Futebol de veteranos: exemplo nacional

O futebol de veteranos, também conhecido como “futebol masters”, é a categoria do chamado “esporte bretão”, praticado por aficionados que já passaram da idade (e alguns do peso ideal), mas que jamais deixaram de gostar desse esporte, que é considerado paixão nacional dos brasileiros.

Hamilton Mito Luiz Machado Nunes 

O futebol de veteranos, também conhecido como “futebol masters”, é a categoria do chamado “esporte bretão”, praticado por aficionados que já passaram da idade (e alguns do peso ideal), mas que jamais deixaram de gostar desse esporte, que é considerado paixão nacional dos brasileiros. 

Em Foz, essa modalidade sempre foi praticada, porém sem qualquer tipo de organização. As partidas estão mais para uma “pelada” de fim de semana de alguns “teimosos”, do que qualquer outra coisa mais séria. 

Essa prática deixou de ser uma atividade ocasional e desorganizada, quando um pequeno grupo de ex-jogadores do futebol amador, muitos deles com passagem pelo profissional, resolveram se reunir para fundarem o “Coroas Clube”. Como não poderia deixar de ser, é por aí que vamos começar a história dessa categoria do futebol, que na verdade é a essência do amadorismo no esporte. É praticada e vivenciada por aqueles que realmente amam o futebol como atividade esportiva, assim é o nosso futebol de veteranos. 

Em meados de 1971, um grupo de amigos, entre eles, Romeu Togni, Roberto Simões, João Portinho, Adão do Copo Gelado, Antenor Carneiro de Mello, Hector (Papi), Saucedo, Dilermando Jenzura, entre outros, fundaram o “Coroas Clube”. A intenção era convidar para a equipe, ex-jogadores das principais equipes do futebol amador iguaçuense, dessa forma, eliminando as discussões apaixonadas e a rivalidade que existia entre eles. 

Criado para melhorar o relacionamento dos integrantes, o Coroas jogava regularmente em amistosos com equipes de outras cidades e regiões. Essa prática se tornou um marco para a categoria de veteranos, além de representar Foz, foi a primeira experiência organizada desse esporte. O desportista Antenor Carneiro de Mello foi o primeiro presidente. 

O time do Coroas teve, em sua primeira fase, craques como Romeu Togni, Papi, Roberto Simões, Biguá, Nenê, Roberto Chirun, Zico, Lucio, Claudio Giovenardi, Breda, Barcelona, Chuss, Irineu Basso, Djalma Pires (Buru), Newton dos Santos (Bilinho), Gardelon, Raul Quadros, Francisco Xavier (Chico Cachorro), Amauri Rodinski, Lóris, Pedro Porco entre outros. Na segunda fase apareceram nomes como os de Santo Rafagnin, Jorge Portinho, Itacy Nieradka, André Ciriaco, Nelson (o Ligeirinho), Almir Flor (Maneco), etc. 

Das grandes jornadas dos Coroas, além dos sensacionais embates em Santo Alberto (um antigo distrito rural de Foz do Iguaçu, dentro do Parque Nacional do Iguaçu), temos que destacar a memorável partida com os Milionários, equipe de veteranos do futebol profissional brasileiro, que tinha em suas fileiras nomes como: Garrincha, Bellini, Djalma Santos, Ramos Delgado, Tupãzinho, etc. 

A partida foi realizada em 1973, quando a cidade tinha em torno de 30 mil habitantes. O espetáculo, no estádio Menezes da Rocha (campo do Guairacá), levou cerca de cinco mil torcedores. No final, o placar apontava 4 x 1 para os Milionários. O gol de honra dos Coroas foi anotado por Romeu Togni. 

Um detalhe do encontro dos veteranos de Foz e os veteranos craques do futebol brasileiro, que entrou para o folclore esportivo de nossa cidade, aconteceu mais ou menos assim: o endiabrado Garrincha estava sendo marcado pelo então lateral Raul Quadros. O iguaçuense, após levar uma série de dribles, encostou em Garrincha e disse no pé do ouvido: “Hei, Garrincha, pare com essas firulas!! Se você pensa que vai fazer teu nome em cima de mim, está muito enganado!!”. A turma da época jura que é verdade. 

