A dona do coração tranquilo

A camareira Angélica Cristaldo encontrou um considerável maço de dólares nas dependências do hotel onde trabalha, em Foz do Iguaçu.

H2FOZ – Alexandre Palmar

Quando tudo está perdido, aparece algo para renovar as nossas esperanças. O Brasil sofre com as relações promíscuas entre políticos e empresários. Foz do Iguaçu quem o diga. Em meio às denúncias de corrupção no andar de cima, a paraguaia Angélica Cristaldo demonstra que é possível manter a mente quieta, a espinha ereta e o coração tranquilo. Basta fazer o certo.

A moça de 33 anos encontrou um considerável maço com notas de 100 dólares nas dependências do Best Western Tarobá Hotel, onde trabalha como camareira há quatro anos.  Numa atitude mais do que natural, não pensou duas vezes e de imediato entregou o dinheiro para sua superior, a Dona Irma, governanta do meio de hospedagem.

Casada e mãe de três filhos, a camareira lembra-se de quando chegou em casa perguntaram à ela porque havia entregue o dinheiro sem dono. Chegaram a chamá-la de boba já que o valor poderia ser uma “providência divina” para aquele mês difícil no qual a família passava por uma fase difícil.

— Na mesma hora avisei a governanta que tinha achado um dindin. Contamos cada nota e colocamos tudo num plástico. Contei isso lá em casa e me falaram que o dinheiro poderia ser um presente dos céus porque o nosso carro havia sido roubado e a gente passava por muita dificuldade. Eu repeti a reposta de sempre: nunca devemos trazer pra casa nem uma borracha de outra pessoa. Recebi essa educação dos meus pais.

Como de praxe em situações assim, o maço ficou guardado na administração à espera do hóspede desconhecido requisitar os dólares. Passado o período padrão nesses casos e como ninguém solicitou o dinheiro, o sócio-proprietário do Best Western Tarobá Hotel, Mauro Sebastiany, presenteou a funcionária, repassando a ela todo o valor encontrado meses antes. É uma prática da empresa doar ao funcionário o bem não requisitado.

Ao receber o presente nesta semana, Angélica Cristaldo contou o que pretende fazer com o dindin. Natural de Ciudad del Este, a moça vai manter a tradição familiar e fazer uma homenagem à sua mãe, Lídia. Faz um ano que ela faleceu. Em nossa cultura fazemos uma novena. São nove dias de orações e um almoço com os parentes, vizinhos e muitas crianças, revelou. Assim será o fim de ano na casa dos Cristaldo, no bairro Três Lagoas.
 

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