Braço direito do chefão do Comando Vermelho é preso pela Senad do Paraguai

Alemão, como é mais conhecido, é um dos líderes da organização criminosa, mas respondia a Marcelo Piloto antes de ele ser expulso ao Brasil.

H2FOZ – Cláudio Dalla Benetta

O traficante brasileiro Mauro Fernández Galeado, vulgo Alemão, foi preso nesta sexta-feira, 18, pela Secretaria Nacional Antidrogas do Paraguai, junto com um amigo, Aníbal Ubaldo Caballero Pintos.

A prisão foi no município de Juan Manuel Frutos, no departamento de Caaguazú, a 120 km de Ciudad del Este.

O Alemão é considerado o braço direito do também brasileiro Marcelo Piloto, um dos chefes da organização criminosa Comando Vermelho no Paraguai, que matou um jovem na prisão paraguaia pra não ser expulso ao Brasil. Mas foi.

No estepe do carro onde estavam o Alemão e Aníbal, os agentes encontraram três pacotes de cocaína, que provavelmente seriam amostras para posterior negociação.

A cocaína foi retirada pelos agentes de dentro do pneu estepe. Foto Senad

Crime na prisão

O traficante Marcelo Piloto, hoje preso numa penitenciária de segurança máxima no Brasil, protagonizou um episódio, numa prisão paraguaia, que foi destaque até no jornal New York Times.

Preso havia um ano, Piloto matou uma jovem de 18 anos, que foi visitá-lo na prisão, apenas para não ser expulso ao Brasil. Pretendia, com o novo crime, permanecer preso no Paraguai, onde por certo contaria com amigos e regalias.

O cruel assassinato, com uma pequena faca de sobremesa, foi em vão. Em dezembro de 2018, Piloto foi expulso ao  Brasil, por decisão do próprio presidente Mario Abdo Benítez.

Marcelo Piloto, ao ser entregue a autoridades brasileiras, e sua vítima, a jovem Lídia, de 18 anos.

Tentativas de resgate

Enquanto estava na cadeia, desde o final de 2017, houve duas tentativas do Comando Vermelho de resgatar Marcelo Piloto. Na primeira ocasião, ninguém foi preso, mas foi apreendido um arsenal de guerra.

Na segunda tentativa, em outubro de 2018, houve um confronto entre a polícia e três criminosos brasileiros do Comando Vermelho. Os três foram mortos.

Além de fuzis e um revólver, a polícia encontrou no local 80 quilos de explosivos em gel, rádios de comunicação e dois veículos, um dos quais havia sido transformado em carro-bomba.

Os explosivos, que seriam utilizados na prisão onde estava Marcelo Piloto – o Agrupamento Especializado da Polícia Nacional – tinham capacidade pra provocar estragos num raio de 150 metros.

A intenção deles era chegar a Assunção nos dois veículos, que tiveram as placas brasileiras substituídas por paraguaias.

O carro-bomba seria levado num guincho. A polícia disse que isso era para dificultar o controle, já que geralmente há “uma atitude complacente com quem já tem um problema no seu veículo”, como se explicou na época.

Em 2018, a polícia matou três e encontrou até um carro-bomba que seria usado para libertar Piloto.

No New York Times

A matéria do jornal New York Times tentava explicar por que o Paraguai é considerado um paraíso para criminosos brasileiros. Aliás, relata que a cela de Marcelo Piloto, um dos entrevistados, contava com televisão, geladeira e micro-ondas.

O jornalista Ernesto Londoño entrevistou Piloto pouco antes de ele assassinar a  jovem Lidia Meza Burgos pra não ser expulso.

O título da matéria ficou: “Uma entrevista desafiadora em uma cela de prisão, prestes a se transformar numa cena de assassinato”.

Disse Londoño: “Como um ex-repórter policial e correspondente de guerra, entrevistei muitos homens violentos. Mas esse episódio me abalou como nunca antes”.

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