Encarnación protesta para reabrir fronteira. Mas do outro lado está a Argentina

No caso de Posadas, há a questão da covid-19 e a econômica: o fluxo de argentinos ao Paraguai reduz as vendas no comércio local.

H2FOZ – Cláudio Dalla Benetta

A cidade de Encarnación, no Paraguai, está quase tão sufocada pela crise quanto estava Ciudad del Este, antes da reabertura da Ponte da Amizade.

E os comerciantes já planejam iniciar mobilizações de protesto a partir de segunda-feira, 19, para pressionar o governo paraguaio a dar respostas sobre a reabertura da fronteira.

Lá, também existe uma travessia terrestre, pela Ponte Internacional San Roque González de Santa Cruz. Mas, do outro lado do rio, está a cidade argentina de Posadas, província de Misiones. E a grande diferença é que os argentinos não querem nem saber de reabrir as fronteiras.

Segundo o jornal ABC Color, a Câmara de Comércio de Encarnación reclama que “a ponte nunca esteve fechada”, mas aberta apenas para os grandes importadores. “Os pequenos passamos necessidades”.

A economia de Encarnación não é tão dependente de Posadas quanto Ciudad del Este é de Foz do Iguaçu, diz o jornal, mas a Câmara de Comércio estima que “85% do comércio depende da Argentina, aproximadamente”. Isto é, parece ser apenas um pouco menos dependente do que CDE.

Para as autoridades da província de Misiones e de Posadas, além da questão da covid-19, não há interesse em reabrir a curto prazo a fronteira. É que, em tempos normais, o fluxo é maior de argentinos indo ao Paraguai fazer compras, deixando o comércio de Posadas quase às moscas.

Sobre os protestos, a presidente da Câmara de Comércio de Encarnación, Mirtha Montiel, disse ao ABC Color:  “As cartas estão na mesa, não vamos jogar mais, não vamos esperar nada mais”, advertiu.

Turismo interno

Puerto Iguazú, a imagem de uma cidade onde a economia agoniza.

Em Puerto Iguazú, já não dá pra falar em crise, mas em agonia. O deputado argentino Jorge Lacour diz que “é uma cidade que vive do setor (turismo) e o setor está fortemente atingido”, segundo entrevista ao portal noticiasdel6.

“Com exceção dos trabalhadores estatais, é a atividade fundamental, e hoje se encontra fortemente afetada”, diz ainda o deutado, reconhecendo que só o turismo interno não é suficiente para afastar a crise.

Mas abrir fronteiras,  nem pensar. “Não se pode habilitar a passagem”, afirma Lacour, porque nas cidades de Foz do Iguaçu e Ciudad del Este “há muitos casos de covid-19”. Para ele, “é preciso pensar como reativar essa região no futuro, tão importante para o turismo argentino”.

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