A história dos confrontos do Coroas não ficou restrito ao embate contra os Milionários. A equipe também teve atuações expressivas, como a partida contra os veteranos do Santos Futebol Clube. O time santista atuou praticamente completo em Foz, exceto Pelé e o goleiro Gilmar. Na época a lista de estrelas do Santos eram formada por craques como Coutinho, Dorval, Mengalvio, Pepe, Zito, Joel, etc. O jogo, em Porto Alegre, contra os veteranos do Grêmio também merece destaque nessa análise. A partida contou com atletas como Airton, Tesourinha, etc, e foi uma preliminar do Campeonato Gaúcho. 

Na fase final da equipe, os Coroas participaram ainda de um torneio de futebol de veteranos, realizado durante três anos seguidos entre o final dos anos 70 e começo dos anos 80. A competição, que teve participação das equipes do Banco do Brasil, Polícia Federal e Guairacá. O primeiro time de veteranos de Foz sagrou-se tricampeão do certame. Após isso, os líderes do grupo resolveram “dar um tempo” e a equipe dos Coroas acabou naturalmente. Boa parte dos componentes recriou o Vasco. 

Campeonatos 
Após essa bem sucedida iniciativa, outros adeptos do futebol iniciaram uma movimentação para organizar uma competição dessa categoria. Nessa época, em 1979, os desportistas Aparecido Plácido dos Santos, Hector Roberto Saucedo (Papi), o tenente da PM José Silveira (hoje Tenente Coronel), Firmino Benitez e Tenente da PM Joaquim Silva (hoje Coronel da reserva), organizaram o 1º Campeonato de Veteranos do Município, que estabelecia idade mínima de 29 anos para os participantes. 

Esse grupo comandou a organização da categoria até meados de 1981, quando a Liga Iguaçuense de Futebol, através do presidente Sady Buzanello, assumiu a organização e o comando da competição, realizando os certames de 1982 e de 1983. 

Em 1984, por solicitação dos clubes participantes, um novo grupo formado por Jaime Marquesi, Pedro Argemiro dos Santos (Pedro Carcará) e Firmino Benitez, com apoio do então Secretário Municipal de Esportes, Homero Girelli e o diretor Técnico, Joel de Locco, retiraram a competição da Liga e criaram uma nova Comissão. 

Após uma discussão entre os interessados, foi criado então o primeiro regulamento de um Campeonato de Veteranos, mantido até 1994, quando passou a ser novamente coordenado pela Liga Iguaçuense de Futebol (LIF). Nesse período foi fundamental a colaboração e a participação de desportistas como Zanin, Otto, Jorge Portinho, Sargento Sarmento, Brites, Arnaldo Gamba, Sérgio Bavaresco. Esse grupo de atletas garantiu a formação e a manutenção da Comissão de Veteranos. 

A qualidade do futebol praticado pelos veteranos, aliada a excelente organização dos certames, especialmente na década de 1990, quando mereceu o apoio e a presença de uma considerável torcida, despertou a atenção da mídia esportiva nacional, que chegou a citar o campeonato, como exemplo a ser seguido, dada excelência do verdadeiro futebol amador. Um aspecto interessante e que chama a atenção na história dos Campeonatos da categoria, é a evolução da idade mínima, que era inicialmente 29 anos e chegou nos dias de hoje aos 45 anos. 

Esse fato originou duas versões de campeonatos de veteranos numa mesma temporada (uma de Verão e outra de Inverno), uma com a idade mínima de 30 anos e a outra de 35; depois 37, 39, 40 até chegar nos 45 anos de hoje. Isso permitiu que os jogadores precursores do 1º Campeonato continuassem disputando, dentro de uma faixa etária que lhes proporcionasse igualdade de condições com os demais atletas. 

