Formação do Município

Em meio dos percalços da Colônia Militar, em 1897 foi em Foz do Iguaçu uma agência fiscal chefiada pelo capitão Lindolfo Siqueira Bastos, que encontrou a região abandonada, ou mais precisamente entregue à exploração predatória por estrangeiros.

Em meio dos percalços da Colônia Militar, em 1897 foi em Foz do Iguaçu uma agência fiscal chefiada pelo capitão Lindolfo Siqueira Bastos, que encontrou a região abandonada, ou mais precisamente entregue à exploração predatória por estrangeiros.

Ele registrou a existência de apenas 13 casas cobertas de tabuinhas e alguns ranchos de palha. A agência fiscal foi o embrião da Mesa de Rendas Federais que seria instalada em 1905. 
 

Nos primeiros anos deste século a população de Foz do Iguaçu era de cerca de 2.000 pessoas e o vilarejo dispunha de uma hospedaria, quatro mercearias, um rústico quartel militar, mesa de rendas e estação telegráfica, engenhos de açúcar e cachaça e uma agricultura de subsistência. 

Em 1910 a Colônia Militar passou à condição de “Vila Iguassu”, distrito do Município de Guarapuava, e em 1912 o Ministério da Guerra emancipou a Colônia tornando-a um povoamento Civil entregue aos cuidados do governo do Paraná, que criou então a Coletoria Estadual da Vila. 

As condições estavam postas para que a Vila fosse elevada a Município, o que aconteceria dois anos depois. Em 14 de março de 1914, pela Lei 1383, foi criado o Município de Vila Iguaçu, instalado efetivamente no dia 10 de junho do mesmo ano, com a posse do primeiro prefeito Jorge Schimmelpfeng e da primeira Câmara de Vereadores, formada por Jorge de Oliveira Silveira, Fidélis Alves, Fulgêncio Pedroso de Almeida, Jorge Samwais, João Martins Boska e Ignácio de Sá Sottomaior. O município passou a denominar-se “Foz do Iguaçu”, em 1918. 

Jorge Schimmelpfeng, de origem alemã, saiu de Curitiba rumo a Foz do Iguaçu integrando uma comissão designada pelo governo Estadual para fazer estudos e planos de povoamento e desenvolvimento do extremo Oeste do Paraná. Apesar do ambiente inóspito, da pobreza, decidiu plantar raízes em Foz do Iguaçu, onde se tornaria um líder de muito prestigio. 

Como prefeito, governou o município de 1914 a 1924. Quando faleceu em 1920, aos 53 anos de idade, a revista “O Itiberê”, de Paranaguá, dizia em artigo assinado por Zenon Leite: “Quando se fizer um perfeito relato dos primórdios civilizadores desse jovem município (Foz do Iguaçu), virão ao lume os nomes daqueles que mais contribuíram pela sua grandeza, e, então, esculpido em letras de ouro, aparecerá o nome de Jorge Schimmelpfeng”. 

Entre muitos méritos, Jorge Schimmelpfeng tem o de ter conseguido liderar a luta pela elevação da Vila a Município. Ottília Schimmelpfeng, filha de Jorge, em memórias escritas cita trecho de uma crônica do jornalista Júnior. “Esta crônica é escrita para lembrar um dos paranaenses que mais se bateram para que os poderes públicos não se esquecessem de Foz do Iguaçu. Foi ele o infalível Jorge Schimmelpfeng, curitibano que lá deixou ilustre descendência. Ele mesmo, quando lá o encontramos em 1920, construiu um hotel para melhor hospedar os turistas. 

Foi um precursor, um entusiasta, um paranaense que se destacou como pioneiro e divulgador dos aspectos monumentais do Oeste . A região é, por todos os títulos, merecedora de dedicações como a do saudoso curitibano Jorge Schimmelpfeng”. 

Conta Ottília que quando Jorge deixou a Prefeitura em 1924 estava em situação financeira ruim e com os primeiros sinais da doença que levaria à morte em 1929. 

Passou seus últimos anos de vida em Curitiba, onde tinha familiares e tratamento médico que em Foz do Iguaçu inexistia. Faleceu e está sepultado em Curitiba. Nas suas memórias, porém, Ottília diz: “Os restos mortais de meu Pai jazem ainda em Curitiba, apesar de uma lei municipal determinar que sejam removidos e encerrados em mausoléu erigido às expensas do Município, para que repouse para sempre na terra que tanto amou”. 

Nas primeiras décadas de existência os avanços do novo município foram penosos, lentos e pequenos. A região era pouco habitada. Por toda a área ribeirinha do rio Iguaçu não havia núcleos de brasileiros. No rio Paraná não havia navegação nacional. A cidade de Foz do Iguaçu era servida por um porto que não passava de uma simples rampa em local de difícil atracação. 

No lado paraguaio existia um porto aberto por uma companhia de extração de madeira. O único núcleo de desenvolvimento digno de menção à época era Porto Mendes, perto de Guairá, No rio Paraná. Seu desenvolvimento era conseqüência de ser porto de escoamento de erva-mate da companhia Mate Laranjeira. 

Faltavam estradas e comunicação. A antiga estrada ligando Foz do Iguaçu a ponta Grossa através de Catanduvas e Guarapuava era de trânsito didicílimo em época de estilagem e simplesmente impraticável em época de chuva. O transporte de passageiros era feito quase exclusivamente por barcos estrangeiros que trabalhavam com frete de erva-mate e madeira. 

