na quinta, três ocorreram em dois hospitais de Ciudad del Este, o Regional e o do IPS – dois homens de 73 e 68 anos e uma mulher de 80 anos. Os outros dois são de Assunção, uma mulher de 51 anos e um homem de 58. Com essas mortes, Alto Paraná soma 29 óbitos por covid-19, quase metade das que a covid-19 matou no país.
O departamento de Alto Paraná tinha na quinta-feira 2.469 casos confirmados, ou 47,1% do total de todo o país. Em segundo lugar estava o departamento Central, com 1.465 casos (28%), e em terceiro Assunção, com 691 (13,2%), de acordo com o Ministério de Saúde Pública.
A maior parte do Paraguai está na fase 4 da quarentena inteligente, que habilita a grande maioria das atividades. As exceções são os departamentos Central e Alto Paraná, que seguem um regime especial. Alto Paraná voltou à fase zero, mas com permissão para o trabalho.
Prevenção para reabrir fronteiras
Em Ciudad del Este, na quinta-feira, houve uma campanha de conscientização sobre a importância de cumprir as medidas preventivas, para que a economia possa ser reativada e a fronteira aberta, como informa o Última Hora.
O vice-ministro de Saúde, Julio Rolón, em um breve discurso, disse que a luta contra a covid-19 se ganhará nas ruas, se forem atendidos os protocolos sanitários.
“Se conseguirmos nos comportar bem, poderíamos ter uma luz para pensar em abrir fronteiras, e não apenas esta (entre Ciudad del Este e Foz), mas as de todo o país, porque entendemos que as medidas sanitárias podem ser complementadas com as questões econômicas. Não queremos passar de uma pandemia viral para uma pandemia de desnutrição e fome”, disse o vice-ministro.
Protesto dos trabalhadores da Saúde
De um lado, campanha de conscientização, de outro protesto dos trabalhadores de saúde de Ciudad del Este, que fizeram o fechamento intermitente da Supercarretera, estendendo cartazes e queimando pneus.
Luis Escobar, diretor do Sindicato de Trabalhadores da Saúde, explicou que a mobilização é devido à falta de insumos e de equipamentos de biossegurança, como informou o correspondente do jornal Última Hora, Wilson Ferreira.
Escobar também reclamou que as gratificações para o pessoal envolvido no atendimento médico durante a pandemia não chegam para os funcionários administrativos e de apoio, situação que não ocorre somente em Ciudad del Este.
“Queremos saber o que aconteceu com o dinheiro. Não pode ser que precisemos nos manifestar para que seja cumprido o que está previsto na lei”, disse.
O sindicalista disse ainda que o departamento de Alto Paraná tem apenas oito leitos de Terapia Intensiva para atender 800 mil habitantes. Com as atuais condições de contágio por covid-19 na região, disse, é preciso que haja investimentos urgentes.
Segundo o Última Hora, o Ministério de Saúde Pública fez os primeiros desembolsos de gratificações para o pessoal de saúde esta semana.
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