O assunto do momento são as vacinas contra o coronavírus – quando vão chegar, como são feitas, se serão eficazes -, entre outras informações e desinformações que circulam livres na internet e se propagam com velocidade maior que o próprio vírus.
“As fake news que circulam na internet podem atrapalhar a imunização coletiva e atrasar ainda mais a retomada das atividades em todos os setores – o que tem gerado grande prejuízo para a saúde, a economia, a educação e o desenvolvimento”, afirma Wanda Isabel Vargas Camargo, professora de Biologia do Colégio Semeador, de Foz do Iguaçu.
Para combater as fake news, ela reuniu um grupo de professores do mesmo colégio para esclarecer, no H2FOZ, as informações mais compartilhadas nas redes sociais na última semana sobre as vacinas. São elas:
Vacina da gripe aumenta risco de adoecer por coronavírus
Segundo a professora Roberta Carvalho Ferreira, isso é fake news. “Uma notícia circulou pela internet citando um artigo científico que diz que vacinação contra a gripe aumenta o risco de complicações relacionadas ao coronavírus em 36%. Esse artigo mencionado foi publicado em 2017, ano anterior ao surgimento da covid-19, causada pelo vírus Sars-Cov-2, que teve seu primeiro caso em humanos registrado em dezembro de 2019.”
“O objetivo do artigo citado também não era avaliar o risco de complicações por coronavírus relacionado à vacinação do vírus influenza, e essa nem é a conclusão dos próprios autores nesse estudo. Não existem estudos correlacionando vacinação contra o vírus influenza e risco de adoecimento ou complicações pela doença causada pelo vírus Sars-Cov-2, a covid-19”, esclarece.
Vacinas são úteis, mas, às vezes, causam mais doenças do que previnem
Isso é falso, segundo Wanda. “A vacina injeta antígenos vivos enfraquecidos, ou parte destes, em nosso organismo, de maneira que o indivíduo que recebe essa vacina não vá adoecer. A vacina é um tipo de imunização ativa artificial e faz com que nossas células de defesa reconheçam aquela parte do micro-organismo e produzam uma proteção contra ele. Quando entramos em contato com a doença, o nosso organismo reconhece e destrói esses micro-organismos causadores de enfermidades porque ele já está preparado para combater aquilo”, justifica.
Não há evidência de que as vacinas sejam seguras e eficazes
Mais uma mentira, de acordo com Wanda. “Para uma vacina ser comercializada, ela passa por um processo complexo e demorado para ter certeza de que seja segura e eficaz na hora em que chegar no mercado”, explica a professora.
Uma vacina provavelmente estará pronta dentro do próximo mês
Infelizmente, não. Wanda esclarece que, depois da última fase de testes clínicos, na qual se encontram as vacinas mais próximas de irem para o mercado atualmente, elas ainda devem ser submetidas ao crivo definitivo das agências reguladoras, que acompanham todas as fases de testagem.
No caso do Brasil, a aprovação é feita pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), que vem adotando regras especiais para acelerar os processos no que se refere ao Covid-19.
“A partir desse aceite, a vacina já pode ser incluída no Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde, um dos maiores do mundo. Porém, as autoridades estimam a vacinação em massa a partir do final do primeiro trimestre de 2021”, revela.
A vacina de Oxford está suspensa por causar reações adversas nos testes com humanos
Essa afirmação não é verdadeira, segundo o professor Rodrigo Vitorassi. “Os testes da vacina contra a covid-19 desenvolvida em conjunto pela Universidade de Oxford e pela farmacêutica AstraZeneca foram suspensos temporariamente, no início de setembro”, afirma. “Porém, após a conclusão do procedimento padrão de revisão dos dados de segurança por um comitê independente, os estudos foram retomados.”
A vacina contra a covid-19 tem uma alta taxa de mercúrio, o que prejudica a saúde
A informação alarmante é falsa e gera pânico desnecessário, segundo Wanda. Ela explica que as vacinas são usualmente apresentadas em frascos de uma única dose ou em frascos contendo multidoses, que apresentam vantagens em termo de custo e menor volume para armazenagem. Em saúde pública são os mais frequentemente empregados.
Nesse contexto, o Timerosal, um conservante que contém cerca de 50% de mercúrio e impede a contaminação por bactérias, é utilizado na produção de vacinas em frascos multidoses.
“Banido dos produtos médicos brasileiros desde 2001, o mercúrio do timerosal (etilmercúrio) ainda é usado como agente antisséptico em frascos multidoses de vacinas internacionais. Porém, não existe evidência que sugira que a quantidade de timerosal utilizada nas vacinas represente um risco para a saúde”, ressalta.
Além disso, a professora afirma que a vacina contra covid-19 inicialmente será de dose única, então não terá conservantes.
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