Quadro demonstrativo dos campeonatos veteranos 

ANO CAT EQUIPES CAMPEÃO ARTILHEIRO 
1984 30 anos 08 FLAMENGO José Carlos 
1984 35 anos 08 ZANIN Vilson Henrique 
1985 30 anos 04 FLAMENGO Lauro Boaro 
1985 35 anos 08 ZANIN Vilson Henrique 
1986 30 anos 04 TRIÂNGULO Valdomiro 
1986 35 anos 
08 VASCO Lauro Boaro 
1987 30 anos 09 ASSERPI Lauro Boaro 
1987 35 anos 09 VASCO Nelson Domareski 
1988 30 anos 12 TRIÂNGULO Vilson Henrique 
1988 35 anos 09 CALDEIRÃO Vilson Henrique 
1989 30 anos 13 GAÚCHO Vargas 
1990 30 anos 14 FLAMENGO Luiz Mário 
1990 35 anos 12 GAÙCHO Vilson Henrique 
1991 33 anos 09 NACIONAL Vilson Henrique 
1991 37 anos 08 CALDEIRÃO Lauro Boaro 
1991 40 anos 04 VASCO Lauro Boaro 
1992 33 anos 16 VASCO Serafim Quintana 
1992 37 anos 10 FLAMENGO Roberto Domachoski 
1993 33 anos 17 ALIADOS Paulinho Cascavel 
1993 37 anos 
09 ALIADOS Roberto Domachoski 
1994 33 anos 12 ALIADOS Paulinho Cascavel 
1994 37 anos 10 ALIADOS Roberto Domachoski 
1995 33 anos 12 CALDEIRÃO Roberto Domachoski 
1995 35 anos 12 ALIADOS Paulinho Cascavel 
1996 35 anos 13 FLA MASTERS Vilson Henrique 
1996 39 anos 10 ALIADOS Paulinho Cascavel 
1997 35 anos 13 FLA MASTERS # 
1997 39 anos 12 ALIADOS Roberto Domachoski 
1998 35 anos 11 FLA MASTERS # 
1998 39 anos 10 ALIADOS Paulinho Cascavel 
1999 35 anos 11 FLAMENGO # 
1999 39 anos 12 CALDEIRÃO Jorginho 
2000 35 anos 14 ABC # 
2000 39 anos 11 FLA MASTERS José Antonio da Silva 
2001 39 anos 15 FLAMENGO Ozi Cardoso 
2002 35 anos 20 # # 
2002 39 anos 17 ABC # 

Fonte dos dados: De 1979 a 1983 – não foi possível levantar as informações/De 1984 a 1995 – Anotações de Jaime Marquezi; 

De 1996 a 1997 – Anotações de Ademir Flôr/De 1998 a 2002 – Anotações da L.I.F. 
# – Informações não disponíveis. 

Destaque 
O artilheiro dos artilheiros, na competição, é o atleta Roberto Domachowski, com 37 gols marcados na temporada de 1992, versão 37 anos. Além dos clubes tradicionais, como ABC Futebol Clube, Flamengo Esporte Clube, Gresfi e Vasco, na categoria tiveram participação grandes equipes montadas especialmente para esse fim, por Associações de Bairros (Três Lagoas, Vila Yolanda, Porto Meira, São Francisco, Porto Belo, etc), por clubes e/ou associações (Clube dos 14, Floresta, Ipê, Asserpi, Mônaco, etc), por grupos específicos (Flamengo Master, Gaúcho, Triângulo, União, etc), por empresas (Unicon, Itaipu, Zanin, Cascavel Toldos, Cidão, etc). 

Dessa lista, destaco apenas dois nomes, as equipes do Caldeirão e do Aliados Futebol Clube, dos quais vamos contar um pouco de sua história a seguir. 

Caldeirão 
Fundado em 1982, por um grupo de amigos que se conheciam desde a infância, mas que, apesar de se encontrarem regularmente para jogar futebol suíço e confraternizações como jantares, bailes, etc., eram rivais no futebol de campo. Parte deles jogava nos veteranos do ABC e outra no Flamengo. Esse fato era motivo de discussões homéricas diante da tradicional rivalidade dessas equipes. 

