Em outubro, as empreendedoras iguaçuenses Elaine Colombo e Samar Ghattas representaram o Brasil em um dos maiores eventos de tecnologia do mundo, o GITEX Expand North, realizado em Dubai. Elas são as fundadoras da Hubee, startup que oferece uma plataforma de assinatura para serviços de design.
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Para participar do evento, elas passaram por uma rigorosa seleção que escolheu 25 startups nacionais para integrar o Pavilhão Brasil. Além de apresentarem o negócio a investidores e especialistas globais, as empreendedoras levaram a Hubee à final do Supernova Challenge Pitch Competition, a maior competição global para startups em estágio inicial.
Entre mais de mil projetos inscritos, a Hubee foi a única iniciativa brasileira a alcançar essa fase. “É comum às vezes nos comparamos às empresas de fora e nos sentirmos em desvantagem. Foi muito gratificante ver que nossa proposta está alinhada com as necessidades globais. Foi uma validação importante”, ressalta Elaine Colombo, publicitária e cofundadora da startup.
Esse bom resultado, além de colocar a startup no radar de investidores e empresas de tecnologia, aumentou a visibilidade internacional do negócio. Um cenário improvável em 2021, quando a Hubee foi criada sem nenhum investimento inicial.
“Começamos sem um real, nem de terceiros, nem do nosso próprio bolso. Por muito tempo, conciliamos a Hubee com outros trabalhos e empregos. Abrimos mão de salários no início para conquistar independência financeira e investir em tecnologia, equipe e infraestrutura”, explica Samar Ghattas, que tem formação em Gestão de Negócios.
Desafios
Embora a Hubee tenha nascido em Foz do Iguaçu, a empresa contou com o apoio de ecossistemas de inovação de outros estados para crescer. O CNPJ da empresa está registrado em Minas Gerais devido à agilidade no processo burocrático. “Quando ultrapassamos o limite do MEI, a regularização levaria de 30 a 40 dias no Paraná. Em Minas Gerais, conseguimos resolver isso em quatro dias”, revela Elaine.
Além disso, a startup participou de um programa de aceleração no Espírito Santo, promovido pela Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação (FAPES), que exigiu seis meses de residência em Vitória (ES). Durante esse período, as fundadoras participaram de mentorias e ajudaram a fomentar o ecossistema local organizando eventos e iniciativas em escolas e universidades.
Estar em Foz do Iguaçu também trouxe outros desafios para o negócio, como a dificuldade de acessar o ecossistema de startups. “Tínhamos um otimismo muito grande por trabalhar de forma remota. Pensávamos que seria fácil acessar qualquer lugar, pessoa ou marca, mas no dia a dia observamos que não era bem assim. Percebemos que uma startup que pelo simples fato de estar em uma capital como São Paulo estava muito à nossa frente, pois já estava conectada a pessoas e marcas influentes no mercado”, conta Samar.
Para atenuar essa distância geográfica, a Hubee aproveitou programas de aceleração e internacionalização para expandir sua rede. Em 2021, a participação no programa Future Females, no Reino Unido, foi um divisor de águas. “Estávamos em estágio muito inicial, nos inscrevemos sem muita pretensão de passar e, para nossa surpresa, fomos uma das selecionadas. Desse programa, saiu o nosso primeiro cliente e o nosso MVP (Mínimo Produto Viável)”, completa Elaine.
Outros marcos importantes incluíram a seleção para o Programa de Aceleração e Internacionalização do Sebrae Minas, que proporcionou a imersão no ecossistema de inovação de Portugal, e a participação no Web Summit Lisboa, o maior evento de tecnologia do mundo.
Empreendedorismo feminino e visão de futuro
A Hubee oferece uma solução simples e inovadora: uma plataforma de assinatura que permite a empresas acesso contínuo a serviços de design. “Queríamos oferecer uma solução escalável e eficiente, resolvendo as dores do marketing e do design de forma ágil e desburocratizada”, realça Samar.
Com pouco mais de três anos de operação, a startup já concluiu mais de 65 mil materiais. O negócio, que começou em 2021 sem nenhum investimento inicial, hoje está consolidado no Brasil e com ambições de expansão internacional.
Como uma startup com duas sócias mulheres em um setor predominantemente masculino, a Hubee também enfrentou preconceitos. “Por diversas vezes, sentimos nossa competência colocada em xeque por meio de comentários e questionamentos. Sinto que, como empreendedoras, temos que constantemente nos provar e fazer muito mais para chegar aos mesmos lugares ocupados por homens”, relata Elaine. Esse cenário reflete uma realidade na qual menos de 5% das startups brasileiras são lideradas exclusivamente por mulheres.
Atualmente, a startup conta com 15 pessoas no time – designers, desenvolvedores, UX, finanças e um mentor da área estratégica. Todos trabalham de forma 100% remota, do Norte ao Sul do Brasil. Elaine mora em Foz do Iguaçu, enquanto Samar reside em São Paulo (SP).