Elefanta da Argentina que passou por Foz e seguiu a paraíso no Brasil é destaque no New York Times

Em inglês e espanhol, reportagem conta como foi a viagem de um zoológico na Argentina até o Santuário de Elefantes no Mato Grosso.

H2FOZ – Cláudio Dalla Benetta

O título já chama a atenção: “Como mudar teu elefante em uma pandemia”. E a história é bem contada pelo repórter Brooke Jarvis, do New York Times, com fotos de Sofia López Mañán.

O personagem principal é Mara, uma fêmea de elefante-asiático de 50 anos. Por sinal, ela já superou a média de vida de sua espécie, que é de 48 anos.

Pra resumir, depois de muitas pressões, a Prefeitura de Buenos Aires decidiu dar um destino melhor a muitos animais que viviam no zoológico de Palermo, medida mais sensata que melhorar as condições do ambiente, como queriam alguns

Foi assim que vários animais importantes seguiram para santuários mundo afora. Mara, a elefanta, também teve essa sorte: decidiu-se que ela iria morar para sempre no  Santuário de Elefantes do Brasil, localizado na Chapada dos Guimarães, no Mato Grosso.

Uma das dificuldades era a distância a ser percorrida de Buenos Aires até lá: 2.500 quilômetros. Outra, é que a pandemia já fechara todas as fronteiras do Brasil e da Argentina.

O trajeto a percorrer, de Buenos Aires ao destino no Brasil.

Foi preciso uma intensa coordenação, conta o NYT, entre vários ministérios dos governos dos dois países, até que ficou tudo em ordem.

Foi assim que Mara, “depois de uma longa e complicada existência, terminou numa caixa, em pandemia, esperando na fronteira fechada dos dois países”. Era a fronteira entre Puerto Iguazú e Foz do Iguaçu. Só a elefanta e quatro pessoas que a acompanhavam tiveram permissão para passar.

É possível avaliar a alegria dos que acompanharam a elefanta – e a felicidade de Scott Blais, um dos fundadores do santuário brasileiro – quando Mara chegou e, depois de anos confinada, sem companhia, fez amizade com outra elefante asiática, Rana.

Chegou-se a aventar a possibilidade de que Mara e Rana tinham convivido na infância, de tão instantâneo e forte o vínculo entre as duas.

“Ela foi taxada de assassina”, disse Scott Blais, mas ele a via apenas como uma “bola de insegurança”, faminta de atenção.

Mara foi de circo por muitos anos, treinada para fazer aqueles truques comuns à época, de subir num banquinho, ficar em duas patas com o treinador à frente, etc. O que é sempre um sacrifício para um animal deste porte, que gosta de estar entre os seus (os elefantes são gregários).

Um dia, ela foi vendida para outro circo, mas o treinador não foi incluído no negócio. Como ela era desobediente, e não queria fazer as “brincadeiras”, chamaram o antigo treinador. E ela o matou. Porque, como dizem, elefantes não esquecem.

Mara, quando jovem, aprendendo truques para divertir o público.

Ficou muito tempo confinada, até ser resgatada do circo e levada para o zoológico. Mas era um recinto desconfortável, pequeno, apertado e tenso. Havia mais dois elefantes ali, mas eram africanos, com os quais os asiáticos não se entendem. Resultado: Mara passou anos sozinha, balançando a cabeça de um lado para o outro, o que é um sinal de estresse.

O zoológico de Palermo. Poeirento, desconfortavel e onde Mara vivia só, quando sua espécie é gregária.

Pra encurtar a história, Mara vive feliz no paraíso dos elefantes, aqui no Brasil, agora ao lado de seres de sua espécie e da amigona Rana.

Scott Blais sonha com o dia em que não precisará receber mais elefantes no santuário, porque não haverá mais elefantes presos.

Enquanto este dia não chega, ele está trabalhando nas licenças para trazer ainda mais elefantes, entre eles dois de um zoológico de Mendoza, também na Argentina. Um deles nasceu há 22 anos e nunca saiu do seu recinto de concreto.

Mara no santuário brasileiro, livre dos homens e perto dos seus.

O H2FOZ noticiou a passagem da elefante por Foz do Iguaçu, em 11 de maio.

Fronteira entre Brasil e Argentina reabre para passagem de elefanta

Mas toda a história da elefanta, que resumimos acima, vale a pena ler no original, em inglês ou espanhol, nos links abaixo:

Cómo mudar a tu elefante en una pandemia

How to move your elephant during a pandemic

 

 

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2 Comentários
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