H2FOZ – Denise Paro
Em solidariedade ao povo libanês, a cúpula da Mesquita Omar Ibn Al-Khattab foi iluminada, na noite de sábado (8), com as cores da bandeira do Líbano. A beleza do vermelho e verde ficou visível entre às 18h30 e às 20h30.
Iniciativa do Centro Cultural Beneficente Islâmico (CCBI), a iluminação da cúpula lembra as cerca de 158 pessoas mortas e as mais de três mil feridas na última terça-feira, dia 4, após a explosão em um porto da capital Beirute. A suspeita é a de que o acidente tenha sido causado pela denotação de 2.750 toneladas de nitrato de amônio que haviam sido apreendidas há seis anos. Cerca de 300 mil pessoas estão desabrigadas.
Em um post nas redes sociais, o CCBI expressou condolências aos parentes das vítimas e criticou a corrupção que tomou conta do Líbano. “O CCBI ainda manifesta seu repúdio à corrupção generalizada que se instalou no Líbano, à disputa do poder político fundado no sectarismo religioso, à falta de legitimidade da representação popular dissociada da vontade popular soberana e ao sistema republicano subversivo que privilegia oligarquias partidárias em detrimento dos anseios e reais interesses do povo libanês.” Hoje, manifestantes protestaram contra o governo na capital Beirute.
O vice-presidente do CCBI, Mohamad Baha Rahal, diz que a iluminação da cúpula foi uma forma de homenagem às vítimas da explosão evitando aglomerações em razão da pandemia da covid-19. Rahal lembra a estreita relação entre Foz do Iguaçu e o Líbano e destaca que a família dele está na quinta geração de imigrantes.
Foz do Iguaçu tem a segunda maior concentração de árabes e descendentes do Brasil, atrás de São Paulo, com cerca de 20 mil pessoas. A maior parte da comunidade é formada por libaneses. O fluxo de imigrantes para Foz do Iguaçu diminuiu nos últimos anos, mas pode aumentar em razão da crise que o Líbano passa atualmente.
Viagens
Como agora é verão no Líbano, muitos brasileiros costumam passar temporadas no país nesta época, incluindo iguaçuenses. Adrieni Gomes Ferreira Yassine é uma dessas pessoas. Há 25 anos viajando para o Líbano, lá ela já presenciou oito atentados, mas não se lembra de ter visto o país em uma recessão grave como a atual, cheio de refugiados sírios e com tamanha violência urbana. “Tudo isso está mais dolorido de ver do que o próprio acidente, ver o Líbano morrer aos poucos.”
Adrieni diz que a crise financeira está tirando a alegria de viver própria do árabe, um povo que gosta de sentar nos cafés, fumar narguilé, dançar, ir à praia.
Ela está no Líbano desde o dia 17 de julho e viajou para passar uma temporada com a família. No dia do acidente, estava em um supermercado dentro de um shopping, a 15 quilômetros do local da explosão. A iguaçuense diz que, quando o estrondo foi ouvido, muitas pessoas deixaram as compras no chão e começaram a correr para sair, antes das portas de segurança fecharem.
Apesar do susto, Adrieni e o marido procuraram ficar calmos e ajudar as pessoas, e quando saíram do shopping se depararam com uma gigantesca nuvem de fumaça rosada e laranja. “Deu medo de ser algo químico que pudesse matar as pessoas”, conta ela.
O fato de não ter sido atentado de certa forma foi um alívio porque, ao contrário, haveria retaliações e a situação poderia piorar.
Segundo a brasileira, é muito comum a ocorrência de acidentes elétricos no Líbano porque o país não é autossuficiente na produção de energia. Por isso, algumas casas usam motores para gerar a própria energia, cujas instalações simples contribuem para acidentes.
Fluxo de férias
A pandemia derrubou o fluxo de pessoas de Foz do Iguaçu para o Líbano a partir de março, mas em julho o movimento mostrou recuperação. Sérgio Lima, gerente da Frontur Turismo, informa que quando foi decretado o fechamento do comércio na cidade não foram vendidas passagens durante dois meses.
Com a retomada das viagens, as vendas foram retomadas e cresceram 100%. No entanto, em julho deste ano, o total representou 47% das passagens comercializadas em 2019.
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