H2FOZ – Cláudio Dalla Benetta
Olha quanta sabedoria neste ditado popular pessimista: “Se correr, o bicho pega; se ficar, o bicho come”.
Enquadra-se perfeitamente na situação da pandemia, que não dá trégua, não respeita a lógica, não tem remédio predador e muito menos uma vacina, ao menos até agora.
Consequência: a Europa volta a ser assolada por casos de novo coronavírus. A França, de sexta para sábado, foi o país que registrou o terceiro maior número de casos, atrás apenas de Estados Unidos e Índia. Foram 30.543, 6 mil a mais que no Brasil no mesmo dia (24.062).
O governo francês vai impor toque de recolher pra tentar segurar o novo surto. Por aqui, a situação não é confortável – pelo contrário -, mas ao menos a média móvel de casos e de mortes vem diminuindo. Até nos arriscamos a abrir fronteiras com o Paraguai, pra evitar que a fome mate mais que a pandemia.
Mas que isso representa um risco, não há dúvida. No Uruguai, país em melhor situação na América Latina, a abertura de fronteiras com o Brasil pode ser a causa de surtos em Rivera, onde centenas de pessoas tiveram que ser isoladas. Há 99 casos ativos no departamento, cuja capital, também chamada Rivera, faz fronteira com o Brasil, segundo o jornal uruguaio El País.
Mas o Uruguai também está aberto para a vinda de argentinos, que chegam em massa ao país. Isso também pode explicar o aumento do número de casos e de mortes na última semana. Eram 2.251 casos, agora são 2.501; e houve mais duas mortes, passando o total para 51.
Nada que tire o posto do Uruguai de país em melhor situação na América Latina. Mas é também um indicador de que não há paraíso livre da pandemia.
No balanço a seguir, o que há de positivo é a queda da média móvel de casos em Foz e no Paraná. Mas a regional de Saúde de Foz continua com o maior número relativo de casos no Estado, bem superior à média brasileira.
Confira
Foz tem mais internados, boa recuperação e queda móvel dos casos
Foz fechou o sábado, 17, com o total de 8.102 casos e 124 mortes. Os óbitos representam 1,53% dos casos, um ligeiro aumento em relação à semana passada (era 1,51%).
Os recuperados são 7.725, um índice excepcional de 95,3% do total dos casos.
A média móvel de casos, até este sábado, diminuiu para 45 por dia. Mas ainda é um número elevado.
Estavam internados, ontem, 83 pacientes (eram 80 na semana passada), dos quais 51 são iguaçuenses com casos confirmados de covid. Os demais são moradores de outros municípios ou casos ainda em análise.
Para comparar: a letalidade (isto é, o percentual de mortes em relação ao total de casos) é de fato baixa em Foz do Iguaçu (1,53%), na comparação com o Paraná (2,5%) e com o Brasil (2,95%).
Mas observe: a incidência da doença, em Foz, é mais de 50% superior à do Brasil. São 3.164 casos a cada 100 mil habitantes (na semana passada, eram 3.004); no Paraná, são 1.708, considerado risco intermediário (menos de 50% da média brasileira, que é de 2.423 casos a cada 100 mil habitantes.
A 9ª Regional de Saúde de Foz do Iguaçu, que inclui mais oito municípios (Santa Terezinha de Itaipu, São Miguel do Iguaçu, Matelândia, Medianeira, Itaipulândia, Missal, Ramilândia e Serranópolis do Iguaçu) está em 1ºlugar no Paraná, em incidência de casos: são 2.860 a cada 100 mil habitantes, o que configura situação de emergência.
Em mortes, a situação é de alerta, já que o índice é menor que o do Paraná (aqui são 38,2 mortes a cada 100 mil habitantes, enquanto no Estado são 42,5 a cada 100 mil).
Como sempre repetimos, quanto mais casos, mais mortes. Estamos vendo isso em Foz. Se a letalidade é de 1,5%, isso significa que, a cada 200 casos, há três mortes. E pra atingir esses 200 casos, na média de Foz, bastam apenas três dias.
Veja o mapa do calor em Foz. A área central é a que tem a maior concentração de casos.
Paraná tem queda na média móvel de casos e de mortes
O Estado encerrou a semana com 196.673 casos e 4.873 mortes. Os recuperados somam 150.915. O índice de recuperação, portanto, é de 76,7%, bem inferior ao de Foz do Iguaçu. Aliás, inferior até à média nacional.
A média móvel de casos, de 1.083 diários na última semana (até sábado, 17), caiu 20,6% em relação há 14 dias. Em relação à semana anterior, a queda foi de 26,7%.
A média móvel de mortes, nos últimos sete dias (até sábado), diminuíram 44,4%, em relação há duas semanas. Agora, são 17 por dia (não é um número baixo, observe bem).
