Caso Marcelo Arruda: perita confirma que Guaranho fez os primeiros disparos

Aniversário reunia simpatizantes do PT e de outros partidos e ocorria em clima de harmonia até chegada de atirador

O julgamento do ex-policial penal Jorge Guaranho entrou no segundo dia nesta quarta-feira, 12, no Tribunal do Júri, em Curitiba. As primeiras testemunhas ouvidas confirmaram que o réu mencionou o nome de Bolsonaro ao entrar na festa de Marcelo e fez os primeiros disparos.

Ouvida na terça-feira, 11, a perita Denise de Oliveira Carneiro Berejuc confirmou com bases em laudos que Guaranho chegou atirando, atingiu Arruda e continuou apontando a arma para o guarda municipal, mesmo depois de a vítima cair no chão.

Marcelo Arruda reagiu somente três segundos depois de ser atingido. A análise foi feita com base nas imagens gravadas por câmeras instaladas no local da festa.

Arruda foi morto enquanto celebrava o aniversário de 50 anos. Imagem: Reprodução/Câmeras de segurança
Arruda foi morto enquanto celebrava o aniversário de 50 anos. Imagem: Reprodução/Câmeras de segurança

Um dos advogados da acusação, Daniel Godoy avaliou como positivo o primeiro dia de julgamento. Para ele, as teses da defesa estão sendo refutadas pelas testemunhas ouvidas. Ele ainda destacou o depoimento da perita do Instituto de Criminalística.

“A perita derrubou qualquer eventual alegação de legítima defesa na medida que foram três tiros de uma pistola ponto 40, pistola de guerra, desferidos contra uma pessoa que só estava buscando se defender”, realçou Godoy.

Marcelo não cultivava rivalidade política

A primeira testemunha a depor nesta quarta-feira, 12, foi Edemir Riquelme Gonsalvez, um dos amigos de Marcelo Arruda presentes na festa de aniversário.

Ouvido por videoconferência no Fórum de Foz do Iguaçu por mais de três horas, Edemir disse que a festa de Arruda ocorria em clima de harmonia e reunia, inclusive, convidados que se declaravam bolsonaristas na época, incluindo ele.

O relato de Edemir reafirmou o depoimento da companheira do guarda municipal, Pamela Silva, prestado no primeiro dia de júri. Ela declarou que o marido não demonstrava qualquer animosidade política contra quem pensava diferente dele.

A decoração da festa, inspirada no Partido dos Trabalhadores e no presidente Luiz Inácio Lula da Silva, foi uma surpresa feita ao aniversariante pelo próprio Edemir, que é tio de Pamela.

Ainda ontem, o júri ouviu Dani Lima dos Santos, vigilante que fazia ronda nas proximidades da Associação Recreativa e Esportiva de Segurança Física de Itaipu (ARESF), onde a festa ocorreu. Ela foi convocada tanto pela defesa quanto pela acusação e garantiu que o acusado gritou “aqui é Bolsonaro”.

Também prestaram depoimento na terça-feira Wolfgang Vaz Neitzel, amigo de Arruda, e a companheira dele, Pamela, a primeira a ser ouvida.

Responsável pelo som da festa, Neitzel declarou que, na primeira vez que Guaranho esteve no local da festa, ouviu ele dizendo “aqui é Bolsonaro” e que todos que estavam na festa iriam morrer.

Advogado de defesa diz que réu não lembra de nada

Jorge Guaranho é acusado de homicídio duplamente qualificado por motivo fútil associado à violência política. Marcelo Arruda, que era guarda municipal em Foz e também tesoureiro do PT, foi atingido por tiros disparados pela arma do invasor em plena festa de aniversário, quando completava 50 anos. 

Em entrevista à imprensa na manhã desta quarta-feira, o advogado de defesa do réu, Samir Mattar Assad, afirmou que Guaranho não se lembra de nada do que ocorreu na festa de aniversário e que tem um projétil alojado no cérebro, sequelas cognitivas e neurológicas. De acordo com Assad, tudo que o réu sabe foi reportado a ele pelo estudo do processo. Para a defesa, o balanço é positivo, disse.

Guaranho, que levou tiros e chutes após iniciar os disparos contra Marcelo, mora em Foz do Iguaçu e usa tornozeleira eletrônica. Usando muletas, ele chegou no Tribunal de Curitiba na manhã desta quarta acompanhado dos advogados, mas não falou com a imprensa.

Vc lê o H2 diariamente? Assine o portal e ajude a fortalecer o jornalismo!
LEIA TAMBÉM
Deixe uma resposta

Seu endereço de email não será publicado.