H2FOZ – Cláudio Dalla Benetta
Uma agente da polícia rodoviária do Paraguai (Patrulla Caminera) caiu em uma armadilha montada por um motorista e cobrou uma propina de 50 mil guaranis (R$ 38) para “solucionar” uma infração, noticia o jornal ABC Color.
O fato ocorreu na sexta-feira, 4, numa barreira de controle instalada na rodovia PY02, em Ciudad del Este.
O motorista filmou toda a ação, para provar que a Patrulla Caminera “está ali só para roubar”.
No vídeo, o motorista narra que não acenderia a luz dos faróis, para demonstrar que, com uma propina entre 50 mil e 100 mil guaranis, evitaria a multa.
Ele foi abordado por uma agente de trânsito, que exigiu seus documentos. O motorista, então, avisou a agente que havia esquecido de acender os faróis e perguntou quanto seria a multa e se não poderia ser perdoado, por não ser reincidente.
A agente informou que a multa é de 337 mil guaranis, mas que haveria um desconto se fosse paga nos primeiros cinco dias úteis.
O motorista perguntou se haveria um jeitinho de não pagar a multa e que tinha uns 50 mil guaranis “para o refrigerante dos rapazes”.
“Bueno, está bien”, disse a agente. “Vou fazer por isso. Ponha o dinheiro debaixo de teu documento”.
Depois do pagamento da propina, a agente pediu ao motorista que acendesse os faróis.
Nesse momento, o motorista focou a câmera no rosto da agente, a quem informou os números finais de série da nota que havia entregue a ela como propina.
O motorista aproveitou para “escrachar” os demais agentes que estavam na barreira de controle, antes de terminar a gravação. O vídeo viralizou na Internet.
Agente e motorista serão investigados
Sempre segundo o ABC Color, o inspetor Humberto Rojas, chefe regional da Patrulla Caminera, informou que a agente filmada foi transferida para o quartel central, para as devidas investigações.
O comando da corporação também divulgou nota oficial a respeito do caso, informando que, além de a agente ser investigada por corrupção, será também investigado o motorista que entregou o dinheiro.
“O suborno de uma autoridade de trânsito, com a aceitação da propina, é um flagelo que envolve tanto o que dá como o que recebe”, diz a nota, instando a população a não oferecer dinheiro a “nenhum inspetor nacional da Patrulla Caminera”.
Recomenda “a adesão às normas viárias vigentes na Lei de Trânsito e Segurança Viária, para evitar acidentes de trânsito que possam enlutar as famílias ou deixar como saldos feridos com gravidade”.
E conclui: “A observância às normas de trânsito evitará a ocorrência de suborno por parte do condutor e a extorsão por parte dos inspetores”.
O jornal lembra que o prefeito de Ciudad del Este, Miguel Prieto, entrou com uma ação judicial para expulsar a Patrulla Caminera do município, devido às reiteradas denúncias de procedimentos extorsivos.
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