No Paraná, ontem, havia 733 pacientes com diagnóstico confirmado de covid-19 internados, dos quais 334 em UTI.
A taxa de ocupação de UTI adulto, no Paraná, está na média de 76%, no caso dos pacientes do SUS; em enfermarias, é de 70%. E na UTI pediátrica, 31%.
No Brasil, com redução e tudo, foram 461 mortes no último informe
Em um só dia, mais 24.062 diagnósticos positivos para covid-19, somando agora 5.224.362; e mais 461 mortes, que totalizam 153.675 desde o início da pandemia.
Do total de casos, 4.635.315 pacientes se recuperaram. O índice de recuperação é de 88,7%. Há 435.372 pacientes em tratamento.
Em termos absolutos, São Paulo lidera em mortes (37.992, para 1.062.634 casos); depois, vêm Rio de Janeiro (19.715, para 289.569 casos), Ceará (9.207 para 264.245 casos), Pernambuco (8.480 para 155.923 casos) e Minas Gerais (8.405, para 333.998 casos).
As unidades da Federação com menos óbitos são Acre (679), Roraima (681), Amapá (731), Tocantins (1.042) e Rondônia (1.421).
Veja no quadro abaixo: o Paraná está em 11º lugar em número de casos e 10º em mortes. O Rio Grannde do Sul tem mais casos (está em 9º lugar) e mais mortes (8º). Santa Catarina tem mais casos (8º lugar), mas bem menos mortes (15º).
Nível de leitos ocupados no Paraguai é elevado, mas já não preocupa Saúde
O Paraguai registrou até ontem 54.015 casos e 1.179 óbitos. Do total, 35.524 se recuperaram. O índice de recuperação melhorou nos últimos dois meses, mas ainda é baixo na comparação com o Brasil, por exemplo: 65,7%.
Atualmente, há 759 pacientes internados, dos quais 142 em terapia intensiva. Ao jornal Última Hora, a diretora de Terapias e Serviços de Urgências Hospitalares, Leticia Pintos, diz a ocupação de leitos já não preocupa tanto como até três semanas atrás.
“Há três semanas estávamos no limite, como caminhando na corda bamba. Agora não estou caminando na corda bamba, estou caminhando sobre uma muralha”, comparou.
A ocupação de leitos de UTI atualmente é de 82%, no país. A situação é mais grave no departamento Central, onde chega a 90%.
Só para lembrar, no final de julho o Paraguai praticamente desaparecia no ranking mundial de covid-19. Estava apenas em 100º lugar em casos e em 123º em mortes.
A situação mudou e até se inverteu. Em casos, o Paraguai está agora no 63º lugar; em mortes, no 52º.
Argentina vive um aumento célere de casos e de mortes
Veja esses números do Brasil, de sexta para sábado: mais 24.062 casos e 461 novas mortes.
Compare agora com os últimos números da Argentina: mais 13.510 casos e 384 mortes.
A Argentina tem uma população quase cinco vezes menor que a brasileira. Proporcionalmente, portanto, os casos e as mortes por covid-19, nessas 24 horas, superam os números do Brasil.
Mas não nos totais. Proporcionalmente, a Argentina ainda está melhor: são 979.119 casos e 26.197 mortos. No Brasil, portanto, já morreram quase seis vezes mais pessoas que no país vizinho.
Mas a Argentina sobe rápido no ranking mundial. Passou do 6º para o 5º lugar, em uma semana, e agora está atrás apenas de países bem mais populosos: Estados Unidos, Índia, Brasil e Rússia.
Em mortes, permanece que está em 12º lugar, mas à frente da Rússia, que tem duas mil mortes a menos.
Importante destacar que a Argentina ainda está em quarentena, e em algumas províncias o rigor foi ampliado, já que o interior vem alcançando rapidamente os números da região metropolitana de Buenos Aires, antes o epicentro da pandemia.
Há 4.386 argentinos internados em UTIs, que estão com ocupação média de 64,2% no país e de 63,4% na área metropolitana, segundo a Agência Télam.
O total de recuperados chega a 791.174 pessoas. O índice, de 80,8%, é superior ao registrado no Estado do Paraná.
O ministro da Saúde argentino, Ginés González García, avalia que em toda a América “a pandemia está tendo uma duração inesperada”, por isso é preciso que a sociedade continue com as medidas preventinas, já que a vacina “poderia chegar no princípio do ano” e, de maneira massiva, apenas em março.
Panorama mundial
A Agência Télam também faz uma avaliação da situação no planeta. Na Europa, vários países voltaram a registrar recorde de contágios, no que é considerada a segunda onda da pandemia, que já soma 39,5 milhões de infectados e 1,1 milhão de mortos.
As novas infecções no continente europeu aumentaram 44% na última semana, enquanto diminuíram na América Latina, no Oriente Médio e na Ásia, diz a Télam, com base em informações da agência de notícias AFP.
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