O caso. Em 14 de agosto de 2018, o casal de iguaçuenses Joel Leal de Moraes Junior e Eveline Palenske Leal de Moraes, que estavam com dois filhos menores, tiveram um acidente de carro, na avenida Luis Maria Argaña, de Ciudad del Este.
Às 14h, os suboficiais Ronald Marcell González, Blas Ariel Cardozo e Fernando Llamas apareceram no local e conduziram a família até a delegacia.
Dentro da dependência policial, a família foi maltratada e os policiais exigiram R$ 15 mil pela sua liberdade e pela liberação do carro, mas acabaram aceitando baixar o montante para R$ 5.000.
Por volta das 20h20, a mulher fez, via celular, uma transferência de R$ 2.500 para uma conta bancária em nome de Carlo Marangoni, por instruções dos supostos “polibandidos”.
O casal foi liberado e veio a Foz de táxi, acompanhado por um homem numa motocicleta, para se assegurar de que não fariam a denúncia e para saber onde moravam.
No dia 16 de agosto, Eveline Palenske voltou à delegacia para entregar o dinheiro que faltava. Ali, encontrou o comissário Vera Bertolo e os suboficiais Armando Sanabria, Adolfo Fernández e Víctor Sanabria.
A mulher entregou R$ 1.800 (foi o que conseguiu) para retirar seu veículo, que foi devolvido sem o extintor de incêndio e sem um óculos de grau, avaliado em R$ 2 mil.
CASO SEMELHANTE DOIS DIAS DEPOIS
Foi então ameaçada de morte por um dos policiais, caso apresentasse denúncia. No entanto, o casal criou coragem e apresentou a denúncia dias depois, logo em seguida a notícias de que o brasileiro Guilherme Costa Bueno foi obrigado a pagar R$ 12.500 aos policiais da mesma delegacia. Isso aconteceu em 15 de agosto, apenas dois dias depois de a família ser extorquida.
O casal participou das buscas na delegacia e reconheceu plenamente o lugar do cativeiro. E também identificou os agentes envolvidos.
O ABC Color diz que o caso dos policiais foi concluído “com uma inusitada celeridade na justiça de Ciudad del Este”: a acusação contra os policiais foi apresentada em agosto de 2018 e em maio de 2019 eles já estavam livres e impunes.
A “inusitada celeridade” foi protagonizada pelo juiz Amílcar Marecos e pela ex-promotora Juliana Giménez Portillo.
O que aconteceu é que o casal retificou perante a promotoria a denúncia inicial. A retificação foi usada pelos advogados de defesa para pedir a anulação do caso.
Quando houve o acareamento com os policiais, o juiz Carlos Veras, que havia autorizado a investigação, consolou Joel Leal de Moraes Junior quando ele não aguentou e caiu no choro, ao lembrar o que a família havia sofrido na sede policial, destaca o ABC Color.
O juiz prometeu ao homem que seria feita justiça. No entanto, nada aconteceu. E nem foi esse o juiz que ficou responsável pelo caso.
A NOTÍCIA DA ÉPOCA
O jornal Última Hora noticiou, em 5 de setembro de 2018, que o promotor Julio César Yegros havia ordenado a prisão preventiva do subcomissário Jorge Alcaraz Mendoza e dos suboficiais Joaquín Báez e Miguel Silguera, pelo mesmo caso em que já estavam sendo processados outros sete policiais, isto é, pela extorsão do casal iguaçuense.
O promotor formulou a acusação por privação de liberdade, furto, extorsão, coação grave e corrupção passiva agravado ao comissários e aos suboficiais Armando Sanabria Gauto, Víctor David Sanabria Gauto, Adolfo Concepción Fernández Fernández, Ronald Marcel González Benítez, Fernando Llamas e Blas Ariel Franco.
“Todos eles foram reconhecidos pelas vítimas como sendo os que estavam na delegacia quando foram ‘depenados'”, noticiou o Última Hora.
E acrescentou que o comissário Vera e os irmãos Sanabria Gauto e Fernández Fernández estavam sendo processados por um feito similar denunciado pelo brasileiro Guilherme Costa Bueno, que conseguiu recuperar parte do dinheiro da extorsão.
Conclusão: o novo ministro da Justiça do Paraguai, Arnaldo Giuzzio, vai ter muito trabalho para conseguir que a polícia do país respeite o ordenamento jurídico. Sem entrar no mérito da decisão do juiz, porque não se sabe no que de fato ele se baseou, os dois casos são extremamente graves para não acontecer nada aos autores.
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