A violência contra crianças e adolescentes quase dobrou em menos de duas décadas no Paraná, conforme o histórico do Hospital Pequeno Príncipe, referência no atendimento infantojuvenil. Eram 342 ocorrências em 2003, passando para 652 no ano passado.
A assessora da direção do hospital, Thelma Alves de Oliveira, enfatizou dados alarmantes e a pouca idade das crianças atendidas: 63% delas estavam na primeira infância, ou seja, tinham até seis anos – um bebê tinha apenas 17 dias. A profissional foi entrevistada no Marco Zero, produção do H2FOZ e a Rádio Clube FM 100,9.
No programa, ela falou sobre o impacto que os maus-tratos podem exercer durante toda a vida da pessoa, apresentando orientações a pais, mães, familiares e educadores sobre sinais de violência. Também detalhou a campanha “Pra toda a vida: a violência não pode marcar o futuro das crianças”, mantida pelo Pequeno Príncipe, desde 2006.
A violência sexual lidera o triste ranking de atendimentos do Hospital Pequeno Príncipe. A instituição recebeu 375 crianças e adolescentes por suspeita de abuso sexual, entre os 652 atendimentos realizados em 2022. De modo geral, a violência contra os pequenos ocorre majoritariamente (67%) no ambiente familiar e afeta mais as meninas (71%).
“O lar deveria ser um ambiente seguro, mas infelizmente essa nem sempre é a realidade”, enfatizou Thelma Alves de Oliveira. “E o que também chama atenção é para o aumento da autolesão de crianças e adolescentes”, contextualizou, com 69 casos atendidos no Pequeno Príncipe, incluindo tentativas de suicídio ou ideação suicida.
Sinais importantes
Há vários sinais indicativos de que a criança ou adolescente pode ser vítima de violência. Os adultos, em todos os ambientes, como no meio familiar e na escola, devem ficar atentos aos seguintes indícios (*):
- mudança brusca de comportamento;
- excesso ou falta de apetite;
- agressividade (reprodução das agressões);
- choro incessante ao longo do dia ou da noite;
- recusa ou dificuldades para dormir;
- gritos acompanhados de barulhos, como batidas;
- voltar a evacuar nas roupas (após fase de desfralde, inclusive na adolescência);
- autolesões;
- desinteresse por coisas que antes gostava;
- retração e mutismo; e
- queda no rendimento escolar.
Canais de denúncia
O principal canal para relatar violência e violação dos direitos de crianças e adolescentes é o Disque-Denúncia 100, um meio nacional para uso de forma anônima. Qualquer suspeita de maus-tratos pode ser relatada, já que os órgãos farão a apuração para confirmar ou não a situação. No Paraná, há ainda Dsique-Denúncia 181.
Formas de violência
“Pra toda a vida”
A campanha “Pra toda vida: a violência não pode marcar o futuro das crianças” promove a visibilidade das ações de combate à violência promovida pelo Hospital Pequeno Príncipe. Auxilia profissionais a identificar os indicativos de maus-tratos e incentiva as denúncias.
A ação contempla manuais e palestras educativas e livros sobre autoproteção direcionados ao público infantojuvenil. A campanha ainda mobiliza a comunidade por meio de vídeos, posts em redes sociais, divulgação na imprensa e apoio de influenciadores digitais.
18 de Maio
O 18 de Maio é o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual Contra Crianças e Adolescentes. A data faz alusão ao assassinato de Araceli, crime que segue impune. A menina de oito anos foi drogada, estuprada e morta por jovens de classe média alta, em 1973, em Vitória (ES).
*Fonte: Hospital Pequeno Príncipe
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