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Mentiras dão de lavada. Nos casos reunidos hoje, elas ganharam de 7×1 da única informação verdadeira divulgada nas redes sociais.
Há algumas questões extremamente polêmicas, como o uso de alguns medicamentos não aprovados pela ciência mas que autoridades (não especialistas) recomendam usar. O corpo é seu, a saúde é sua. O risco também é de quem acredita no que não é comprovado.
Para aqueles que colocam o bom senso nas alturas, vale mais esta leitura da seção “Fake News”, preparada pelos professores e parceiros do Colégio Semeador.
Boa leitura. E lembre-se: a verdade um dia vai prevalecer sobre a mentira proposital e deslavada e a mentira de boas intenções (aliás, o inferno está cheio delas).
Uso de máscara contra coronavírus tem sido desencorajado pela OMS e por governos de outros países
FALSO
Tem circulado na internet um texto antigo e distorcido de uma recomendação da OMS sobre o uso de máscaras durante a pandemia. Ele foi divulgado em um período inicial da pandemia, em que não tínhamos informações suficientes sobre a dinâmica de transmissão do vírus Sars-Cov-2, o causador da Covid-19. Então, a recomendação do uso de máscara mudou conforme as pesquisas sobre a dinâmica de transmissão do vírus foram avançando.
A orientação atual é a de que, em locais onde há disseminação comunitária da doença, como no Brasil e ainda em outros países, os governos devem incentivar o público em geral a usar máscaras onde houver transmissão difusa e o distanciamento físico for difícil, como em transportes públicos, em lojas ou em outros ambientes confinados ou lotados.
O que significa que o uso da máscara é recomendado para todas as pessoas, independentemente de estarem com sintomas da doença ou não. Em alguns países da Europa, como Inglaterra, Alemanha, Itália, Bélgica, Espanha e outros, inclusive, há previsão de multa para quem não utilize máscara de proteção.
Existem, atualmente, estudos que concluem que o uso da máscara protege quem não está doente de ter contato com o vírus e diminui a transmissão por quem está contaminado, pois ela reduz a propagação de gotículas respiratórias. Se ambos (doentes e não doentes) usam, a combinação diminui ainda mais a chance de disseminação do vírus.
Roberta Carvalho Ferreira, professora de Ciências e Biologia do Colégio Semeador.
Fotos mostram lesões causadas por infecção após uso de máscaras contra a covid-19
FALSO
Uma notícia com cinco fotos que mostram rostos de pessoas com marcas ou erupções na pele está circulando na internet com uma legenda que diz: “Infecção por Stafilococcus devido ao uso de máscaras. Entendam por que profissionais de saúde só usam máscaras descartáveis e as trocam de hora em hora”.
As fotos já foram rastreadas por equipes especializadas e todas que mostram erupções e lesões na pele estão disponíveis em bancos de imagens relacionadas a outras doenças e são, inclusive, anteriores ao primeiro caso do novo coronavírus.
A única foto divulgada que tem relação direta com o uso de máscara, mas que não retrata uma infecção é a da a enfermeira italiana Valeria Zedde, que publicou a foto em seu perfil no Instagram, com o rosto marcado após longas horas de uso de máscara destinada aos profissionais de saúde, ou seja, não se trata de uma máscara usada pela população em geral.
O uso prolongado de máscaras usadas pelos trabalhadores dos serviços de saúde no atendimento da covid-19 e de outras síndromes gripais (máscara do tipo cirúrgica ou N95) pode, sim, danificar a pele do rosto, e são recomendados alguns cuidados antes e após sua utilização para diminuir o risco de lesões.
Para a população em geral são recomendadas as máscaras de tecido ou pano, que não causam lesões na pele e que, aliadas a todas as outras recomendações de prevenção, protegem contra a transmissão do vírus Sars-Cov-2.
Roberta Carvalho Ferreira, professora de Ciências e Biologia do Colégio Semeador.
Pesquisa da USP comprova que pessoas confinadas são mais propensas a contrair o coronavírus
FALSO
Essa fake news que circula na internet cita um estudo desenvolvido pela startup Omni-electronica, no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. Essa pesquisa não concluiu que pessoas em confinamento são mais vulneráveis à contaminação por covid-19.
