Veja por que a Argentina já pode reabrir fronteiras com Foz do Iguaçu

Números da covid-19, no Brasil e na Argentina, já deixam os dois países em posição confortável no ranking mundial.

Números da covid-19, no Brasil e na Argentina, já deixam os dois países em posição confortável no ranking mundial.

Não é por acaso que a Argentina analisa protocolos de reabertura da fronteira entre Puerto Iguazú e Foz do Iguaçu, apesar do temor de nova variante da covid-19.

Primeiro, pela situação na própria cidade argentina, onde o número de casos e de mortes sempre foi baixo; e, ainda, porque a vacinação já chegou, com segunda dose, aos maiores de 18 anos.

Outro motivo é que, do lado de cá, Foz do Iguaçu já viu despencar o número de casos, mortes e internamentos nas últimas semanas. A ocupação de leitos de UTI, que no auge da pandemia passava de 100%, está agora pouco acima de 50%.

Quanto à vacinação, os números dizem muito: com a primeira dose, já estão imunizados 97,2% da população com mais de 18 anos. Com imunização total, já passam de 40%.

MAS… E OS TURISTAS?

A intenção da Argentina é reativar o turismo de Puerto Iguazú (e do país). Por isso, não adianta apenas Foz do Iguaçu estar em situação boa, porque a expectativa é receber (muitos) visitantes de São Paulo e Rio de Janeiro, por exemplo.

É preciso, então, considerar como a pandemia se comporta em cada país, inclusive no Paraguai.

O site internacional Worldometers traz os dados semanais sobre o avanço (ou o recuo) da covid-19 em 206 países e territórios.

Em todo o mundo, a pandemia está estável (um crescimento de casos de 0,l%, na semana, e queda de 0,3% no de mortes). Nos três países, situação é melhor.

ABSOLUTOS E RELATIVOS

Há duas formas de analisar os números da covid-19. Um deles é pelo total de casos e mortes em cada país, sem levar em conta o tamanho da população.

Mesmo em números absolutos, no entanto, a situação do Brasil melhorou muito, nas últimas semanas. O país esteve sempre em 3º lugar em casos e em 2º em mortes pela doença.

Casos

Na última semana, como na anterior, passou ao 5º lugar, com 75.807 casos. Os Estados Unidos voltaram ao 1º
posto, com 175.807 casos na semana, mesmo com a vacinação muito mais adiantada. E o Reino Unido (idem pra vacinação) está em 4º lugar.

A vizinha Argentina também está melhor. Já esteve em 9º ou 10º posto, agora está em 25º, com 42.770 casos na semana.

E o Paraguai, que pela população sempre esteve lá embaixo, agora foi mais fundo ainda. Com 757 casos na semana, aparece em 132º lugar.

Mortes

No total de mortes, a Liderança também voltou aos Estados Unidos, com 7.226 óbitos na semana. O Brasil aparece em 5º lugar (4.738 mortes), atrás ainda de Indonésia, Rússia e México.

A Argentina está em 15º, com 1.200 óbitos

E o Paraguai em 48º, com 147 mortes.

Mas não há como comparar esses totais com países de populações desproporcionais. O meio mais correto de se ter uma ideia do que de fato está acontecendo é comparar proporcionalmente.

E um dos jeitos é verificar quantos casos e quantas mortes ocorrem por milhão de habitantes. Tem-se uma ideia quase precisa da situação.

CASOS PROPORCIONAIS

E aí a situação muda de figura. Mas uma coisa se ressalta: Brasil, Argentina e Paraguai estão cada vez mais longe do topo, no ranking mundial de covid-19.

O Paraguai está em 154º lugar emtre os 206 países e territórios analisados, em número de casos. Na semana, foram 106 casos por milhão de habitantes, uma queda de 23% em relação à semana anterior.

A Argentina está em 86º, com 916 casos por milhão de habitantes, uma redução de 15%, comparando-se com a semana anterior.

E o Brasil está ainda melhor que a Argentina. Com 820 casos por milhão de habitantes, ficou em 93º lugar. E os casos estão em queda de 16%.

MORTES PROPORCIONAIS

A análise dos óbitos, proporcionalmente, também é fundamental para se ter uma ideia do estágio da pandemia.

O Paraguai está melhor. Já foi o 1º no mundo, proporcionalmente, em mortes por milhão de habitantes, semanas atrás. Agora, está em 49º, com 20 mortes por milhão. O problema é que, da semana anterior para esta, houve um aumento de 17%.

A Argentina teve 26 mortes por milhão, na semana, um aumento de 2% ante a última semana. E ficou em 26º lugar.

Já o Brasil surge no ranking em 44º lugar. Houve a média de 22 mortes por milhão, redução de 18% ante a semana anterior.

PREOCUPAÇÃO

Olhando-se os números, proporcionais ao tamanho da população, vê-se que a vacinação, nos três países, mudou o panorama de crítico para uma estabilidade bem mais confortável.

Reabrir a fronteira, para a Argentina, um dos países mais rigorosos (talvez excessivamente) no controle da pandemia, já não representa um risco maior do que a convivência entre os próprios habitantes.

O país está, agora, até ligeiramente pior que o Brasil. Mas melhorando.

VACINAÇÃO

Quando mais escuro for o verde, maior o percentual de vacinados. Brasil, Paraguai e Argentina têm um verde similar.

A vacina explica tudo? Vamos por partes. Nesse momento, de acordo com outro site, o Our World in Data, 62,1% da população brasileira receberam pelo menos uma dose de vacina contra a covid-19.

Na Argentina, o percentual é de 60,5%; no Paraguai, bem mais baixo, de 31,4%.

O mais importante é o total de habitantes já imunizados com duas doses. A Argentina está ligeiramente na frente, com 29,11%. No Brasil, estão imunizados 27,6% dos habitantes; no Paraguai, 23%.

Mas há que se atentar para uma preocupação mundial: Israel já imunizou, com duas doses, 62,2% dos moradores. No entanto, aparece agora em 48º lugar entre os países com mais mortes (20 por milhão de habitantes, na semana, um aumento de 27% em relação à semana anterior.

Idem para os Estados Unidos, com 22 mortes por milhão de habitantes, na semana, aumento de 10%. Os Estados Unidos também têm mais casos que o Brasil, na semana, embora já tenha vacinado com duas doses 51,3% da população.

Isso mostra que, junto com a vacinação, devem permanecer os cuidados sanitários adotados durante toda a pandemia.

Porque o vírus vai continuar circulando.

Mas fechar o país inteiro, neste momento, já não é mais solução. A Argentina parece que agora sabe disso.

Precauções, sim; vacinação, mais ainda. Mas tem que dar uma oportunidade de a economia se recuperar e os pobres terem chance de não morrer de fome.

O turismo, tanto lá como cá, emprega milhares (ou milhões) de pessoas e foi o mais prejudicado com as restrições. Só com a reabertura das fronteiras terá chance de começar a reviver os bons tempos.

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