H2FOZ – Cláudio Dalla Benetta
Depois de uma segunda-feira de compras, acabou a festa em Pedro Juan Caballero, na fronteira com Ponta Porã – Mato Grosso do Sul. Um forte contingente de militares paraguaios ocupou a linha fronteiriça que divide as cidades, informa o jornal Última Hora.
Os militares são da Força de Tarefa Conjunta (FTC), que depois do sequestro do ex-vice-presidente Óscar Denis haviam afrouxado o controle da fronteira, o que flexibilizou o fluxo de pessoas entre as duas cidades. (Sobre o sequestro, leia no final).
Os próprios moradores de Pedro Juan Caballero haviam retirado alguns obstáculos que impediam a entrada de brasileiros. Com a reabertura de alguns grandes centros comerciais, houve até filas em algumas lojas.
Mas o movimento de brasileiros só não foi maior porque tinham medo de cruzar a fronteira de carro, já que estariam sujeitos a multa que pode chegar a R$ 2 mil, segundo o jornal Ponta Porã News.
Os comerciantes paraguaios, obviamente, não gostaram da volta maciça de militares e anunciam mobilizações, informa ainda o Última Hora.
O jornal Hoy também deu a notícia, dizendo que os comerciantes asseguram que a situação epidemiológica naquela fronteira está estável, sem aumento significativo de casos e de mortes por covid-19.
Vale o acordo
Sobre a reabertura oficial das fronteiras entre o Brasil e o Paraguai, nada de novo.
Isto é, mesmo com nova portaria prorrogando por mais 10 dias a proibição de ingresso de estrangeiros no Brasil, por terra e por meio aquático, está mantido o acordo de que serão reabertas até dia 15, mesmo que seja apenas pelo conceito de cidades-gêmeas, com a transposição da fronteira limitada aos moradores dos municípios de ambas as margens do Rio Paraná.
Os dois presidentes, Jair Bolsonaro e Mario Abdo Benítez, devem se encontrar na Ponte da Amizade, em solenidade que marcará a reabertura. A data ainda não foi marcada.
Nenhuma pista de sequestradores e sequestrado
Os militares da FTC continuam em busca do ex-vice-presidente paraguaio Óscar Denis, sequestrado há 29 dias pelo Exército do Povo Paraguaio (EPP).
O tenente-coronel Luis Apesteguía, porta-voz da FTC, disse ao jornal Última Hora que ainda mantém esperanças de que o sequestrado esteja vivo, embora ele seja dependente de medicamentos para diabetes e hipertensão.
Vale lembrar, também, que o empregado dele, o indígena Adelio Mendoza, testou positivo para covid-19, quando foi examinado logo depois de libertado pelos sequestradores. Ele ficou no cativeiro junto com Óscar Denis.
A família do ex-vice-presidente agora faz silêncio. Ela cumpriu todas as exigências feitas pelos sequestradores, que exigiram a doação de US$ 2 milhões em víveres para 40 comunidades.
A última vez que falou com a imprensa, Beatriz Denis pediu que os captores se comuniquem e, se quiserem pedir alguma coisa a mais, a família negociaria.
O EPP havia exigido do governo que libertasse da prisão seus principais líderes, Carmen Villalba e Alcides Oviedo, e tinham dado um prazo de apenas cinco dias, do contrário o ex-vice-presidente seria fuzilado.
O governo não libertou os líderes, porque isso iria contra a Constituição do Paraguai. Num sequestro anterior, do policial Edélio Morínigo, os guerrilheiros haviam feito o mesmo pedido. Até agora a vítima não foi libertada, embora haja consenso de que já tenha sido assassinada.
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