Para complicar ainda mais, em 1924, a cidade foi invadida pelos revolucionários da Coluna Prestes. Por quase um ano uma parte considerável da população de Foz do Iguaçu viveu refugiada na Argentina e no Paraguai, num drama que dispensa detalhes aqui, porque está fartamente narrado nas entrevistas que compõem esta publicação. 

Além de tudo isso, o município e a região eram tratados com total descaso pelo governo estadual. Surge então a idéia separatista, ou simples redivisão do país de modo a fazer da região um território federal. A idéia, porém, não prospera. 

A situação de Foz do Iguaçu experimentou alguma melhora a partir da Revolução de 1930, no sentido de sua maior inserção econômica, política e social no Paraná. Foi nomeado interventor federal no Estado o general Mário Tourinho, que se tomou medidas enérgicas para a nacionalização da fronteira, num movimento de “marcha para o oeste” incentivado pelo governo federal também em outras regiões do país. Tourinho tornou obrigatório o uso da língua portuguesa e da moeda nacional no comércio e nos serviços públicos, e nacionalizou latifúndios. 

Para desenvolver a região, propôs medidas como criar em Foz do Iguaçu uma Prefeitura Especial por dez anos, com, direito a ficar com toda a arrecadação de impostos estaduais e federais. Pretendia, com empréstimo do Banco do Brasil, construir um centro turístico que seria também uma nova cidade. Querida sanear a região, nacionalizar a população e implantar o ensino público. 

Anulou concessões de terras já efetuadas a companhias colonizadoras do Rio Grande do Sul, passando a posse ao governo do Estado. As colonizadoras, porém, fizeram um “lobby”junto ao governo federal, pressionando para continuarem com carta-branca para colonizar o Oeste do Paraná com gaúchos e catarinenses. Isso valeu ao general Tourinho a exoneração do cargo de interventor federal no Estado. 

Já por outros motivos, o Território Federal do Iguaçu seria criado em 1943, em decorrência da Constituição de 1937, que estabeleceu que a faixa de terras de 150 km ao longo da fronteira não poderia ser comercializada nem receber estradas ou colonização sem autorização do Conselho Superior de Segurança Nacional. Mas o decreto de criação do Território não definiu sua sede, o capital. Nos primeiros oito meses, a sede foi Foz do Iguaçu, mas o governador do Território resolveu mudá-la para Laranjeira do Sul, sob o argumento de que ficaria “mais próximo da civilização”. 

A transferência da capital para Laranjeiras do Sul fez a população de Foz do Iguaçu perder a esperança no desenvolvimento da Cidade e da região. Não seria por isso que o município ia empacar, pois o território do Iguaçu seria extinto três anos depois de criada. Graças a emenda apresentada por Bento Munhoz da Rocha Neto na elaboração da Constituição de 1946, o Território do Iguaçu foi reintegrada ao mapa do Paraná. Bento Munhoz qualificou de “absurdo monstruoso” a criação do Território e afirmou que sua extinção não prejudicou, e sim favoreceu o crescimento da região Oeste. 

Galeria dos Prefeitos de Foz do Iguaçu 
1914 – Cel. Jorge Schimmelpfeng 
1924 – Jorge Samways 
1928 – Dr. Heleno Schimmelpfeng 
1930 – Jorge Samways 
1930 – Júlio Pasa 
1930 – Dr. Othon Maeder 
1931 – José Werner 
1932 – Capitão Dr. Felipe de Souza Miranda 
1933 – Dr. Antonio de Souza Mello Junior 
1933 – Jorge Samways 
1938 – Tenente Manoel Diniz 
1939 – Capitão Melquíades do Valle 
1940 – Tenente Abílio Rodrigues 
1940 – Capitão Miguel Balsi 
1941 – Capitão Melquíades do Valle 
1942 – Major Artur Borges Maciel 
1943 – Tenente Nelson Nascimento Ribeiro 
1943 – Ayrton Ramos 
1944 – Emilio Correia de Oliveira 
1945 – Ayrton Ramos 
1947 – Julio Pasa 
1951 – Francisco Guaraná de Menezes 
1955 – Dr. Dirceu Lopes 
1959 – Emilo Henrique Gomes 
1963 – Ozires Santos 
1969 – Cel. Julio Werner Hackadt 
1970 – Silvino Dal’Bó (Pdte da Câmara) 
1972 – Cel. Sabino Neves Vieira 
1973 – Tercio A. Albuquerque (Pdte da Câmara) 
1973 – Cel. Caetano Pinto Rocha 
1974 – Tercio A. Albuquerque (Pdte da Câmara) 
1974 – Cel. Caetano Pinto Rocha 
1974 – Osmar de Oliveira (Pdte da Câmara ) 
1974 – Engº Clóvis Cunha Viana 
1981 – João küster (Pdte da Câmara) 
1981 – Engº Clóvis Cunha Viana 
1984 – Bel. Wádis Vitório Benvenutti 
1985 – Perci Lima (Pdte da Câmara) 
1986 – Dobrandino Gustavo da Silva 
1989 – Álvaro Apolloni Neumann 
1993 – Dobrandino Gustavo da Silva 
1997 – Harry Daijó 
2001 – Celso Sâmis da Silva 

Fonte: Livro Foz do Iguaçu – Retratos, junho de 1997

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