Empresários brasileiros contratam mão de obra paraguaia, pagam menos e deixam de garantir direitos e recolher impostos

Por meio desta prática vem a sonegação fiscal; com ela perdem o município, os trabalhadores brasileiros e paraguaios e a economia da fronteira

INDIGNAÇÃO

 

O “Diga aí” desta semana vem de uma iguaçuense identificada na matéria como CAL. Ela pediu, temendo pela própria segurança, que a identidade fosse preservada, pois trabalha como vendedora e testemunha diariamente a prática descrita abaixo. Ela entrou em contato com a equipe de jornalismo do H2FOZ para reclamar sobre empresários brasileiros que contratam trabalhadores paraguaios por salários muito menores, sem condições mínimas de segurança, ignorando a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) e também sonegando impostos. Confira a seguir o depoimento sobre tal prática em Foz do Iguaçu, entre os países da fronteira.

CAL: Isso é algo que estou analisando há tempos, sabe. Mas depois de uma publicação no Facebook, eu não me aguentei. Um rapaz publicou em um grupo de empregos que ele estava em busca de vendedoras paraguaias para trabalhar numa empresa brasileira. Eu questionei no post: mas por que paraguaias e por que não brasileiras? Outras pessoas responderam que era por causa do custo da mão de obra. Eu sou curiosa mesmo e continuei perguntando lá no post por que eles não contratavam as brasileiras, até que excluíram o post.

Eu trabalho na Vila Portes e vejo muito isso. Alguns amigos até falam: “Mas por que você se importa com isso? Você já tem emprego”. Eu penso: não é porque eu já tenho emprego que vou fechar os olhos ou ignorar isso que está acontecendo; essas empresas que têm vagas para empregar trabalhadores brasileiros, mas colocam ilegalmente os paraguaios para trabalhar. Na construção civil acontece a mesma coisa. Principalmente em obras de condomínios fechados. Eu moro aqui em Foz do Iguaçu, eu nasci aqui e sei que a construção civil já foi uma fonte de emprego muito forte, mas hoje em dia isso não acontece mais. Vejo que muitos pais de família estão reclamando que tem muitos paraguaios trabalhando nisso; isso alimenta o desemprego. O problema não são os paraguaios trabalhando aqui, o problema é a ilegalidade nas ações destes empregadores.

Por exemplo, um servente brasileiro vai cobrar cerca de R$ 70 para trabalhar por dia inteiro; já um servente paraguaio vai cobrar apenas R$ 30 por dia. Muitas vezes os paraguaios trabalham mais horas por muito menos. E nós ficamos como? Pagamos impostos, e os empresários se prevalecem nisso.

Eu vejo que com essa prática quase todo mundo se prejudica: a Prefeitura de Foz do Iguaçu e o Ministério do Trabalho, que deixam de arrecadar impostos e informações reais sobre os trabalhadores e empresários. Com essa prática vem a corrupção e a sonegação de impostos. Perde também o trabalhador paraguaio, que não recebe o valor justo pelas horas trabalhadas e também deixa de ter condições mínimas de segurança. E perde o trabalhador brasileiro com menos oportunidades de levar dinheiro para dentro de suas casas. Só quem “acha” que ganha é o empresário que tem essa conduta. E eu fico indignada mesmo!

 

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