H2FOZ – Cláudio Dalla Benetta
Escalada é um esporte pouco conhecido, que raramente (quase nunca) aparece em programas esportivos. E, no entanto, tem adeptos em várias cidades brasileiras, inclusive em Foz do Iguaçu.
E tem mais um detalhe: é considerado um esporte masculino, por puro preconceito, mas mulheres iguaçuenses enfrentam dois desafios – o de escalar e o de mostrar aos homens que a mulher, mesmo com todas as diferenças de gênero, é capaz de não só de praticar a escalada como também de alcançar padrões tão altos quanto os masculinos.
É isto o que mostra um dos raros documentários sobre escalada, “Mulheres da rocha: sobre escalada e empoderamento”, feito em 2017 como TCC de Jornalismo da UDC (Centro Universitário Dinâmica das Cataratas) pela então estudate Karen Layse Gregório Klauck.
Você vai poder assistir ao vídeo no final desta matéria e constatar como foi bem feito, ouvir o depoimento de mulheres que praticam o esporte e perceber como elas enfrentam desafios durante todo o tempo, apenas para mostrar que são tão capazes quanto os homens.
A cobrança sobre a mulher é muito maior do que sobre homens. Mas, ao mesmo tempo, isso resulta num maior empoderamento delas, que sai do nível do esporte para a vida em sociedade.
Karen afirma que o documentário “traz uma reflexão sobre o que é ser mulher dentro do esporte escalada”. Ela ouviu seis personagens, que contam como iniciaram no esporte, o que ele representa em suas vidas, os aprendizados e os desafios que enfrentam.
Em especial, “busca mostrar o esporte como uma ferramenta para o empoderamento feminino”, diz Karen, que por sinal pratica a escalada há sete anos.
Onde praticar?
Aí começam as curiosidades. E quem quer praticar escalada em Foz do Iguaçu, o que deve procurar? Karen conta que a prática é feita basicamente no Espaço das Américas. No tempo em que fez o documentário, havia em Foz uma academia de escalada indoor, que aparece no vídeo, mas fechou por dar pouco retorno.
Como é ainda um esporte pouco difundido no Brasil, hoje há em Foz apenas cerca de 30 escaladores mais ativos. Dentre eles, há cerca de dez mulheres.
A mais experiente
A escaladora iguaçuense mais antiga da região é Lucélia de Melo, adepta do esporte, junto com o marido, há mais de 18 anos. Ela também pratica montanhismo, no Brasil e em outros países.
No vídeo, Lucélia conta que, quando começou a praticar o esporte, havia outra mulher que escalava. Depois que ela parou, Lucélia ficou por quase dez anos como a única mulher a praticar escalada, num grupo totalmente masculino.
Com toda sua experiência, ela destaca que, “querendo ou não, as mulheres se desenvolvem (de forma) um pouco diferenciada na escalada. Os homens têm mais facilidade para ganhar força física, explosão… Mulher tem força, tem elasticidade, tudo isso, mas é diferenciado. (…) Mas o importante, eu acho que é deixar de fora esse lado competitivo, deixar de fora essas diferenças de gênero e que cada um possa usufruir dentro do seu ritmo, dentro da forma com que o seu corpo responde ao esporte”, diz.
Há ainda os outros depoimentos, com revelações sobre o que é ser mulher num esporte basicamente masculino. Enfrentar preconceitos, superar desafios até estar empoderada, ciente das próprias limitações, mas ao mesmo tempo sentir-se igual ou até superior aos competidores masculinos.
Como praticar
Karen diz que qualquer pessoa pode praticar escalada. Algumas se interessam pelo esporte quando veem fotos das esportistas nas redes sociais ou passam pelo Espaço das Américas e ficam curiosas ao ver o pessoal escalando.
Para os mais curiosos que aparecem no Espaço das Américas, as atletas oferecem uma cadeirinha (equipamento de segurança para prender a pessoa à corda) e deixam que experimentem a prática.
Aqueles que tiverem mesmo vontade de praticar a escalada, precisam então comprar os equipamentos básicos pessoais, que são a cadeirinha e uma sapatilha especial.
Karen diz que o pessoal faz escalada, geralmente, aos sábados e domingos. Interessou-se? Vai lá pra ver como é.
Em relação ao videococumentário a que você poderá assistir agora, Karen diz que foi ela mesma quem produziu, filmou e cuidou de tudo. Já a edição foi feita por Nicole Gill.
O vídeo
O vídeo, do Youtube, você pode acessar agora. Vale a pena ver e ouvir essas mulheres.
Comentários estão fechados.