Corrupção e justificativa eletrônica devem frear voto brasiguaio

As costumeiras campanhas de vereadores e prefeitos no interior do Paraguai estão silenciadas nesta eleição.

As costumeiras campanhas de vereadores e prefeitos no interior do Paraguai estão silenciadas nesta eleição.

H2FOZ – Denise Paro

Ao contrário de pleitos anteriores, as eleições municipais de amanhã (15) não estão motivando os brasiguaios a cruzarem a fronteira para depositar o voto nas urnas. Casos de corrupção no Executivo municipal e prisão de vereadores, registrados nos últimos anos em Foz do Iguaçu, são alguns dos motivos que desestimulam o voto brasiguaio. E nestas eleições a possibilidade de justificar o voto por meio do e-Título vai fazer com que muitos deles fiquem em casa.

Imigrantes brasileiros que vivem no Paraguai, os brasiguaios costumam manter o título eleitoral e o CPF em Foz para preservar direitos deste lado da fronteira, principalmente aposentadoria e acesso ao serviço público de saúde, que deixa a desejar no Paraguai.

Nas cidades do interior do Paraguai onde é expressiva a presença de brasileiros, as costumeiras campanhas feitas por candidatos a vereador e a prefeito praticamente sumiram nesta eleição, inclusive nas rádios. “Está um silêncio total. Pouquíssimas pessoas aqui na minha região ainda têm título em Foz, a maioria fez título no consulado”, diz o brasileiro Silvio Flinkler, que é vereador em Naranjal e radialista. Ele mesmo deixou de cruzar a fronteira para votar e agora só comparece ao consulado nas eleições presidenciais.

Os brasiguaios dizem que após os recentes episódios de corrupção na Prefeitura de Foz do Iguaçu e a prisão de vereadores, as campanhas em épocas de eleição municipal esfriaram. Dos que ainda votam em Foz e região, muitos estão indecisos.

Justiça Eleitoral

Assistente da Central de Atendimento ao Eleitor em Foz, Nerli Vieira afirma que os eleitores que moram no Paraguai e têm vínculos com Foz do Iguaçu, a exemplo de trabalho ou estudo, podem votar ou também justificar a ausência pelo e-Título, na geolocalização. “O que é irregular é o eleitor morar há muito tempo lá, trabalha lá e não quer transferir o título para votar nos consulados e embaixadas”, destaca.

Ela explica que a Justiça Eleitoral confere endereços para o eleitor comprovar vínculo e residência, trabalho e estudo, a fim de justificar a manutenção do título em Foz.

Quem mora fora do Brasil tem a opção de regularizar a questão eleitoral fazendo cadastramento em consulados e embaixadas. Nesse caso, a obrigação é apenas votar nas eleições presidenciais. Por isso, nos últimos anos, aumentou o número de brasiguaios que hoje vota nos consulados.

Em dias da eleição, a Polícia Federal (PF) faz um controle rigoroso na Ponte da Amizade para fiscalizar o transporte irregular de eleitores, prática bastante comum na fronteira, principalmente a partir da década de 1990. Vereadores chegavam a fretar ônibus e vans para transportar brasiguaios a Foz.

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