A juíza Giani Maria Moreschi, em plantão judicial, proibiu o Plural, G1, RPCTV e TV Globo de noticiar a delação que envolve o presidente da Assembleia Legislativa do Estado do Paraná (ALEP), Ademar Traiano (PSD). E impôs multa de R$ 50 mil caso o conteúdo seja veiculado.
Entidades que representam o jornalismo e profissionais da imprensa repudiaram a medida, considerando censura. Em nota conjunta, as organizações defendem que a “imprensa tem o dever de trazer a público informações de interesse coletivo, o que justifica a divulgação”.
Ademais, as produções jornalísticas se baseiam em documentos oficiais, que fazem parte do processo de cassação do deputado Renato Freitas (PT) movido por Traiano, na ALEP. O petista juntou delação premiada em que são feitas acusações de corrupção contra o presidente da Casa de Leis do estado, que se estende ao ex-deputado Plauto Miró.
“Toda vez que a Justiça concede uma liminar como essa não é só a imprensa que é atingida”, pontua a nota em que as entidades de comunicação protestam. “A população é a mais prejudicada, perdendo o direito de acesso a informações de interesse público”, reforça.
O posicionamento é assinado por:
- Abraji: Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo;
- RSF: Repórteres Sem Fronteiras
- SindijorPR: Sindicato de Jornalistas Profissionais do Estado do Paraná;
- Instituto Palavra Aberta;
- Instituto Tornavoz;
- Fenaj: Federação Nacional dos Jornalistas;
- Ajor: Associação de Jornalismo Digital .
“Revisão da censura”
Em outra manifestação coletiva pela liberdade de imprensa, associações nacionais de emissoras, editores de revistas e de jornais cobram a “imediata revisão da censura prévia e da determinação de remoção das notícias anteriores”. Tal medida é necessária, reafirmam, para restabelecer o “princípio da liberdade de imprensa, que é um dos fundamentos básicos da democracia”.
O texto é da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (ABERT), Associação Nacional de Editores de Revistas (ANER) e Associação Nacional de Jornais (ANJ).
Tema relevante ao paranaense
Em editorial assinado pelo jornalista Rogerio Galindo, o Plural afirma lamentar a decisão da juíza e espera que o “Judiciário irá em breve reverter essa liminar”. E prossegue dizendo que o assunto censurado “é de grande relevância para todos os cidadãos paranaenses e merece a devida publicidade”.
Outro lado
O presidente da Assembleia Legislativa do Paraná, em sessão plenária na segunda-feira, 4, declarou que não iria comentar as notícias veiculadas no “final de semana”. “Não farei nenhum pronunciamento, não darei nenhuma entrevista, porque este tema está em segredo de justiça. No tempo oportuno trarei à luz da verdade”, mencionou Ademar Traiano.
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