Para por fim a essas discussões que traziam constrangimentos, eles resolveram se juntar e fundaram assim o Clube Caldeirão, que recebeu esse nome por ser muito mais que uma simples “panelinha”. Para equilibrar as cores dos clubes de origem: ABC (vermelho e branco) e Flamengo (vermelho e preto), foi adotado um uniforme nas cores vermelho, branco e azul. 

Na primeira participação em um campeonato de veteranos, o tricolor conquistou a 3ª colocação. No campeonato seguinte sagrou-se campeão da categoria. Desde a fundação, até quando disputou o campeonato com sua tradicional equipe, formada basicamente pelos sócios fundadores, raramente o Caldeirão deixou de participar da decisão dos certames, tendo nesse período colecionado vários títulos de campeão, vice e ou 3º colocado. Na maioria das vezes, o Caldeirão fez ainda o artilheiro e/ou o goleiro menos vazado, tornando-se um ícone do nosso futebol de veteranos. 

Além das atividades esportivas de Foz, o Caldeirão se caracterizou como anfitrião e embaixador da cidade. A equipe recebeu diversas delegações que vieram jogar e conhecer os atrativos turísticos locais. O Caldeirão também realizou diversas excursões esportivas, algumas internacionais (Assunção e Caribe), sempre divulgando as maravilhas da tríplice fronteira por onde passou. 

Além do pessoal dos Falcões de Curitiba (formado por ex-jogadores do Coritiba e do Atlético), que freqüentemente vêm à cidade, vale destacar a vinda da Seleção Brasileira de Masters, que trouxe craques como: Dario, Edu, Chicão, Rondinelli, entre outros. É importante ressaltar que apesar de ter sua origem no esporte – futebol de campo e futebol suíço – o grande elo de ligação e de manutenção do Clube Caldeirão, que comemorou no ano de 2002, 20 anos de salutar convivência entre seus membros, é a sincera e desinteressada amizade que une associados e familiares. 

Um reflexo dessa união é a relação criada entre os filhos dos sócios fundadores. A história do Caldeirão demonstra que ele não é apenas um time de futebol, mas sim um grupo de pessoas, onde a amizade e o congraçamento comunitário são o maior objetivo. O clube se destacou ainda em diversas atividades, tais como Blocos Carnavalesco, sendo um dos mais premiado nos tempos áureos do Carnaval do Country Clube e pela tradicional festa caipira, realizada anualmente em junho ou julho. 

Apesar de uma pequena rachadura ocorrida no final dos anos 90, quando houve o afastamento de dois dos sócios fundadores do Clube. Mas como se diz no popular, em “tribo de caciques” é sempre normal divergências, especialmente por falta de espaço para o exercício de liderança e implantação de idéias. Dessa cisão nasceu os Aliados que foi uma inconteste prova de competência e que muito contribuiu para a maturidade de todos. 

Superado esse episódio foi feita a reintegração total dos afastados, que nunca deixaram de ser membros do Caldeirão, apenas se afastaram futebolisticamente. 

Ainda hoje, como já faz a mais de 20 anos, os membros do clube se reúnem todas as terças e quintas na sede própria (Avenida General Meira). O local é dotado de modernas instalações e é apropriado para a prática de esportes e confraternização dos membros, e aí se inclui os fundadores e um grupo de aproximadamente 35 participantes efetivos. 

Criticado por alguns, elogiado por poucos, místico para outros, copiado por tantos e invejado por muitos, este é o Caldeirão, que tem na simplicidade e na sinceridade de propósitos o segredo de sua profícua e contínua existência como parte integrante da comunidade iguaçuense. 

Aliados Futebol Clube 
Por entenderem que tinham seu espaço futebolístico tolhido dentro do Clube Caldeirão, inicialmente quatro de seus sócios fundadores, Neuso Rafagnin, Ademir Flôr, Roberto Domachowski e Hamilton Mito Nunes, resolveram afastar-se e fundar uma outra equipe de futebol para disputar a categoria de veteranos. 

