Ministério Público manifesta contrariedade à prisão domiciliar de Jorge Guaranho

Policial penal recebe alta do hospital e, em vez de ir ao Complexo Médico Penal, cumpre prisão domiciliar

Policial penal recebe alta do hospital e, em vez de ir ao Complexo Médico Penal, cumpre prisão domiciliar

Promotores do Ministério Público do Paraná (MPPR) manifestaram-se hoje contrários à concessão de prisão domiciliar ao policial federal penal Jorge Guaranho, autor dos tiros que mataram o guarda municipal Marcelo Arruda, dia 9 de julho, em Foz do Iguaçu. De acordo com os promotores, apesar do estado de saúde dele ser grave, não há, segundo a equipe médica do hospital, risco de morte.

A prisão preventiva do policial foi revertida para domiciliar, na noite de ontem (10), pelo juiz Gustavo Arguello, da 3.ª Vara Criminal de Foz do Iguaçu. A decisão foi tomada com base em informações do Departamento de Polícia Penal (Depen), de que o Complexo Médico Penal do Paraná, situado em Pinhais, região metropolitana de Curitiba, não teria condições estruturais, técnicas e de pessoal para atender o preso sem expô-lo a grave risco.

No documento, os promotores Tiago Lisboa Mendonça e Luis Marcelo Mafra, responsáveis pelo caso, salientam que há um “absoluto descaso por parte do Estado do Paraná”. Eles também frisam ser inconcebível que o Complexo Médico Penal, destinado a “tratamento médico ou cirúrgico de presos internados”, não tenha condições de receber detentos que estão em recuperação médica e não correm risco de morte, como é o caso de Guaranho.

Os promotores ainda lamentam que um mês depois da morte de Marcelo Arruda haja absoluto descaso e omissão por parte do estado do Paraná.

Alta

Jorge Guaranho deixou o Hospital Ministro Costa Cavalcanti na noite de ontem, pela porta dos fundos, para despistar a imprensa. Ele está sendo monitorado em casa por meio de tornozeleira eletrônica.

A equipe médica havia dado alta ao detento à tarde, no entanto ele permaneceu até a decisão da prisão domiciliar. A Justiça oficiou o Depen dos estados de São Paulo e de Santa Catarina sobre a possibilidade de receber o preso.

Em nota emitida hoje, a Secretaria da Segurança Pública – SESP informa que está em contato com o Departamento Penitenciário Nacional para viabilizar uma vaga para Jorge Guaranho. Segundo a SESP, o Complexo Médico Penal passa por reestruturação física e contratação de pessoal, principalmente enfermeiros e técnicos de enfermagem, fato  que impossibilitou a transferência nesse momento.

Defesa de Marcelo Arruda

Em nota emitida hoje, a equipe de advogados da família de Marcelo Arruda se posiciona quanto aos desdobramentos do caso. Veja a nota na íntegra que é assinada pelos advogados Ian Vargas, Paulo Henrique Zuchoski, Daniel Godoy Júnior e Andrea Godoy.

“Ontem, 10/08/2022, no dia em que se completou 01 mês do brutal assassinato de Marcelo Arruda, o Juiz Gustavo Germano Arguello, da 3ª Vara Criminal de Foz do Iguaçu, converteu a prisão preventiva do homicida Jorge Guaranho em prisão domiciliar.

Anteriormente, o magistrado já havia negado duas vezes a revogação da prisão preventiva ou sua conversão em domiciliar. Todavia, após o Complexo Médico Penal de Pinhais alegar insuficiência de estrutura para receber o preso, o magistrado decretou a prisão domiciliar.

É preciso relembrar que desde o início das investigações, uma série de acontecimentos inexplicáveis provocaram prejuízos a devida busca da Justiça. Com efeito, a demora na coleta do celular de Guaranho, das imagens do DVR e das câmeras localizadas no trajeto empreendido pelo criminoso para execução da ação delituosa são apenas alguns exemplos que demonstram o alegado, tudo sendo de responsabilidade do Governo do Estado. Entendemos que o Governador do Estado, Ratinho Junior, tem total responsabilidade perante este estado de coisas injusto.

O Complexo Médico Penitenciário, sob a hierarquia da Secretaria de Segurança Pública, tem obrigação legal de prestar o serviço de custódia de presos que demandam cuidados médicos, incluídos fonoaudiologia e fisioterapia. Dessa maneira, a negativa do CMP em receber Guaranho é o fato decisivo que levou a conversão da prisão preventiva em prisão domiciliar, na data em que se completou um mês do crime e próximo ao dia dos pais, data esta em que os 4 filhos de Marcelo Arruda não terão a presença do pai.

Aos familiares de Marcelo, restará a celebração da missa de trigésimo dia. É necessário que a Assembleia Legislativa, através da Comissão criada para acompanhamento do caso Guaranho, verifique as condições reais do Complexo Médico Penal e as responsabilidades do senhor Governador.Teme a família que a localização do réu em município de fronteira, em casa, possa facilitar a sua evasão.

A manutenção da prisão domiciliar de réu que cometeu crime hediondo, por intolerância política, com a violação a diretos humanos e à democracia, afronta o direito da vítima e a Justiça!”.

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