Falta de manejo preventivo contribui para queda de árvores durante temporais

Nos 7 primeiros meses deste ano, 1.011 árvores caíram no Paraná. Em Foz do Iguaçu foram mais de 100.

H2FOZ – Denise Paro
Com assessoria CREA

A ocorrência de temporais serve de alerta para a população pensar em algo de extrema importância para qualquer cidade: as árvores. Entre janeiro e o início de julho deste ano, um total de 1.011 árvores caíram em áreas urbanas de 35 municípios paranaenses. A maior parte das quedas – ou seja, 91,8% – ocorreu durante a passagem do ciclone bomba no dia 30 de junho. Somente em Foz do Iguaçu, a força do vento derrubou cerca de cem árvores. 

Inspetor do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Paraná (CREA-PR), o engenheiro agrônomo Jullian Luis Stulp explica que diversos fatores contribuem para a queda de árvores, sobretudo a falta de cuidados e adaptação ao clima. “Antigamente as árvores eram plantadas apenas por uma questão de estética em determinado local, mas elas não se adaptavam ao ambiente. Hoje em dia esse paradigma de arborização urbana mudou e preza pela característica de cada região”, salienta.

Stulp afirma que hoje se busca reduzir a manutenção com o plantio de espécies que geram poucas folhas e que apresentem boa adaptação climática, resultando assim em pouca incidência de pragas. Ele ainda lembra que os municípios devem fazer a revisão e readequação dos seus planos de arborização periodicamente, de acordo com a legislação. 

Em Foz do Iguaçu, somente neste ano foram podadas 9.494 árvores e realizadas 613 supressões, isto é, corte total. Esse número também considera ações efetuadas pela Defesa Civil e Secretaria do Meio Ambiente, principalmente após tempestades.  

As podas e supressões ocorrem mediante um protocolo encaminhado pelo morador à Secretaria Municipal do Meio Ambiente (SMMA). Na sequência, um fiscal avalia o risco de queda. 

Conforme a prefeitura, o trabalho de supressão ficou parado durante dez anos. Por isso, nesse período, algumas árvores caíram com o tempo e houve casos de moradores que desistiram do processo (ver infográfico).

Quem devem retirar os tocos?

Avenida República Argentina, no centro – Foto Marcos Labanca

Os constantes cortes podem ser notados pela coleção de tocos à vista pela cidade. Apesar de fazer a supressão, o município não se responsabiliza pela retirada das raízes das árvores, conforme o Decreto Municipal nº 27.460, de 14 de agosto de 2019, que regulamenta podas e cortes. A extração das raízes ou o rebaixamento dos tocos cabe à prefeitura somente quando em espaços públicos, explica o diretor da SMMA, Diogo Fretes Soares. 

Travessa Oscar Muxfeld, no centro – Foto Marcos Labanca

Quando a supressão acontece em local privado, o morador tem 30 dias para retirar as raízes. Mas para isso é necessário contratar uma empresa especializada, fato que onera o bolso do contribuinte e gera reclamações.

Árvores são fundamentais

O caderno técnico Arborização Urbana, que faz parte da agenda parlamentar do CREA, tem uma série de diretrizes a respeito do cuidado e da importância das árvores, incluindo o papel benéfico para as cidades.  

Conforme o estudo, a presença de árvores em um município não é uma questão meramente estética ou arquitetônica. A vegetação urbana traz inúmeros benefícios, tais como redução do impacto ambiental da urbanização, moderação do clima, conservação de energia dentro de casas e prédios, absorvendo o dióxido de carbono. Também controla o escoamento e melhora a qualidade da água e serve de abrigo para animais. 

Avenida Pedro Basso – Foto Marcos Labanca

O manejo preventivo é uma das soluções para diminuir a ocorrência de quedas de árvores nas cidades, diz a engenheira florestal Marice Baloscky. “Cada árvore plantada na cidade precisa ser acompanhada desde o plantio. Se ela for plantada adequadamente, não atrairá insetos nem cupins; a árvore não vai sofrer danos e vai viver mais tempo”, orienta. 

Segundo Marice, muitas árvores aparentemente bonitas e saudáveis estão, no seu interior, doentes e ocas, por isso precisam ser trocadas de forma gradual, para não causar impacto visual. 

O plantio de espécies inadequadas conforme o local, o preparado de cova e mudas para arborização urbana de tamanho inadequado, o solo impróprio e a falta de canteiros também são condições que contribuem para quedas. 

Outro problema se refere às podas. Quando malfeitas e drásticas, efetuadas na copa viva, as podas levam ao apodrecimento das raízes, ocorrência de pragas, ataque de cupins, e queda de galhos e da própria árvore. Para evitar o problema, o CREA recomenda aos municípios que as empresas responsáveis pela poda tenham técnico habilitado. As podas perto da rede elétrica precisam do acompanhamento de um engenheiro eletricista. 

Podas e retiradas de árvores em Foz do Iguaçu 

Ano Árvores podadas Árvores retiradas
2017 17.390 968
2018 10.058 816
2019 12.843 1.064
2020 9.494 613

Fonte: Secretaria Municipal do Meio Ambiente
 

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