H2FOZ
Desta vez, não são apenas respostas a bobagens que circulam nas redes sociais, mas dúvidas que têm algum fundamento e exigem maior explicação.
Quantidade de pessoas e densidade de habitação foram os maiores estopins da pandemia
FALSO
Analisando Wuhan, a região onde tudo isso começou, vê-se que a cidade tem uma densidade demográfica bastante elevada e uma enorme circulação de pessoas – essa foi uma das causas da infecção generalizada, mas não o principal estopim.
O principal estopim foi o desconhecimento do vírus e a forma como ele foi tratado no início. As pessoas, desconhecendo sua letalidade, seguiram a vida normalmente, sem cumprir um protocolo de segurança para impedir a circulação do vírus.
As pessoas andavam sem máscaras, se comunicando e agindo normalmente – assim, o vírus teve a chance de espalhar-se pelo mundo todo. Independentemente da quantidade de pessoas. Se as normas de segurança forem seguidas corretamente, diminui-se a chance de uma pandemia.
Fernando Shpak, professor de Geografia do Colégio Semeador
A Gripe Espanhola matou mais pessoas que a atual pandemia (covid-19).
Brasil (VERDADEIRO) – Mundo (FALSO)
Para dar uma resposta, é necessário levar em conta alguns parâmetros de cada época: a facilidade do fluxo de pessoas, a qualidade de vida das pessoas – doenças atuais como estresse e má alimentação -, políticas públicas adotadas pelos governos, avanço da medicina e o fluxo de informações.
A partir disso, é possível traçar um parâmetro entre as mortes e fazer um paralelo: A Gripe Espanhola matou cerca de 50 milhões de pessoas no mundo (2,7% da população mundial). No Brasil foram cerca de 35 mil mortos, quando o País tinha aproximadamente 30 milhões de pessoas.
A covid-19 bateu esse número em julho, quando o Brasil chegou a 35.028 casos de mortos pelo vírus. No mundo, 688 mil pessoas morreram pelo novo coronavírus (0,005% da população mundial).
São comparações muito diferentes. Mas, ficando apenas nos números, oficialmente a covid-19 matou no Brasil muito mais do que a Gripe Espanhola, segundo dados da Universidade Johns Hopkins. Devemos levar em conta também que a Gripe Espanhola atingiu o Brasil de forma marginal, enquanto o País é um dos epicentros da pandemia da covid-19 – com a segunda posição no número de contaminados, atrás somente dos Estados Unidos.
Matheus Lima – Professor de História do Colégio Semeador
A pandemia do novo coronavírus gerou muita violência em todo o mundo por motivos xenofóbicos?
VERDADEIRO
Essa notícia é verdadeira, inclusive o secretário-geral da ONU, António Guterres, no mês de maio, alertou o mundo para tomarmos o cuidado e combatermos o “vírus do ódio”, essa tsunami de ódio que está atingindo povos chineses, muçulmanos e semitas – sendo relacionados como fontes diretas do vírus e culpados pela pandemia, algo extremamente complicado e perigoso.
Alexandre Izeni – professor de Filosofia e Sociologia do Colégio Semeador
Diarreia e vômito são também sintomas do novo coronavírus
VERDADEIRO
Os sintomas mais comuns na infecção do vírus SARS-CoV-2, o causador da covid-19, são tosse, dor de garganta, febre e insuficiência respiratória, nos casos mais graves. Isso porque o vírus entra pelas vias respiratórias e pode se alojar tanto na faringe (garganta), como nos pulmões.
Como os estudos da infecção pelo vírus ainda são recentes, os sintomas menos comuns vão sendo reportados à medida que são estudados e aparecem nos pacientes. Os médicos e cientistas ainda estão procurando entender como o vírus se comporta no organismo infectado, diferentemente dos vírus conhecidos há muito tempo, que já têm seus sintomas muito bem definidos.
Há um estudo retrospectivo francês que relata uma taxa significante de sintomas gastrointestinais, como diarreia, e outros estudos que estimam que cerca de 3% dos infectados pelo vírus SARS-CoV-2 apresentam alterações como vômito, náusea e diarreia, sem manifestação respiratória. Podemos então dizer que os sintomas gastrointestinais, como diarréia e vômito, são sintomas do novo coronavírus.
Roberta Carvalho Ferreira – professora de Ciências e Sociologia do Colégio Semeador
Isolamento social não é comprovadamente eficaz contra a covid-19
FALSO
“O impacto positivo do isolamento social foi comprovado por pesquisas realizadas ao redor do mundo, durante o período de pandemia. Além da diminuição da curva de contágio, visível em países como a Espanha e a Itália, a comprovação da medida vem também da confirmação científica, como em uma pesquisa realizada na Universidade de Hong Kong e publicada na revista científica The Lancet, que demonstra uma grande efetividade do isolamento social em diminuir a incidência de casos na China.”
Sharmany Taffarel, professora da escola Passo Certo
Os medicamentos aprovados em testes laboratoriais são imediatamente eficazes nos testes de pessoas
FALSO
Toda investigação científica tem início com uma etapa preliminar de pesquisa, que chamamos de ensaios pré-clínicos, realizados “in vitro” e “in vivo”. Para os testes in vitro são utilizadas culturas celulares (isoladas ou organizadas em tecidos) mantidas e manipuladas em ambientes totalmente fechados e controlados, como um laboratório. Os testes in vitro têm como objetivo avaliar os efeitos de uma substância antes que ela passe a ser utilizada in vivo, evitando cobaias para a realização de experimentos científicos.
Nos testes realizados in vivo são utilizadas cobaias, como modelos do organismo humano, sendo normalmente escolhidos ratos ou camundongos. Esses estudos são um passo importante para identificar níveis seguros de eficácia e toxicidade para que possam ser ministrados para humanos, no ensaio clínico.
Sendo assim, pode-se afirmar que os remédios não são imediatamente eficazes em pessoas, pois os testes laboratoriais são feitos em espaços controlados e não mostram uma representação completa de um organismo vivo frente ao medicamento.
Thaline de Quadros, professora do Colégio Positivo Master
O real foi uma das moedas mais desvalorizadas devido à pandemia
VERDADEIRO
Em 2020, enquanto o real já caiu mais de 15% em relação ao dólar, outros países acumulam perdas menores na mesma comparação. Mas, fora o coronavírus, outros fatores influenciam essa desvalorização ainda mais forte da moeda brasileira diante das turbulências globais. Uma parte dessa desvalorização do câmbio é um movimento global: tem um monte de gente querendo saber sobre o coronavírus, como isso vai afetar o crescimento global – e isso tem impacto sobre várias moedas, não só o real. Mas, no caso brasileiro, há também o impacto de algumas questões domésticas, como juros, crescimento baixo e preço de commodities.
A primeira peculiaridade do cenário brasileiro a jogar para cima as cotações do dólar é, sem dúvida, o longo ciclo de retração dos juros básicos da economia. A redução sucessiva da Selic a patamares mínimos históricos – a taxa está atualmente em 4,25% ao ano — tornou alguns rendimentos baseados na taxa de juros brasileira menos atraentes para o investidor estrangeiro, o que recentemente prejudicou o desempenho do real.
Rodrigo Vitorassi, professor de Matemática do Colégio Semeador
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