Após tentativas de reconciliação, somente dois (Neuso e Ademir) dos associados dissidentes, mantiveram a sua posição inicial e juntamente com outros desportistas, especialmente os de origem paraguaia, com destaque para Salvador, Tito, Raul, Cata, Peralta, etc, fundaram em 1991, o Aliados Futebol Clube, que com as cores preta e branca, e seu escudo ostentando um míssil (face à guerra do Golfo que se desenrolava na época) e uma bola, nascia uma equipe que iria marcar época. 

O embate entre as equipes do Aliados e do Caldeirão, como não poderia deixar de ser, se tornou um dos grandes clássicos do futebol de veteranos, tendo na primeira partida entre si, o Aliados saído vencedor pelo escore 1 x 0, gol marcado pelo atleta Cigano. Como curiosidade à história dos confrontos entre estas duas equipes mostra um interessante equilíbrio com 14 vitórias para cada lado. 

Com um time modesto, mas com muita organização e aplicação, já no seu primeiro campeonato o Aliados conseguia uma honrosa 3ª colocação. Numa 2ª etapa, já com Ademir Flor deixando de jogar para tornar-se um vitorioso treinador, o Aliados viveu sua grande fase, tendo, no período de 1991 a 1999, ganhado oito títulos de campeão, três vice-campeonatos e três terceiros lugares, com diversos troféus de artilharia e de goleiro menos vazado. 

Tinha sua sede no Rafain Palace Hotel, onde ainda hoje estão seus troféus e demais bens, e teve como destaque, além de seus criadores Neuso Rafagnin e Ademir Flor, os jogadores: Vilson Henrique (grande artilheiro que jogou no futebol profissional do sudoeste paranaense – Pato Branco e Francisco Beltrão – e no oeste catarinense – Chapecó), Paulinho Cascavel (Artilheiro do Cascavel FC, do Joinville e com passagem no futebol português – Sporting e Porto), Roberto Costa (Goleiro da seleção brasileira, do Vasco, do Fluminense e do Internacional), Ramirez (lateral direito da seleção uruguaia – aquele que correu atrás do Rivelino, na homérica briga Brasil x Uruguai), Manoel (Cascavel FC, atualmente técnico nos Emirados Árabes), Peralta (Campeão mundial de futebol de salão pelo Paraguai), entre outros. 

A exemplo do Clube Caldeirão, o Aliados mantinha outras atividades entre seus membros, além da prática do futebol de campo, pois se reuniam regularmente em jantares com as famílias, especialmente para comemorar datas especiais, como Natal, Páscoa, aniversários, etc e, em eventos de época – festa junina, primando pelo congraçamento entre seus participantes. 

Em 1999, por considerarem ter alcançado os objetivos propostos quando da criação do Aliados, se reuniram seus associados e decidiram pela extinção do time, encerrando suas atividades, tendo a grande maioria de seus participantes, inclusive seus fundadores, ingressado no ABC Futebol Clube. 

Veteranos – vetor de integração Itaipu x Cidade 
A participação de atletas e times vinculados a Itaipu Binacional, foi extremamente importante para o sucesso da categoria e se deu sempre com muita galhardia e competência pelos atletas da Usina, que através dos Clubes Floresta e Ipê e/ou através de empreiteiras (Unicon), ou ainda através de equipes montadas especialmente para disputar a categoria (Unidos da Vila, Tocaf, Beloflame, Petrodólares, etc), sempre deram um brilho especial às competições que participaram. 

E, sem sombra de dúvidas, esse relacionamento aproximou em muito, a comunidade iguaçuense com o chamado “pessoal da Vila”, propiciando grandes amizades e acabando com todo e qualquer estigma, que porventura houvesse entre esses grupos, que, anteriormente, mantinham uma certa distância entre si. 

A aproximação foi natural, aliás, essa é uma das grandes virtudes do esporte – aproximar as pessoas e acabar com as desigualdades – porque dentro de um campo de futebol, os indivíduos se tornam iguais, não importando sua classe financeira e/ou intelectual. Daí a grande colaboração social do Campeonato de Veteranos, na integração entre as comunidades de Itaipu e da cidade. 

