H2FOZ – Cláudio Dalla Benetta
Foz do Iguaçu terminou a sexta-feira, último dia do mês, com 3.343 casos confirmados de covid-19, 64 a mais que no dia anterior, sem registro de mortes, que permanecem em 30.
Longe de se poder comemorar, mesmo porque é preciso mais tempo para se confirmar o que se vai dizer agora, o que se percebe é que a curva de casos de covid-19, em Foz do Iguaçu, está se achatando.
Na semana do dia 18 a 24 de julho, a cidade registrou 629 casos confirmados, uma média de quase 90 casos por dia; já na semana seguinte, do dia 25 a 31, o total baixou para 438, ou uma média de 62 casos por dia.
De uma semana para outra, a queda foi de 30,4%. É claro que a média ainda é alta, mas a redução traz motivo para otimismo. Desde que sejam cumpridos os protocolos sanitários, rigorosamente, essa tendência de queda vai continuar.
Se isso acontecer, isto é, se a cada semana diminuir em 30% o total de casos, na próxima semana serão pouco mais de 300; na semana seguinte, pouco mais de 200. E assim sucessivamente até se chegar a um número cada vez mais perto de um dígito, o que pode acontecer já no final de setembro ou na primeira semana de outubro.
Considerando que a cidade já está retomando as atividades normais, com poucas exceções, isso pode significar que, naquele mês, Foz do Iguaçu estará pronta para receber cada vez mais turistas, retomando assim sua principal atividade econômica e maior geradora de empregos.
No Paraguai
Otimismo? Pode ser. Mas, se formos ver a situação no Paraguai, lá está ocorrendo exatamente o inverso, isto é, cada vez mais casos e mortes, mesmo que sejam números baixos para os “padrões brasileiros”. O país, vale destacar, foi o que agiu com mais rigor, desde o início, para enfrentar a pandemia, com uma quarentena que paralisou quase tudo.
O Paraguai fechou a sexta-feira, último dia do mês, com 5.338 casos e 49 mortes. Nos últimos quatro dias, desde a terça-feira, 28, a média diária foi superior a 200. Nesses mesmos quatro dias, seis pacientes morreram, isto é, mais de uma morte por dia.
Note-se que, mantida esta média, que está em alta, o Paraguai pode encerrar agosto com mais de 11 mil casos, isto é, dobrar em um mês o total acumulado desde o início da pandemia, em março. Pode, também, quase dobrar o número de mortes atual.
Pessimismo lá, otimismo aqui? Novamente, pode ser. Mas vale lembrar que no Paraguai há localidades que estão na fase 4 da quarentena inteligente, com praticamente todas as atividades funcionando, e outros na fase 3, como Assunção e o departamento Central. A fase 3 ainda tem muitas restrições.
E Alto Paraná, cuja capital é Ciudad del Este, está numa fase imprevista na quarentena, em que o comércio pode funcionar, por exemplo, mas com horários restritos e com toque de recolher para os cidadãos a partir das 17h, nos dias de semana.
Os últimos 131 casos de covid-19 registrados no Paraguai e reportados na sexta-feira, mostram que Ciudad del Este é, de fato, motivo maior de preocupação. Dos casos comunitários, aqueles em que não se sabe mais a origem da contaminação, Ciudad del Este liderou com 14, quase o dobro dos 8 registrados em Assunção, por exemplo.
Outros municípios do departamento Central, além de Assunção, estão com nível de contágios considerado alto pelo Ministério da Saúde, que não descarta a possibilidade de serem adotadas novas restrições, o que faz a população se arrepiar só de imaginar.
Mas, na comparação fria dos números, vê-se que Foz, com 3.343 casos confirmados e 30 mortes, está em situação muito mais grave que a do Paraguai, com 5.538 casos e 49 mortes.
Letalidade semelhante
Curiosamente, a letalidade (isto é, o índice de mortes em relação ao número de casos) da covid-19 é muito semelhante entre Foz e o Paraguai.
Aqui, a letalidade é de 0,89%; no Paraguai, de 0,88%. Para comparar, a média mundial é de 3,4% e a do Brasil de 3,57%.
Maior recuperação
Onde Foz ganha fácil do Paraguai é no número de pessoas que se recuperaram da covid-19. Foram 2.905 dos 3.343 casos, isto é, 86,8% dos contaminados se livraram do vírus.
No Paraguai, foram 3.548 do total de 5.338 casos. A recuperação, portanto, foi de 66,4%, até a sexta-feira.
Casos x população
Já em outra comparação, o número de casos, em relação à população, mostra que a situação é dramática, em Foz, em relação ao Paraguai.
Para seus 260 mil habitantes, os 3.343 casos confirmados significam que há 1.285 casos a cada 100 mil habitantes, em Foz do Iguaçu; no Paraguai, com 7 milhões de habitantes, os 5.538 casos se traduzem em apenas 77 casos a cada 100 mil pessoas. A diferença é gritante!
De volta à ativa
Os recursos de saúde colocados à disposição da população, em Foz do Iguaçu, são eficazes para recuperar inclusive pacientes que passaram pela UTI.
É o caso de dois pacientes que tiveram alta do Hospital Ministro Costa Cavalcanti, na sexta-feira. Tiago Vaccari, de 36 anos, profissional terceirizado do próprio hospital, ficou dez dias internado, entre enfermaria e Unidade de Terapia Intensiva (UTI), enfrentando a covid-19. A saída dele comemorada pela esposa, filha e colegas de trabalho.
Já o professor Fernando Priess, de 47 anos, enfrentou uma batalha mais longa. O morador de Santa Terezinha de Itaipu passou 22 dias internado, 14 deles em UTI, em estado grave e intubado. Na saída, ao ser conduzido pela equipe multidisciplinar, foi surpreendido ao ver familiares e amigos e não segurou as lágrimas.
Todos os cuidados
Com exceção das pessoas que se recuperam e de suas famílias, não há nada a comemorar. Tanto em Foz como no Paraguai, as autoridades precisam chegar à medida certa no sentido de liberar a economia para evitar que a fome se alastre e, ao mesmo tempo, cuidar para que a pandemia não se descontrole.
Não é fácil. Mas parece que Foz está no bom caminho. Pena que, certamente, ainda haverá vítimas fatais da doença, para a qual ainda não há remédio e nem vacina.
Os jovens, principalmente, devem se cuidar mais, já que são os que mais adquirem o vírus e, portanto, os que mais transmitem.
A covid-19, de maneira geral, é assintomática ou tem sintomas leves entre os jovens – o que explica a baixa mortalidade no Paraguai, onde a maioria da população é jovem -, mas são eles que transmitem a idosos e a pessoas com comorbidades.
São os jovens, também, os que mais se arriscam, porque muitos parecem não estar nem aí para o fato de se tornarem perigos ambulantes.
Sejamos otimistas, que cai melhor nesta época tão complicada, mas com os pés firmes na realidade, apostando em cuidados, evitando ser contaminados e virar vítimas ou transmissores.
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