
A Campanha da Fraternidade 2025 propõe ecologia integral no enfretamento à crise climática mundial. O lançamento do período de debates e reflexões, pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), acontece nesta Quarta-Feira de Cinzas, 5.
Sob o tema “Fraternidade e Ecologia Integral”, o objetivo da campanha é o de “promover, em espírito quaresmal e em tempos de urgente crise socioambiental, um processo de conversão integral, ouvindo o grito dos pobres e da Terra”. Segundo os bispos, o decênio é decisivo para o planeta.
“Ou mudamos, convertemo-nos, ou provocaremos com nossas atitudes individuais e coletivas um colapso planetário”, adverte. E chama atenção para o que a CNBB classifica como prenúncio de grandes catástrofes que assolam o país.
A temática é inspirada em carta encíclica do papa Francisco, lançada há dez anos, e nos 800 anos da composição do Cântico das Criaturas de São Francisco de Assis. Meio ambiente é um tema recorrente ao papa, pois São Francisco é padroeiro dos animais e da natureza.
O conteúdo da Campanha da Fraternidade lembra que não existe planeta reserva. E convoca para uma conversão ecológica urgente, a fim de mudar a lógica extrativista, a qual vê a “Terra como um reservatório sem fim de recursos”.
Essa premissa, prossegue a CNBB, considera erroneamente que “podemos retirar tudo aquilo que quisermos [do planeta], como quisermos e quanto quisermos”. Os bispos do Brasil pedem a mudança dessa mentalidade para um compromisso ético baseado na “lógica do cuidado”.
Campanha da Fraternidade
Realizada desde 1964 pela Igreja Católica no Brasil, celebra a Quaresma – período de 40 dias preparação para a Páscoa, com atitudes de oração, jejum, caridade e reflexão. A Campanha da Fraternidade, da CNBB, estimula, nas igrejas e comunidades, debates e ações práticas em torno do tema.
Opção pelos pobres
No bairro Morumbi, um dos mais populosos de Foz do Iguaçu, um monumento de São Francisco de Assis enfatiza a conexão que o santo compreendia entre natureza e ser humano. Ao produzir a arte, o escultor Giovanni Vissotto voltou-se para os mais humildes.
Ao lembrar-se de quando esculpiu a estátua, conta que não seguiu a ilustração que recebeu de um religioso porque era muito distante da realidade do “povo trabalhador e humilde” do bairro Morumbi. Essa comunidade já foi chamada de Rincão São Francisco.
“Estava em bar aqui perto da estátua e avistei o seu José, que se parecia muito com São Francisco, mas tinha a fisionomia da gente daqui”, rememora. “Não titubeei, paguei uma pinga a ele e o retratei ali mesmo, no bar”, resgata, em reportagem do H2FOZ.
O artista conta que José foi um pioneiro do lugar e trabalha na capina de lotes da vizinhança. “Tinha mãos e pés grandes, calçava chinelas e tinha barba. Vi nele São Francisco de Assis e assim retratei um ‘santo vivo’, identificado com o povo que mora no bairro”, lembra Giovanni Vissotto.