Esse estudo, que ainda não foi publicado, detectou apenas a presença do vírus Sars-Cov-2 suspenso no ar – e isso não significa que pessoas em confinamento são “mais vulneráveis” à contaminação por covid-19. Os autores da pesquisa ainda afirmam que o estudo nem avaliou o efeito de medidas de distanciamento e/ou isolamento social e que não levou em conta fatores como a carga viral necessária para infecção de indivíduo saudável.
Roberta Carvalho Ferreira, professora de Ciências e Biologia do Colégio Semeador.
É possível se reinfectar pelo novo coronavírus?
VERDADEIRO
Recentemente, cientistas de Hong Kong, na China, relataram o primeiro caso de reinfecção pelo novo coronavírus (Sars-CoV-2) em um homem saudável de 33 anos.
O paciente testou positivo para covid-19 124 dias após o primeiro diagnóstico da doença, o que até então acreditava-se ser impossível. Desde então, casos parecidos vêm sendo relatados: Bélgica e Holanda, um em cada país, e um caso em Nevada (EUA).
De qualquer forma, médicos ressaltam que casos de reinfecção pelo Sars-CoV-2 são raros e poucos diante do total de contaminados pelo mundo. A própria OMS (Organização Mundial da Saúde) também alerta que é preciso ter muita cautela sobre o assunto.
Wanda Isabel Vargas Camargo, professora de Biologia do Colégio Semeador.
Chá de erva-doce auxilia no tratamento contra o novo coronavírus?
FALSO
Nenhum tipo de chá pode ser utilizado para substituir um tratamento adequado contra a gripe, muito menos contra o novo coronavírus. A informação postada nas redes sociais diz que o chá de erva-doce tem a mesma substância do medicamento Tamiflu (fosfato de oseltamivir). Isso não procede.
Wanda Isabel Vargas Camargo, professora de Biologia do Colégio Semeador.
Mortes por pneumonia e insuficiência respiratória têm sido todas registradas como sendo covid-19?
FALSO
As mortes por pneumonia e insuficiência respiratória ocorridas em 2020 não foram registradas como covid-19. Segundo o Portal da transparência do Registro Civil, considerando somente o primeiro semestre, foram registradas 95.459 mortes por pneumonia e 50.027 por insuficiência respiratória, além de outras 63.907 mortes causadas pelo novo coronavírus.
Durante a pandemia, a Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen), responsável pelo portal, criou uma sessão específica para dados referentes a Covid-19 e doenças respiratórias.
Wanda Isabel Vargas Camargo, professora de Biologia do Colégio Semeador.
Estudo feito em 2005 comprova eficácia da cloroquina contra a covid-19
FALSO
Até o momento, não há vacina nem medicamento antiviral específico para prevenir ou tratar a covid-19. A Organização Mundial da Saúde (OMS) está coordenando esforços para desenvolver vacinas e medicamentos para prevenir e tratar a covid-19. Existem pelo menos 165 vacinas contra a covid-19 sendo desenvolvidas atualmente, segundo a OMS – seis delas em estágio avançado.
Todo país é soberano para decidir sobre seus protocolos clínicos de uso de medicamentos. Embora a hidroxicloroquina e a cloroquina sejam produtos licenciados para o tratamento de outras doenças – respectivamente, doenças autoimunes e malária –, não há evidência científica até o momento de que esses medicamentos sejam eficazes e seguros no tratamento da covid-19.
As evidências disponíveis sobre benefícios do uso de cloroquina ou hidroxicloroquina são insuficientes. A maioria das pesquisas até agora sugere que não há benefício e já foram emitidos alertas sobre efeitos colaterais do medicamento.
Por isso, enquanto não haja evidências científicas de melhor qualidade sobre a eficácia e segurança desses medicamentos, autoridades mundiais recomendam que eles sejam usados apenas no contexto de estudos devidamente registrados, aprovados e eticamente aceitáveis.
Wanda Isabel Vargas Camargo, professora de Biologia do Colégio Semeador.
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