O jornalista britânico Raphael Rowe, que passou alguns dias como se fosse um detento da penitenciária de Tacumbú, em Assunção, para a série da Netflix “Por dentro das prisões mais severas do mundo”, comentou nas redes sociais o massacre de sete presos da prisão paraguaia, noticia o jornal Hoy.
Ele publicou um vídeo, enviado “por uma fonte privilegiada”, com cenas do motim dos presos. Rowe recebeu ainda outro vídeo, que mostra a decapitação de um detento, mas não compartilhou “porque é horrível”.
O jornalista comentou que, no final do episódio em que mostrou Tacumbú, havia comentado “que a prisão explodiria”, o que acabou acontecendo.
Na verdade, motins e matança de presos são frequentes em Tacumbú. No episódio da Netflix, Rowe informava que “rebeliões fatais renderam a Tacumbú a reputação de brutal e sanguinária”.
Pouco antes de sua “estadia” em Tacumbú, dois presos haviam sido assassinados numa briga de gangues pelo controle da prisão.
Também no episódio, ele sugeriu o que deveria ser feito com penitenciária: sua demolição. “Superlotada e subcusteada”, disse, ela abriga três ou quatro vezes mais presos do que sua capacidade. Os detentos não têm camas nem há celas para todos.
E, fato também gravíssimo, há apenas 35 guardas para cuidar de 4 mil presidiários. “Quem vai cuidar dos presos? Quem vai cuidar dos guardas?”, ele perguntava.
Dentro da prisão, há um forte comércio de drogas, mas também de sanduíches e outros produtos. São os empreendedores internos, que trabalham com aval dos guardas da segurança do presídio.
“Nunca vi antes nada como Tacumbú”, disse à época o jornalista, em entrevista a maios de imprensa depois da ampla repercussão do episódio exibido pela Netflix.
O jornalista descreveu que viu pessoas que cometeram graves crimes dormindo no pátio, ao ar livre, ao lado de outras que cometeram crimes menores. E viu presos portando facas, como se isso fosse normal.
Raphael Rowe gravou episódios de “Por dentro das prisões mais severas do mundo” em penitenciárias de vários países, inclusive no Brasil, onde ele passou alguns dias, como guarda e prisioneiro, na penitenciária de Porto Velho, dominada por facções criminosas.
No link, o vídeo publicado pelo jornalista britânico no Instagram:
https://www.instagram.com/p/CLaRnsOnPsh/
REBELIÃO E MATANÇA
A penitenciária paraguaia de Tacumbú voltou ao noticiário esta semana, depois de uma rebelião dos presos que terminou com a morte de sete detentos. Os mortos teriam denunciado um plano de fuga aos guardas da prisão. Três deles foram decapitados.
Nem a Polícia Nacional e nem o Ministério Público conseguiram entrar no setor da penitenciária onde ocorreu o massacre, na terça-feira à noite, informa o jornal Última Hora.
Os promotores só conseguiram ir até os escritórios administrativos, de onde retiraram gravações do circuito fechado. Mas, na área onde houve a matança, não existem câmaras, como noticiou a emissora Telefuturo.
O promotor fiscal Marcelo Pecci, em entrevista à Rádio Monumental 1080 AM, disse que ouviu os responsáveis pela penitenciária, que aconselharam a que não fosse até o local do massacre, por falta de condições de segurança.
Para chegar até o sétimo corpo encontrado (os outros seis os próprios presos levaram até uma área liberada), o promotor disse que foi preciso olhar fotos e mapas. O corpo estava dentro de uma espécie de poço.
Ele disse ainda que todas as informações, até agora, apontam que o motivo do motivo e do massacre foi a transferência do preso Orlando Efrén Benítez para o Agrupamento Especializado.
“As vítimas seriam pessoas que haviam tido algum tipo de sentença ante eventuais deslealdades ou protagonismos com os grupos principais que estão na penitenciária, e o motim criou o momento propício para cumprir com as decisões (de matar os presos)”, disse o promotor.
Sobre a impossibilidade de chegarem ao local onde houve o assassinato dos presos, o advogado criminalista e ex-promotor José Casañas disse que os detentos impediram a entrada dos promotores. Pelo Twitter, ele criticou: “O estado paraguaio não controla os estabelecimentos penitenciários”.
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