O empresário Ermínio Gatti, 95 anos, faleceu nesta quinta, às 15h10, no Hospital Costa Cavalcanti, em Foz do Iguaçu. Gatti estava internado e morreu de causa natural. O corpo será sepultado em São Paulo (SP), onde mora a família.
De acordo com o obituário do município, não haverá velório. O corpo será transladado para a capital paulista, e o sepultamento está marcado para dia 10.
Em Foz do Iguaçu, Gatti se destacou pela trajetória na hotelaria. Mas também alçou outros voos. Por um tempo, foi proprietário do jornal A Gazeta do Iguaçu e chegou a comandar a Viação Itaipu.
A empreitada do empresário no turismo foi contada pelo Sindhotéis (Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Foz do Iguaçu) em livro lançado em 2017 sobre a história da entidade, com ênfase na hotelaria e gastronomia da cidade. Leia o texto abaixo.
Empresário por profissão, dançarino por prazer
Ermínio Gatti nasceu em São Paulo em 26 de novembro de 1927. Sua vida como empresário em Foz, especialmente na hotelaria, deu-se após uma decepção vivida aqui. Em 1962, ele passou pela cidade na volta de uma viagem a Assunção. Mesmo tendo feito sua reserva em um hotel, ao chegar não conseguiu a hospedagem. O dono do estabelecimento devolveu seu dinheiro, alegando que outro cliente havia pagado mais pelo apartamento.
Essa experiência negativa não o fez desistir de Foz. Muito pelo contrário, motivou-o a comprar um hotel. Como já possuía uma agência de viagem na capital paulista que trazia muitos visitantes para cá, não quis correr o risco de que os clientes da agência passassem pelo mesmo fato desagradável vivido por ele.
Amadurecida a ideia por algum tempo, chegou à fronteira em 1972 após comprar o Hotel Carimã, que contava com apenas 47 apartamentos. A cidade era pequena e tinha como prefeito o coronel Clóvis Cunha Vianna, a quem atribui um expressivo crescimento do município, juntamente com a presença de Itaipu. Dez anos mais tarde, o hotel já possuía 320 apartamentos e era o maior do estado do Paraná.
Para Gatti, a hotelaria, principalmente num destino internacional como Foz, “permite conhecer o mundo sem viajar, apenas com o contato com os hóspedes”. Durante seu período frente à empresa (em 2016, ele vendeu o Carimã para outro grupo empresarial), o público sempre foi de maior poder aquisitivo, proveniente, na maioria, de São Paulo; entre os estrangeiros, os alemães e franceses eram os clientes mais assíduos.
Carros, cinema e dança
Apaixonado por carros, afinal também atua no setor de transportes, manteve expostos no saguão do hotel alguns dos veículos de passeio pessoais não utilizados mais. O cenário também contemplava dois projetores que foram utilizados quando o estabelecimento tinha sua sala de cinema. Durante quatro anos, essa foi uma atração a mais para os hóspedes e para a população da cidade, que frequentava o local para assistir a bons filmes.
Outra paixão do empresário é a dança. Como sempre gostou de bailes, montou uma boate no hotel, a conhecida discoteca do Carimã. Pé de valsa assumido, revela sua preferência pelo samba e pelo tango e não economiza na modéstia ao afirmar: “Em baile, não passo vergonha em lugar nenhum”!
Turismo
Embora nunca tenha feito parte diretamente de entidades representativas da classe turística, reconhece a importância delas. Considera altruístas os dirigentes e acredita que trabalham pela categoria, sem nada em troca, muitas vezes em detrimento dos próprios negócios pessoais.
— É importante que todos, empresários e moradores, acreditarem na cidade, porque ela vai crescer muito mais. Ela tem um potencial único.
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