H2FOZ – Cláudio Dalla Benetta
A edição argentina do portal Infobae traz uma informação surpreendente (e “surpreendente” foi também o adjetivo usado pelo autor do artigo, Luis Beldi): os argentinos compram 7 de cada 10 apartamentos colocados à venda no Paraguai.
No Paraguai, diz o artigo, os imóveis são um investimento rentável como foram, em algum momento, na Argentina. O empresário Alfredo Rilla, da imobiliária Petra Urbana, de Assunção, informou ao jornalista que um apartamento alugado pode gerar uma renda ao proprietário entre 10% e 12% ao ano, enquanto na Argentina o ganho não chega a 1%, porque as despesas e os impostos devoram mais de 50% do aluguel.
Rilla explicou que a construção civil vive um “boom” no Paraguai e gera muitos empregos. Para o comprador, existe segurança jurídica, possibilidade de financiar o imóvel por 20 anos a uma taxa inferior a 10% ao ano, impostos e inflação baixa. “E não há conflitos sindicais, porque os sindicatos não existem”, fez questão de dizer a fonte.
“Os edifícios que construímos, antes de 90 dias já os temos ocupados por seus donos ou seus inquilinos ou até já foram revendidos. Há uma grande demanda que nos estimula a seguir construindo”, disse ainda o empresário.
Imobiliárias argentinas já descobriram o filão e estão abrindo filiais no Paraguai. É o caso da Cruz del Sur, que vende apartamentos alugados a investidores argentinos que buscam ganhos imediatos em dólares.
O Paraguai parece agora um planeta distante (Infobae)
ESTABILIDADE DO GUARANI
O Infobae lembra que o guarani é, há vários anos, uma moeda estável frente ao dólar. Como os Estados Unidos emitiram muita moeda para manter ativa sua economia, hoje os bancos cobram dos paraguaios uma taxa de até 3% ano ano para aceitar dólares a prazo fixo. Esta taxa é para que os bancos paguem a uma empresa privada para armazenar os dólares, já que não têm espaço em seus cofres.
Por esse motivo – o custo para manter depósitos – é que também no comércio o dólar não é bem-vindo. Mas manter guaranis nos cofres não traz problemas nem para o banco nem para o cliente, já que a inflação baixa não corrói a moeda e ela perde pouco valor frente ao dólar, ao contrário do peso argentino.
EMPRÉSTIMO DE 110%
Em relação aos imóveis, o paraguaio pode ter acesso a um financiamento que cobre entre 100% e 110% do valor do imóvel. Este acréscimo é usado para mobiliar o apartamento. O financiamento é pago a um prazo entre 20 e 30 anos, a uma taxa média de 8% ao ano. Se a compra é para investimento, a renda obtida com o aluguel cobre facilmente o valor do empréstimo.
O aluguel de um apartamento de dois quartos, de 45 metros quadrados, com garagem, chega a US$ 400 por mês (pouco mais de R$ 2 mil). Despesas e impostos ficam por conta do proprietário. Já um apartamento de 3 quartos, com garagem, pode custar entre US$ 750 e 800 (entre R$ 3.800 e R$ 4.080). O autor não especificou, mas esses preços, certamente, referem-se a Assunção.
Existem argentinos que compram o apartamento já alugado, para obter renda a partir daquele momento. “Não há complicações nem demora nos trâmites dos contratos. A burocracia é inexistente”, elogia o jornalista.
E o que é melhor: “os impostos ajudam”. O Imposto de Valor Agregado é de apenas 10%, o mesmo que é cobrado pelo Imposto de Renda. Não há outras taxas e impostos além desses dois.
O Infobae lembra que, há alguns anos, o movimento era o oposto. Os paraguaios sonhavam em morar na Argentina e o imóvel era a possibilidade de viver de rendas.
OBRAS PÚBLICAS
“O Paraguai agora parece um planeta distante”, diz o Infobae. Enquanto na Argentina as obras públicas são para gerar os empregos que não geram os investidores privados, agoniados pela pressão impositiva, inflação e insegurança jurídica, no Paraguai o investimento privado praticamente obriga o governo a investir em infraestrutura.
“Suas estradas, a urbanização, as pontes e aeroportos são insuficientes ante o avanço dos empresários. Quando a carga tributária é baixa, o investimento se multiplica e obriga o Estado a realizar obras públicas de incentivo à atividade econômica”, explica o jornalista.
“DESCOBERTA”
Assim como os brasileiros, já há alguns anos, descobriram que o Paraguai é mais do que comércio de produtos importados (e até falsificados), mas sim um país com economia dinâmica e aberto a investimentos, agora é a vez de os argentinos se deslumbrarem com o vizinho.
Para os brasileiros, o atrativo do Paraguai perdeu impacto pela crise econômica vivida aqui. Na Argentina, ao contrário, o interesse foi despertado pela pandemia, que paralisou tudo no país, e pelas cada vez maiores dificuldades enfrentadas para se viver num país burocrático, com moeda fraca, inflação sempre em alta e economia em parafuso (neste caso, com ou sem pandemia).
Excelente matéria