Atualmente, o nosso futebol de veteranos tem deixado a desejar, apesar dos esforços da LIF e de alguns aficionados, pois a baixa qualidade, por incompetência e por má fé, de algumas arbitragens, somadas a falta de esportividade e de escrúpulos de alguns dirigentes de clubes, que tentam ganhar o campeonato a qualquer custo, “comprando” arbitragens, pagando jogadores e, por mais absurdo que pareça, estimulando e facilitando para torcedores truculentos e embriagados invadirem o campo de jogo e agredirem árbitros e jogadores adversários. 

Esses lamentáveis fatos vêm maculando a linda e exemplar história do futebol de veteranos e esperamos que este relato possa contribuir para dar fim a esse absurdo estado de coisas, pois os últimos acontecimentos (na decisão dos últimos campeonatos) têm envergonhado quem aprecia o futebol de veteranos. 

Acreditamos no bom senso e na esportividade dos atuais dirigentes dos Clubes participantes dos “veteranos” e torcemos para que eles procedam a um saneamento nos seus quadros, afastando aqueles que são nocivos ao esporte e voltando à prática salutar e fraterna dos bons tempos das disputas entre veteranos. Da mesma forma é preciso que a LIF, através de seu setor competente faça uma “limpeza” no quadro de árbitros, para que voltemos a ter arbitragens imparciais e competentes, trazendo de volta assim o espírito e a prática do futebol de veteranos, que um dia foi considerado exemplo nacional. 

Finalmentes 
Para encerrar este relato preciso agradecer aos amigos colaboradores, sem os quais não teria sido possível chegar até aqui, pois foi através de depoimentos, documentos, fotografias e muita paciência, é que consegui juntar as peças dessa marcante história de nosso futebol de veteranos. 

Quero agradecer de coração, ao Jaime Marquezi, que com suas anotações e depoimentos propiciou que a maioria dos dados (datas e resenhas dos campeonatos) aqui apresentados fossem levantados; ao Aparecido Plácido dos Santos e ao Hector Papi Roberto Saucedo que relataram o começo de tudo; ao Raul Quadros pelas fotos, ao Romeu Togni, que mesmo estando em Santa Catarina, ajudou na história dos Coroas; ao Roberto Domachowski que cedeu fotos e me auxiliou a montar a história do Caldeirão; ao Ademir Flôr que com suas anotações e fotos colaborou muito, especialmente na história dos Aliados e a todos os demais que me ajudaram, muito obrigado!! 

Apesar das dificuldades de se conseguir as informações aqui contidas, pois a exceção de anotações desorganizadas dos colaboradores citados, nada está devida e formalmente registrado, especialmente na Liga de Futebol, onde os dados não estão disponíveis e os disponíveis não estão devidamente catalogados, o que é lamentável. 

Da Liga quero ressaltar apenas a dedicação e a boa vontade do seu atual presidente, o esforçado Manoel Jobes, o Michimi, que franqueou o material bruto que dispunha, para minha pesquisa. Por isso é possível que existam incorreções em algumas informações (além da falta de algumas delas), pelo que, antecipadamente peço desculpas, mas como acredito que “só não erra, quem não tenta”, vou continuar fazendo a minha parte e, antes mesmo de qualquer reclamação, prometo que na próxima vez, vou incluir a história de outras grandes equipes. 

Apesar dos pesares, espero que o resultado tenha ficado bom e neste final, quero prestar uma sincera homenagem a todos os grandes atletas que passaram pelo nosso futebol e para não correr o risco de esquecer de alguém, vou personificar todos, na citação de meus queridos irmãos Zico, Dedé (in memorian) e Tonho, que fazem parte da história do nosso futebol. 

Hamilton Mito Luiz Machado Nunes é Iguaçuense nato, esportista por convicção e por hereditariedade, pois é filho de Almir Antonio Machado Nunes, um dos fundadores e dos primeiros presidentes de LIF e também, um dos primeiros presidente do Guairacá Esporte Clube. 

Fonte: Revista Cabeza, edição nº 12, julho de 2003

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