Juventude e política, um casamento difícil

Em Foz do Iguaçu, somente 8,6% dos candidatos a vereador são jovens

H2FOZ – Denise Paro

No Brasil, juventude e política parecem não ser um casamento promissor. Pelo menos na avalição do professor doutor em Educação Histórica e autor do livro Guia Prático: Democracia para Jovens, Daniel Medeiros. Na análise dele, nunca a participação efetiva do jovem foi tão baixa por meio do voto em uma eleição como a atual. E Foz do Iguaçu é um exemplo – ou melhor, antiexemplo.

Nessa eleição, somente 8,6% dos candidatos a vereador estão na faixa etária mais baixa, ou seja, de 18 a 29 anos. Um total de 30 candidaturas, entre homens e mulheres, foi registrado nessa faixa etária. O postulante mais novo ao cargo é Felipe Pilger Eidt (PSL), de 19 anos. Quando se trata do Executivo, a representação é mais baixa ainda, ou seja, 5,5%. Somente o candidato a vice-prefeito pelo PCdoB, Diego Carvalho, 27 anos, representa a faixa etária dos mais novos.

Em entrevista ao Marco Zero (programa conjunto do Portal H2FOZ e Rádio Clube FM), o professor Daniel Medeiros comenta que o país atingiu, no atual pleito, o menor patamar de participação juvenil na política desde a Constituição de 1988. “Chegamos provavelmente ao fundo do poço, e, eu diria, sem exagero dramático”, sinaliza. Medeiros ressalta que os jovens têm muitas eleições pela frente, mas se agora manifestam desinteresse não há perspectiva positiva de que essa posição possa mudar.

Para o professor, muito pior que o desinteresse do jovem pela política é a política não se interessar pelo jovem. Ele dá o exemplo de um time de futebol para ilustrar. Quando uma pessoa torce para um time, e essa equipe tem bom desempenho, a tendência é ela querer participar, contribuir. “O que a política oferece para o jovem para ele ter vontade de fazer parte?”

Medeiros lembra que a geração dele, no contexto da ditadura, era muito engajada na política e bem diferente da de hoje porque “ser jovem e gostar de política era quase sinônimo”. Na análise dele, o país, nestes 40 anos de democracia, foi perdendo o contato com o jovem.

O professor salienta que os adultos têm responsabilidade por esse desinteresse e que a escola poderia resolver parte do problema oferecendo mais informações para os estudantes. “Se você não sabe como funciona a regra do jogo, como vai gostar?”, indaga. O outro exercício necessário para a politização seria o da cidadania.

O Brasil tem hoje pouco mais de um milhão de eleitores com 16 e 17 anos, o que não representa 5% da população nessa faixa etária. O voto é obrigatório a partir dos 18 anos.

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